20 setembro, 2006

APOSTILA DE SOCIOLOGIA VESTIBULAR DA CIDADANIA UFMA-2002

VESTIBULAR DA CIDADANIA

APOSTILA DE SOCIOLOGIA

MÓDULO II

Orientador de Área:
Prof. Dr. Alexandre Fernandes Corrêa
(DEPSAN/UFMA)

Colaboraram neste Módulo:
Adriana Veras Serra CS/UFMA
Laudicéia Cristina Silva Galvão CS/UFMA
Iranilton Araújo Avelar CS/UFMA


São Luís
2002


CULTURA

Iniciamos com trechos de uma carta resposta do líder indígena Seattle, na qual o mesmo recusa um convite de enviar alguns de seus jovens para estudar nas escolas de brancos:

“(...) Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso bem e agradecemos de todo coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficam ofendidos ao saber que vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
(...) muitos de nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do norte e aprenderam toda vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome... falavam nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores da Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens”.


Conceito de Cultura

Conjunto de bens culturais que caracterizam um determinado agrupamento humano, um país, um estado, uma cidade, um bairro, um povo, uma aldeia, um determinado grupo etário, religioso, sexual. A cultura compreende um conjunto complexo que inclui conhecimentos, artes, leis, crenças, moral, costumes, enfim tudo que o ser humano adquire como membro de sus comunidade.


Identidade Cultural

Cada sociedade ou grupo social tem sua própria cultura, não há sociedade sem cultura, de forma que os indivíduos que compartilham de uma mesma cultura, apresentam o que se chama de IDENTIDADE CULTURAL


Aspectos materiais e não-materiais da cultura

A cultura material consiste nos utensílios e bens materiais inerentes a determinada cultura. Ferramentas, instrumentos de trabalho, máquinas, alimentos, habitações, são exemplos de bens culturais materiais.
Já a cultura não-material, abrange normas, leis, religião, costumes, ideologia, artes, folclore.
Os aspectos materiais e não-materiais da cultura são indissociáveis.


Elementos da cultura

Traços culturais
São elementos da cultura, por exemplo, uma crença, um colar. Os traços culturais só adquirem significado dentro da conjuntura que lhe é adequada. Colares podem ter diversos significados e utilidades, de acordo com a cultura.

Complexo cultural
É o resultado dos diversos traços culturais em torno de uma atividade básica. Exemplo: carnaval, bumba-meu-boi.

Área cultural
É a região geográfica onde predominam determinados complexos culturais.

Padrão cultural
É a norma cultural majoritária, podemos dizer que o casamento monogâmico no Brasil é um padrão cultural.

Subcultura
São as especificidades culturais regionalizadas a partir de uma cultura mais geral, pode-se falar em Subcultura gaúcha, nordestina, nortista, etc., contudo, não se deve confundir o termo Subcultura como algo menor ou inferior.

Aculturação
Em processos sociais vimos o processo de assimilação. A aculturação é um processo de assimilação de aspectos culturais de um outro grupo social, em que novos valores e práticas são incorporadas à determinado grupo social. Os índios no Brasil sofrem um processo de aculturação.

Contracultura
Apesar da reprodução da cultura ser sistemática, sobretudo através da educação, há grupos que resistem a determinados valores e sua reprodução. Opondo-se assim, eles formam uma tendência que pode ser chamada de contracultra. O movimento hippie é um exemplo, pois negava vários valores da sociedade ocidental, como a acumulação de riquezas e o patriotismo.


MEIO AMBIENTE HISTÓRICO E CULTURAL


PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO


CONSTITUIÇÃO FEDERAL/1988 – BRASIL

TÍTULO VIII – Da Ordem Social
CAPÍTULO III – Da Educação, da Cultura e do Desporto
SEÇÃO II – Da Cultura (Arts. 215-6)


Art. 216 - § 1° O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.


Texto de Maria Cecília Londres Fonseca (1992):

(...) se a emergência da noção de patrimônio histórico e artístico nacional se deu no âmbito da formação dos Estados-nações e da ideologia do nacionalismo, sua versão atual, enquanto patrimônio cultural, indica sua inserção em um contexto mais amplo – o dos organismos internacionais – e em contextos mais restritos – o das comunidades locais (Fonseca; p.79).

Texto de K. Pomian citado por Alexandre Corrêa (2001):

Patrimônio é tudo aquilo que resulta da transformação de certas coisas, objetos, comportamentos etc., em semióforos, isto é, em uma nova categoria agora significante de uma identidade cultural. A escolha dos objetos que entram no patrimônio cultural depende de sua capacidade de receber significados ligados principalmente a sua história anterior, a sua raridade, a sua aparência externa (Corrêa; p.30).

Texto de Marilena Chauí (1996):

[Da] disputa pelo poder e de prestígio nascem, sob a ação do poder público, o patrimônio artístico e o patrimônio histórico-geográfico da nação, isto é, aquilo que o poder político detém como seu contra o poder religioso e o poder econômico. Em outras palavras, os semióforos religiosos são particulares a cada crença, os semióforos da riqueza são propriedade privada, mas o patrimônio histórico-geográfico e artístico é nacional.
Para realizar esta tarefa, o poder político precisa construir um semióforo fundamental, aquele que será o lugar e o guardião dos semióforos públicos. Esse semióforo-matriz é a nação. Por meio da intelligentzia (ou dos intelectuais orgânicos), da escola, da biblioteca, do museu, do arquivo de documentos raros, do patrimônio histórico e geográfico e dos monumentos celebratórios, o poder político faz da nação o sujeito produtor dos semióforos nacionais e, ao mesmo tempo, o objeto do culto integrador da sociedade uma e indivisa (Chaui; p.14).


QUESTÕES REFERENTES AO TEMA:

1. O que é patrimônio cultural e histórico?

2. O que é um tombamento?

3. O que é preservação cultural e ambiental?

4. O que é um patrimônio cultural e natural da Humanidade?

5. Por que o Centro Histórico de São Luís é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade?

6. Quais são as outras cidades brasileiras que também têm este título?

7. Qual a importância da preservação da memória e da história de uma sociedade?


TEXTO PARA REFLEXÃO


ATENÇÃO - Colocar o texto:

DECLARAÇÃO DE DEPENDÊNCIA

Satish Kumar. Texto 1 em Anexo.

GLOBALIZAÇÃO

Globalização, o delírio do dragão – Tribo de Jah.

Globalização é a nova onda, o império do capital em ação fazendo sua rotineira ronda...
No gueto não há nada de novo além do sufoco que nunca é pouco,
Além do medo, do desemprego, da violência e da impaciência, de quem partiu para o desespero numa ida sem volta, além da revolta de quem vive as voltas com a exploração e a humilhação de um sistema impiedoso, nada de novo, além da pobreza e da tristeza de quem se sente traído e esquecido ao ver os filhos subnutridos, sem educação...
Crescendo ao lado de esgotos, banidos a contragosto pela sociedade, declarados bandidos , sem identidade, que serão reprimidos, em sumaria execução sem nenhuma apelação...

Não há nada de novo entre a terra e o céu, nada de novo... se não o velho dragão em seu tenebroso véu de destruição e fogo, sugando o sangue do povo, de geração em geração, especulando pelo mundo todo... é só o velho sistema do dragão.

Ah, ah, ah... ilusão...ilusão...
Só... virá mais...Tribulação...Tribulação

Os dirigentes do sistema impõe o seu lema, livre mercado, mundo educado, para consumir e existir sem questionar.
Não pesam em diminuir ou domar a voracidade e a sacanagem do capitalismo selvagem,
com seus tentáculos multinacionais, querem mais e mais e mais... lucros abusivos, grandes executivos são seus abastardos serviçais.

Não se importam com a fome, com os direitos do homem, querem abocanhar o globo, dividindo entre poucos o bolo, deixando migalhas pro resto da gentalha, em seus muitos planos, não vêem seres humanos e seus valores, são milhões e milhões de consumidores.

São tão otimistas em suas estatísticas e previsões,
Falam em crescimento e desenvolvimento por muitas e muitas gerações

Não há nada de novo entre a terra e o céu, nada de novo... se não o velho dragão em seu tenebroso véu de destruição e fogo, sugando o sangue do povo, de geração em geração, especulando pelo mundo todo... é só o velho sistema do dragão.

Ah, ah, ah... ilusão...ilusão...
Só... virá mais...Tribulação...Tribulação

Não sentem o momento crítico, talvez apocalíptico, os tigres asiáticos são o exemplo típico, agora parecem mais uns gatinhos raquíticos e asmáticos, se o sistema quebrar, será questão de tempo, até chegar o racionamento e o desabastecimento... que sinistra situação.

O globo inchado e devastado com a super população, tempos de barbárie então virão, tempos de êxodos e dispersão, a água pode virar ouro, o “rango” um rico tesouro.

Globalização é uma falsa noção do que seria a integração,
Com todo respeito a integridade e a dignidade de cada nação.

É a lei infeliz do grande capital, o poder da grana internacional, que faz de cada país apenas mais um seu quintal. É o poder do dinheiro regendo um mundo inteiro, ricos cada vez mais ricos e metidos, pobres cada vez mais pobres e falidos. Globalização o delírio do dragão...

O POSITIVISMO E A SOCIOLOGIA NO BRASIL

A IMPORTÂNCIA DO POSITIVISMO NA CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO REPUBLICANO BRASILEIRO.

ATENÇÃO – Texto 2 – Myriam S. Santos

ATENÇÃO – Depois do Texto 2 de Myriam S. Santos – Acrescentar os diagramas 1 e 2 retirados do Livro O POVO BRASILEIRO DE DARCY RIBEIRO.

DIAGRAMA 1
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA

DIAGRAMA 2
REPRESENTAÇÃO DAS CLASSES SOCIAIS POR NÍVEIS DE RENDA

TEXTOS COMPLEMENTARES

TEXTO COMPLEMENTAR I

As Condições de vida do operário industrial

Engels via os trabalhadores amontoados como ratos em suas moradias apertadas, famílias inteiras – e às vezes mais de uma família – socadas num único cômodo, os sãos junto aos doentes, adultos junto à crianças, parentes próximos dormindo juntos, às vezes sem camas, por terem sido obrigados a vender todos os móveis para serem queimados como lenha, às vezes em porões úmidos de onde se tirava água aos baldes quando chovia, às vezes vivendo no mesmo cômodo que os porcos: comendo farinha misturada com gesso e chocolate misturado com terra, intoxicados por carne impregnada de ptomaína, drogando a si próprios e seus filhos doentios com láudano: vivendo, sem esgotos, em meio a seus próprios excrementos e lixo; vitimados por epidemias de tifo e cólera, que por vezes chegavam até os bairros mais prósperos. A demanda crescente de mulheres e crianças nas fábricas fazia com que muitos chefes de família se tornassem desempregados crônicos, prejudicava o crescimento das meninas, facilitava o nascimento de filhos de mães solteiras e ao mesmo tempo as jovens mães a trabalharem grávidas ou antes de se recuperarem plenamente do parto, terminando por encaminhar muitas delas à prostituição. As crianças, que começavam a trabalhar nas fábricas aos 5 ou 6 anos de idade, recebiam pouca atenção das mães, que também passavam o dia inteiro na fábrica, e nenhuma instrução de uma sociedade que só queria delas que executassem operações mecânicas. Quando as deixavam sair das verdadeiras prisões que eram as fábricas, as crianças caíam exaustas, cansadas demais para lavar-se ou comer, quanto mais estudar ou brincar – às vezes cansadas demais até par ir para casa. Também nas minas de ferro e carvão, mulheres e crianças, juntamente com homens, passavam a maior parte de suas vidas rastejando em túneis estreitos debaixo da terra, e, fora deles, viam-se presas nos alojamentos da companhia, à mercê da loja da companhia, sofrendo atrasos no pagamento do salário de até duas semanas. Cerca de mil e quatrocentos mineiros morriam por ano quando se pariam cordas apodrecidas, quando desabavam túneis devido à escavação excessiva dos veios, quando ocorriam explosões devido a ventilação deficiente ou à negligência de uma criança exausta; e os que escapavam de acidentes catastróficos morriam de doenças dos pulmões. Por sua vez, os habitantes do interior, que com a industrialização perdera sua antiga condição de artesãos, pequenos proprietários e arrendatários de quem, mal ou bem, os grandes proprietários cuidavam – esses haviam sido transformados em diaristas sem eira nem beira, por quem ninguém era responsável, e que eram castigados com a prisão ou a deportação se, em épocas de necessidade, roubavam e comiam a caça das terras dos grandes proprietários. Para Engels, parecia que o servo medieval, que ao menos estava fixo à terra e ocupava uma posição definida na sociedade, estivera em melhor situação que o operário industrial. Naquela época em que as leis de proteção aos trabalhadores praticamente ainda não existiam, os antigos camponeses e trabalhadores braçais da Inglaterra, e até mesmo a antiga pequena burguesia, estavam sendo levados para as minas e as fábricas, tratados como matéria-prima para os produtos a serem fabricados, sem que ninguém se importasse nem mesmo com o problema do que fazer com o refugo humano gerado pelo processo. Nos anos de depressão, o superávit de mão-de-obra, que era tão útil nos anos em que a economia ia bem, era despejado nas cidades; estas pessoas tornavam-se mascates, varredores, lixeiros ou simplesmente mendigos – viam-se às vezes famílias inteiras mendigando nas ruas – e, o que era quase igualmente comum, prostitutas e ladrões. Thomas Malthus – dizia Engels – afirmava que o aumento de população estava sempre pressionando os meios de subsistência, de modo que era necessário que grande número de pessoas fossem exterminadas pela miséria e pelo vício; e a nova legislação referente aos pobres havia posto em prática essa doutrina, transformando os asilos de indigentes em prisões tão desumanas que os pobres preferiam morrer de
fome pelas ruas.

(WILSON, Edmund., Rumo à Estação Finlândia.4ª ed. São Paulo, Companhia das Letras, 1987. p. 132-133.)


TEXTO COMPLEMENTAR II

Como tratar os fatos sociais

Os fatos sociais devem ser tratados como coisas – eis a proposição fundamental de nosso método, e a que mais tem provocado contradições. [...] Com efeito, não afirmamos que os fatos sociais sejam coisas materiais, e sim que constituem coisas ao mesmo título que as coisas materiais, embora de maneira diferente.Com efeito, que é coisa? A coisa se opõe a idéia, como se opõe entre si tudo o que conhecemos a partir do exterior e tudo o que conhecemos a partir do interior. É coisa todo objeto de conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender, senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os mesmos visíveis e mais profundos. Tratar fatos de uma certa ordem como coisa não é, pois classificá-los nesta ou naquela categoria do real; é observar, com relação a eles, certa atitude mental. Seu estudo deve ser abordado a partir do principio de que se ignora completamente o que são, e de que suas propriedades características, assim como as causas desconhecidas de que estas dependem, não podem ser descobertas nem mesmo pela mais atenta das introspecções.

(DURKHEIM, É. ‘Fatos sociais: o estudo das representações coletivas’. In: FORACCHI, M. M.& MARTINS, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro, LTC, 1977.p. 23.)


TEXTO COMPLEMENTAR III

A definição de ação social

A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros). Os “outros” podem ser individualizados e conhecidos ou então uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos (o “dinheiro”, por exemplo, significa um bem – de troca – que o agente admite no comércio porque sua ação está orientada pela expectativa de que os outros muitos, embora indeterminados e desconhecidos, estarão dispostos também a aceita-los, por sua vez, numa troca futura).[...] Nem toda espécie de contato entre os homens é de caráter social; mas somente uma ação, com sentido próprio, dirigida para a ação de outros. O choque de dois ciclistas, por exemplo, é um simples evento como um fenômeno natural. Por outro lado, haveria ação social na tentativa dos ciclistas se desviarem, ou na briga ou consideração amistosa subseqüentes ao choque.

(WEBER, M. ‘Ação social e relação social’. In: FORACCHI, M. M.& MARTINS, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro, LTC, 1977. p. 139.)


TEXTO COMPLEMENTAR IV

A concepção marxista da sociedade


O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu-me de fio condutor aos meus estudos pode ser formulado em poucas palavras: na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral de vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência. Em uma certa etapa de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que nada mais é do que a expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais aquelas até então se tinham movido. De forma de desenvolvimento das forças produtivas estas relações se transformam em seus grilhões. Sobrevém então uma época de revolução social. Com a transformação da base econômica, toda a enorme superestrutura se transforma com maior ou menor rapidez.

(MARX,K. ‘Para a crítica da economia politica’. In: Manuscritos econômicos-filosóficos e outros textos escolhidos. 2ª ed. São Paulo, Abril Cultural, 1978. Col. Os Pensadores. p. 129.)


QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1) De acordo com o historiador inglês Eric Hobsbawn, “as transformações levadas a efeito pela Revolução Industrial inglesa foram muito mais sociais que técnicas, tendo em vista que é nessa fase que se consubstancia a diferença crescente entre ricos e pobres”. Comente as repercussões sociais impostas pela Revolução Industrial.

2) Quais eram as críticas feitas pelos pensadores iluministas à sociedade do séc. XVIII?

3) Comente quais as diferenças entre a definição de fato social de Durkheim e a de ação social de Max Weber.

4) Qual seria o papel da estrutura econômica na transformação de sociedade, segundo Karl Marx?

5) O surgimento da sociologia ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação feudal e da consolidação da civilização capitalista. Comente qual a importância desses acontecimentos para a Sociologia.


TEXTO COMPLEMENTAR V

O que interessa aos sociólogos

Os homens, em todo mundo, vivem em grupo. Isto favorece os sociólogos, uma vez que as conseqüências da vida em grupo são o objeto de estudo da Sociologia. O interesse pelo grupo é o que diferencia os sociólogos dos outros cientistas sociais. Por que grupos como a família, a tribo ou a nação sobrevivem através dos tempos ate mesmo durante as guerras ou revoluções. Por que um soldado deve lutar e enfrentar a morte, quando poderia esconder–se ou fugir. Por que o homem se casa e assume responsabilidade de família, quando poderia, com a mesma facilidade, satisfazer seus impulsos sexuais fora do casamento. Que efeitos produz a vida em grupo sobre o comportamento dos membros do grupo. Será que as pessoas que vivem em tribos pré-letradas, isoladas, se comportam diferentemente das que vivem em Nova York, ou num subúrbio parisiense.
Os sociólogos interessam-se igualmente pelas causas das mudanças ou da desintegração nos grupos. Por exemplo, querem saber por que alguns casamentos terminam em divórcio. Querem saber por que há um maior número de divórcios em alguns países do que em outros, e por que o número de divórcios aumenta ou diminui com o tempo. Querem saber, ainda, se o comportamento das pessoas se modifica depois de uma mudança do campo para a cidade ou da cidade para os subúrbios.
Finalmente, os sociólogos estudam o relacionamento entre os membros de um grupo entre os grupos. Qual o relacionamento entre o marido e mulher e entre os pais e os filhos nos Estados Unidos de hoje. Assemelha-se esse relacionamento ao da família americana antiga ou ao das famílias em outros países. Quais as causas entre o conflito entre negros e brancos no Sul. O trabalho, a industria e o governo nos Estados Unidos estarão relacionados entre si da mesma forma que os grupos da Austrália ou na ex-União Soviética. Por que alguns grupos da sociedade possuem bens materiais e mais prestigio que os outros.

Texto: Caroline B. Rose, Iniciação ao estudo da sociologia, p. 9-10. 1997.

QUESTÕES SOBRE O TEXTO

1. Faça uma síntese das principais áreas de interesse dos sociólogos.

2. Dê um exemplo de situação, ligada à sua vida, que pode ser explicada pela pesquisa sociológica.


TEXTO COMPLEMENTAR VI

O que é fato social?

Antes de procurar saber qual é o método que convém ao estudos dos fatos sócias, é preciso determinar quais são esses fatos.
Se não me submeto às normas da sociedade, se ao vestir-me não levo em conta os costumes seguidos no meu país e na minha classe, o riso que provoco e o afastamento que me submeto produzem, embora de forma mais atenuada, os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita. Aliás, apesar de indireta, a coação não deixa de ser eficaz.
Não sou obrigado a falar a língua de meu país, nem a usar as moedas legais, mas é impossível agir de outro modo. Se tentasse escapar a essa necessidade, minha tentativa seria um completo fracasso. Se for industrial, nada me proíbe de utilizar equipamentos e métodos do século passado; mas se fizer isso, com certeza vou arruinar-me.
Mesmo quando posso libertar-me e desobedecer, sempre serei obrigado a lutar contra tais regras. A resistência que elas impõem são uma prova de sua força, mesmo quando as pessoas conseguem finalmente vencê-las. Todos os inovadores, mesmo os bem-sucedidos, tiveram de lutar contra oposições desse tipo.
Aqui está, portanto, um tipo de fatos que apresentam características muito espaciais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõem como obrigação. Por isso, não poderiam ser confundidos com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ações; nem com os fenômenos psíquicos, pois este só existem na mente dos indivíduos e devido a ela. Constituem, portanto, uma espécie nova de fatos, que devem ser qualificados como sociais.

Adaptação de: Émile Durkheim, As regras do método sociólogo, p. 389-390.


QUESTÕES SOBRE O TEXTO

1. Os fatos sociais são superiores e exteriores à consciência individual. Explique essa afirmação.

2. Explique a característica de coercitividade do fato social.


A POESIA E A REALIDADE SOCIAL

REFLETIR SOBRE A FUNÇÃO SOCIAL DA ARTE


ATENÇÃO!

Acrescentar poesia de Ferreira Gullar.

João Boa Morte.


QUESTÃO PARA REFLEXÃO:


1. Este poema dramatiza uma situação social ainda muito freqüente no Brasil e na América Latina. Descreva com suas próprias palavras o conflito social que foi narrado no poema de Ferreira Gullar.

QUESTÕES DISSERTATIVAS:

1. O século XVIII é conhecido como o “Século das Luzes e da Razão”. Isso se dá em virtude de neste período a filosofia está dominada pelo espírito das revoluções burguesas. De que modo mudanças nas relações econômicas de uma sociedade podem afetar transformações na Moral, na Política e na Visão de Mundo das pessoas?

2. A sociologia pretende ser uma reflexão científica da sociedade, diferentemente da Literatura Social e da Filosofia. De que forma o método científico é aplicado na Ciências Sociais? Será da mesma maneira que a ciência é feita na área das Ciências Naturais e Exatas?

3. A sociologia e as outras Ciências Sociais nascem no contexto das mudanças na ordem econômica e social instaurada pela ideologia burguesa. Quais são as principais diferenças entre a sociedade feudal e a burguesa?


ALGUNS TERMOS SOCIOLÓGICOS


ACOMODAÇÃO
É o processo social em que um indivíduo ou grupo se ajusta a uma situação de conflito sem que tenha sofrido transformações interna. A acomodação é temporária.

ACULTURAÇÃO
Troca ou imposição cultural, onde se observa a assimilação de valores.

ASSIMILAÇÃO
Processo social que solução definitiva ao conflito social e entre culturas. Os indivíduos expostos a um processo social de assimilação tornam-se menos diferentes.

ALIENAÇÃO
É uma forma de relação entre os seres humanos e as coisas, onde este “não se reconhece” no fruto do seu labor, de seu trabalho, ele não domina de forma integral o processo de produção de um determinado produto.

ANARQUISMO
Doutrina política e social que defende uma ordem sem o controle do Estado.

ANTROPOLOGIA
Ciência social que estuda as semelhanças e diferenças culturais entre agrupamentos humanos distintos. Assim como a origem e desenvolvimento das culturas.

ASCENSÃO SOCIAL
Melhora na posição social em determinada estratificação social (castas, classes, estamentos...).

ATITUDE
Forma de proceder em determinada situação, pode ser retrógrada, conservadora, progressista(reformista) ou revolucionária.

BURGUESIA
Camada social que surgiu na Europa com o advento do capitalismo comercial numa posição intermediária entre a nobreza e os trabalhadores. Classe social que detém os meios de produção das riquezas.

CAPITALISMO
Sistema econômico que comporta a propriedade privada, o trabalho assalariado, e o lucro como meta. Teve seu advento econômico com a revolução industrial e político com a revolução francesa através do liberalismo.

CASTA SOCIAL
Estratificação social ocorrente na Índia. Tem fundo religioso rígido.

CIDADANIA
Relação entre o indivíduo e o seu país. Estado de qualidade de vida nos mais variados aspectos.

CIÊNCIA POLÍTICA
Estuda o poder na sociedade e sua distribuição. Estuda governo, regimes...

CIÊNCIAS SOCIAIS
Estudo sistemático de aspectos da vida humana em sociedade. Sociologia, antropologia, ciências política e economia.

CLASSE SOCIAL
É um agrupamento social que apresenta condições similares em relação aos meios de produção de uma sociedade.

COERCITIVIDADE
Obrigação social que determina o seguimento de um comportamento ou valor.

CONFLITO
Processo social que decorre da luta por status social.

CONSCIÊNCIA DE CLASSE
Percepção que tem o indivíduo ou grupo social de pertencimento a determinada classe social.

CULTURA DE MASSA
Transmitida pelos meios de comunicação de massa, não esta ligada a nenhum grupo específico. É repassada de forma “industrializada”. Surge daí a indústria cultural.

CULTURA POPULAR
É a cultura repassada de forma espontânea nos meios mais populares da sociedade, transmitida em geral, oralmente.

ECONOMIA
Ciência social ligada ao estudo dos fenômenos de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços na sociedade.

ESTADO
Entidade superior encarregada de manter a organização política de um povo.

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
Divisão social em camadas sociais hierarquizadas pela economia, religião, tradição, etc. gera classes, estamentos, castas.

ETNOCENTRISMO
Consiste na percepção da superioridade de determinada cultura, crença primitiva que levava povos isolados em entender que eram o centro do universo.

GLOBALIZAÇÃO
Fenômeno, sobretudo econômico, que tende a internacionalizar as relações comerciais entre os países. Tem aspectos culturais, políticos e sociais também.

GUETO
Bairro onde minorias raciais ou econômicas vivem segregados da sociedade.

LIBERALISMO
Doutrina que no seu viés econômico defende a liberdade para o mercado e a não interferência estatal na economia.

MOBILIDADE SOCIAL
Movimento de troca de posição social dentro de determinada estratificação social.

MODO DE PRODUÇÃO
Maneira pela qual uma sociedade produz e distribui seus bens, serviços e riquezas.

OLIGARQUIA
Forma de governo em que o poder esta nas mãos de poucos ou de determinadas famílias.

REFORMA SOCIAL
Mudanças sociais sem subversão da ordem estabelecida, ou seja, dentro do status quo.

REVOLUÇÃO SOCIAL
Mudança social que subverte a ordem estabelecida, incorporando novos valores, regras... implode o status quo estabelecido e o substitui por outro.

SINCRETISMO
É fusão de traços culturais e de cultura resultando num outro elemento cultural.

SOCIOLOGIA
Estuda os fatos sociais, as relações entre grupos sociais, as formas de associação, os grupos, as transformações, as divisões sociais, mobilidade, os processos sociais.

STATUS QUO
Expressão latina que significa o estado atual das coisas. A ordem atualmente estabelecida.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CHAUY, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo, Perseu Abramo. 1996.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Senado Federal, Brasília. 1988.

CORRÊA, Alexandre Fernandes. Vilas, parques, bairros e terreiros: novos patrimônios na cena das políticas culturais de São Luís e São Paulo. Tese de doutorado PPGCS/PUC/SP. São Paulo. 2001.

FONSECA, Maria Cecília L. O patrimônio em processo. Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN. 1997

MARGEM. Revista do Núcleo de Estudos COMPLEXUS – PUC/SP. São Paulo, N.13, P.13-14, JUN. 2001.

OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. São Paulo, Ática. 2001.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo, Companhia das Letras. 1995.

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo, HUCITEC. 1993.

SOCIEDADE E ESTADO/Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília: Pensamento Social Brasileiro. V XV N. 2. Junho-Dezembro. 2000.

SÍTIOS NA INTERNET:

Páginas sobre Patrimônio Histórico:
http://www.iphan.gov.br.
www.minc.gov.br.
icomos-brasil@yahoogrupos.com.br. http://www.geocities.com/RainForest/9468/pgspatr.htm.
LIIB na yahoogrupos: http://br.groups.yahoo.com/group/icomos-brasil/.
www.antropologia.com.br.