26 setembro, 2013

Ciências Sociais: Terra de Ninguém!

Com esse título dramático podemos causar muitas sensações, mas os leitores verão que realmente é adequado ao assunto que vamos tratar.
Nosso tema: Concurso Público Federal para ingresso na Carreira Docente. Mais especificamente, concurso para ingresso em Departamentos de Sociologia, de Antropologia ou de Ciência Política.
O que temos assistido ultimamente, nesse domínio, causa espécie de repugnância de efeitos biliares.
Recentemente testemunhamos uma discussão entre colegas de um departamento "acadêmico" lotados em uma unidade da federação, que através de e.mails abertos tratavam da confecção do Edital Público, sobre o qual decidiriam, em assembleia pública, os critérios para inscrição de candidatos.
Pois bem, em uma semana, em debates nessa lista de correio eletrônico assistimos, os tais colegas, defenderem quase que unanimemente que o tal Edital deveria ser aberto à inscrição de candidatos formados em qualquer área afim das Ciências Humanas e Sociais: graduação, mestrado e doutorado.
Muitos dos colegas chegaram a lembrar suas graduações em cursos os mais diferentes: teologia, filosofia, medicina, psicologia, serviço social, história, pedagogia, etc.
Perguntamos: Um profissional desse que se forma em cursos tão diferentes, como poderá exercer com competência a docência em Curso de Graduação de Sociologia, Antropologia, Política ou Ciências Sociais? Francamente, terá alguma eficácia pedagógica ou profissional?
Meus caros, será que defender que os docentes de uma instituição de ensino federal sejam formados nos cursos em que lecionam, é defender uma posição "corporativista"?
Amigos leitores desse blog, vejam a situação dos Cursos de Ciências Sociais nessas Instituições de Ensino Superior nas quais aceitam uma situação dessas: todos são de qualidade sofrível! São cursos em que reina uma verdadeira mixórdia de disciplinas desconexas, fragmentadas, tontas e tolas. E mais: O índice de evasão de estudantes nesses cursos chega à mais de 80%!
Qual a explicação disso? É o resultado dessa permissividade total de aventureiros "intelectuais" do suposto saber de tudo, que lecionam nesses cursos. Eis uma autêntica "Terra de Ninguém", em que não se sabe para onde correr. Triste sina de estudantes iludidos por apresentações curriculares edulcoradas e carregadas de promessas vãs: prometem oferecer e ensinar o "pensamento crítico". Mas o que recebem são fragmentos desconexos, embaralhados, entre os quais se sentem perdidos e à deriva!
Estudantes secundaristas, atenção! Cuidado com esses Cursos de Ciências Sociais nos quais se permitem lecionar professores formados em qualquer graduação!
Há mais de 30 anos atrás ainda se podia entender que pudessem abrir os concursos dessa forma - quando até os intelectuais e teóricos consagrados nas Ciências Sociais provinham de formações diversas - mas continuar com essa postura até hoje, depois de já possuirmos cursos de Ciências Sociais há mais de 30 anos, é o cúmulo da irresponsabilidade.
Sempre lembramos aqui de Maurício Tragtemberg: não será isso também mais uma demonstração da virulência da "delinquência acadêmica" recalcitrante?