29 dezembro, 2010

Sociologia no Ensino Fundamental - Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO


Sociologia no Ensino Fundamental:

Seeduc abriu para discussão até 12 de janeiro as diretrizes curriculares para 2011, para todas as séries.

Vale conferir. Disponível:
http://www.educacao.rj.gov.br/index5.aspx?tipo=secao&idsecao=290

29 junho, 2010

Entrevista com Santo Conterato‏

SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO:


Entrevistas com Márcio da Costa e Santo Conterato. Junho de 2009

Em junho de 2008, o Presidente da República em exercício sancionou a lei que torna obrigatória a inclusão das disciplinas de Sociologia e Filosofia em todas as instituições de Ensino Médio do país. Essa novidade levanta muitos pontos para discussão e análise. Um deles é sobre o impacto dessa lei na demanda por profissionais da área. E sem dúvida alguma o próprio sentido da Sociologia como disciplina precisa ser posto em relevo. A Revista Habitus traz duas entrevistas com diferentes pontos de vista sobre o assunto. Cada entrevistado respondeu a três questões, sendo duas delas comuns a ambos e uma terceira específica para cada um. Falaram conosco Márcio da Costa, professor associado da UFRJ, com experiência na área de educação, ênfase em sociologia da educação, política educacional, teoria sociológica, avaliação de impacto de políticas públicas e avaliação educacional; e Santo Conterato, diretor administrativo da Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro e organizador do livro “A profissão do sociólogo e a sociologia no Ensino Médio” (Rio de Janeiro: APSERJ, 2006). As entrevistas foram realizadas por Juliana Marques da Silva e Márcia Regina Castro Barroso, estudantes de graduação em Ciências Sociais na UFRJ.

Revista Habitus: A importância do ensino da sociologia no ensino médio não é um consenso. Seu reconhecimento está, em grande parte, apoiado na concepção de que ele pode auxiliar na formação de valores relacionados à cidadania do modelo democrático liberal no qual estamos inseridos. O que o senhor pensa a respeito?

Márcio da Costa: Minha posição pode ser antipática diante de meus colegas sociólogos. A própria pergunta já permite antever o caráter doutrinário que os defensores da disciplina sociologia no ensino médio pretendem lhe atribuir. A sociologia não é uma disciplina normativa, como os conscientizadores pretendem configura-la. Valores são objeto da sociologia. É claro que, como ciência, filha do iluminismo, ela guarda afinidades com elementos característicos da modernidade, mas está longe de ser um bom recurso para ensinar valores de tal ou qual tipo. Aliás, sou fortemente cético quanto à possibilidade de disciplinarização de valores. Na história da educação, são fartos os exemplos de tentativas de usar disciplinas escolares como veículo de moralização compulsória. A sociologia para valer não se presta ao proselitismo político, ao discurso moralizador, mesmo que travestido de feições supostamente liberais ou afinadas com retóricas pró direitos e liberdades. A ditadura militar, no Brasil, tentou ordenar todo o currículo nacional a partir de um eixo moralizante constituído pelas disciplinas Educação Moral e Cívica , Organização Social e Política do Brasil e Estudo de Problemas Brasileiros, respectivamente no nível fundamental, médio e superior. Foi um fiasco.
Ao final da ditadura, autores de esquerda, imbuídos da rationale gramsciana, resolveram “aproveitar as brechas” – para preservar a retórica dessa corrente – e cometeram aberrações como, por exemplo, livros de OSPB. Boa parte de nossos livros didáticos de história ou geografia são manuais doutrinários que, ao se pretenderem “contra-hegemônicos”, são apenas a outra face dos manuais da ditadura, esses eivados do ultra-nacionalismo do Brasil Grande, Brasil Potência. É como se substituíssemos as decorebas de datas, fatos, heróis, devidamente filtrados pelos guardiões conservadores da verdade oficial, por tratamentos autodenominados críticos, mas que, no fundo, eram igualmente doutrinários, recheados de denúncias, sem apreço pelo teste das evidências, pouco afeitos ao verdadeiro debate, à apresentação de versões diversas, a aquilo que parece mais próximo da possível versão escolar de uma formação de base científica.
Temo que a defesa da sociologia como disciplina escolar seja apenas sucedânea desse afã conscientizador, nefasto e ineficaz. Nefasto porque empobrece a já tão precária formação de nosso alunado. Ineficaz porque se baseia em esperança naquilo que chamamos de “socialização perfeita”. O sonho dürkheimiano para a educação, que supõe alunos passivamente absorvendo conteúdos e valores transmitidos por seus mestres. Felizmente, parece que isso não funciona muito bem.
No fim das contas, a sociologia será apenas mais uma, entre as 12 ou 13 disciplinas, todas com conteúdos ultra-especializados, apreendidos e ministrados com incrível precariedade pelo sistema escolar submetido à expectativa de apreensão de uma overdose de conhecimentos de qualidade e utilidade, no mínimo duvidosos. As fantásticas “batatas” extraídas das redações de vestibulares ou de coletâneas de provas de professores, são uma das demonstrações dessa sopa de entulho mal digerida.
Penso a introdução da sociologia como disciplina obrigatória como resultante, esquematicamente, de três vetores: 1) a ignorância sobre o que é a sociologia e conseqüente esperança de que ela cumpra papel “civilizatório”, uma espécie de manual de boas maneiras cívicas; 2) a aparentemente libertária vertente gramsciana, que pretende fazer da sociologia mais um espaço institucional de propaganda e proselitismo político e; 3) a busca de criação de uma reserva de mercado para licenciados em ciências sociais, um curso superior relativamente fácil de entrar, igualmente fácil de sair, mas com forte imprecisão quanto aos destinos profissionais de seus egressos.

Santo Conterato: No meu entendimento, e com base na experiência do trabalho pela inclusão da Sociologia nos parâmetros curriculares do ensino médio, o questionamento com relação à presença da disciplina na grade curricular não se referia propriamente à importância do ensino da Sociologia e sim, em primeiro lugar, a mais uma disciplina na grade. A programação das secretarias prontinha, com as disciplinas tradicionais arrumadinhas, com seu espaço definido, não comportava, na comodidade dos burocratas, mais uma disciplina que implicava na modificação do esquema já montado. Em segundo lugar, a reação de donos de estabelecimentos privados de ensino que afirmam que, com mais uma disciplina, há necessidade de mais docentes, onerando seus cofres, E, finalmente, a inércia dos acadêmicos lotados nos departamentos das IFES preocupados com as bolsas fornecidas pelo MEC, entendiam que a introdução da sociologia no ensino médio não lhes traria ganho nenhum.
O reconhecimento, com certeza, tem a ver com a força das argumentações sobre a importância da sociologia, não tanto como simples auxiliar na formação de valores cívicos, mas, e principalmente, que podia oferecer ao estudante novos modos de pensar ou construção e desconstrução de modos de pensar. Ou seja, a proposta do pensamento sociológico é o de realizar a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. E, assim, contribuir para um ensino de melhor qualidade.

Revista Habitus: O conteúdo da disciplina não será mais ministrado de uma forma transversal. Precisará, portanto, de um formato específico. Quais os desafios do curso de licenciatura, na sala de aula e dentro da Universidade, na sua relação com o bacharelado?

Márcio da Costa: Não será fácil ensinar sociologia de verdade, uma invenção do final do século XIX, que pressupõe uma longa trajetória intelectual percorrida pela humanidade, que incorpora complexos debates herdados da filosofia e da economia e que ao tentar compreender a novidade do mundo moderno apresenta vertentes cujas características não são de apreensão trivial. Preferiria que nossos alunos estivessem expostos a mais história, filosofia e literatura. Conhecer mais as seqüências dos acontecimentos relevantes do passado, traços de culturas e civilizações diversas, a história do pensamento, ajudaria na compreensão das reflexões que a sociologia desenvolve a partir do século XIX.
Como já disse, temo que a sociologia como disciplina escolar seja um pastiche doutrinário, pretensamente revolucionário, e/ou algo que não consegue fazer sentido pois os estudantes não dispõem de um ferramental básico anterior. Abordar a sociologia com recortes temáticos como fato social, contato social, interação, classes sociais, estratificação social, movimentos sociais, instituições, cultura, globalização, pós-modernidade, minorias, nacionalismo, localismo, mudanças tecnológicas, desenvolvimento ou democracia me parece uma tentação a tratamentos normativos. Partidas entre fenômenos sociais a que se dedicam, as teorias sociológicas tendem a ficar irreconhecíveis. Por outro lado, a apresentação das teorias sociológicas clássicas de forma mais íntegra, abrindo terreno para suas descendentes contemporâneas, provavelmente é algo distante das possibilidades no nível médio, maçante e complicado, especialmente considerando a overdose de conteúdos a que os alunos já são submetidos.
Felizmente, não me dedico a tratar profissionalmente do ensino de sociologia nesse nível, pois não consigo enxergar qualquer saída realmente boa. Sem maior reflexão sobre o tema, acho que optaria por fazer alguma coisa como uma história do pensamento social no século XIX, contextualizando as polêmicas e preocupações da época, abrindo margem para a apresentação esquemática das matrizes fundantes do pensamento sociológico, trazendo a atualização para o desenvolvimento dos problemas contemporâneos, a partir dos modelos clássicos e suas derivações. Não creio que seria possível faze-lo satisfatoriamente no tempo previsto. A redundância com a história e a filosofia me parece inevitável.

Santo Conterato: Entendo que há três questões aqui: a relação licenciatura/bacharelado, a licenciatura na Universidade e a relação licenciatura/sala de aula enfrentada pelo licenciado. Nós sempre defendemos que o estudante que cursa a licenciatura deve ter a fundamentação fornecida pelo bacharelado. Do contrário, continuará acontecendo o que imperou na pedagogia tradicional do ensino em nossas escolas em que se deu a predominância ao método em detrimento do conteúdo. E assim, qualquer professor pode lecionar qualquer disciplina, com está acontecendo ainda hoje, em algumas escolas, com o ensino da sociologia, por exemplo. É imperioso que o licenciado, antes de aprender as técnicas, os métodos, saiba manejar os conteúdos da disciplina. É o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues. Ou seja, antes de saber como ensinar o profissional deve saber o que ensinar.
A licenciatura na Universidade está enfrentando um desafio cada vez mais difícil de vencer. Quem procura a licenciatura? Quem ministra os conteúdos do ementário da licenciatura? E como são ministrados esses conteúdos: métodos e técnicas de ensino? Todos os que procuram a licenciatura, a procuram baseados num projeto de futuro profissional, ou por falta de perspectiva de alternativas futuras de trabalho? Os mestres encarregados de orientar os licenciandos o fazem programadamente ou para mero cumprimento de obrigação? E as orientações são baseadas a partir do real que o profissional encontrará ou dentro de um esquema tradicional acadêmico distanciado da realidade da escola de ensino básico? No meu modo de pensar esses desafios são cruciais, em especial para os mestres orientadores.
A relação licenciatura/sala de aula enfrentada pelo licenciado (questão que deve estar presente aos orientadores das licenciaturas), no meu entendimento, é dramática: a alunada já vem para a escola com problemas familiares, problemas pessoais de adolescente, encontra as salas de aula mal arrumadas, a própria escola quase caindo por falta de conservação. O professor de sociologia (sempre mal pago) tenta preparar uma aula partindo de textos mais complexos para os mais simples. Será que a transposição para uma linguagem acessível não corre o perigo de perder o rigor científico? E a cabeça cheia de problemas da garotada tem condições de assimilar conteúdos sociológicos que exigem um mínimo de raciocínio lógico? Todas estas questões devem ser consideradas quando pensamos na possibilidade da eficácia do ensino da Sociologia na escola fundamental e no preparo dos futuros mestres.

Revista Habitus: Márcio da Costa, o senhor se posiciona contra a inclusão da Sociologia no Ensino Médio. Quais os aspectos negativos dessa política?

Márcio da Costa: Há, em primeiro lugar, um elemento raramente tratado nessa polêmica: a forma nada adequada com que a sociologia entra nos currículos. Não é razoável remeter ao Congresso Nacional a decisão sobre currículos escolares. Há fóruns bem mais adequados para tratamento dessa questão. Creio que um dos aspectos negativos dessa política é o próprio acolhimento da demanda pelo Congresso, alargando o caminho para que questões dessa ordem passem a se tornar temas de decisão legislativa.
Por outro lado, tomada a partir da ótica particularista de interesses corporativos e de intenções políticas apartadas dos mais graves problemas educacionais, essa decisão agrava o caráter enciclopédico dos currículos no Brasil. Vai na contramão do que deveríamos estar fazendo em nosso ensino básico: reduzindo a grande carga de conteúdos que é comportada por uma pequeníssima parcela do alunado, concentrando o foco no domínio efetivo de conhecimentos de valor realmente abrangente e duradouro. O conteúdo absurdamente detalhado e formalista das ciências naturais, da língua portuguesa e das matemáticas, ganha a “contribuição” das ciências humanas que pareciam mais favoráveis a uma educação mais compreensiva.
Randall Collins descreveu preciosamente a inflação educacional. Podemos fazer um paralelo com a inflação de conteúdos escolares. Qual será o próximo passo ou a próxima corporação que tentará impor sua reserva de mercado ao sistema educacional? Psicólogos? Astrônomos? Biofísicos? Geólogos? Juristas? Economistas? Profissionais universitários do Brasil uni-vos? Há boas chances de espetar algumas horinhas nas escolas. Por quê não?

Revista Habitus: Senhor Santo Conterato, os sindicatos dos sociólogos foram atores políticos fundamentais para o reconhecimento da relevância do tema na agenda política governamental ou não? De quem partiu essa demanda?

Santo Conterato: Na reta decisiva para a decretação da obrigatoriedade da Sociologia em todas as escolas de ensino médio do país os sindicatos dos sociólogos, sem dúvida, foram os atores fundamentais. No entanto, não teríamos chegado a essa etapa da luta sem a participação, na origem do movimento, de grupos organizados da sociedade, de departamentos universitários, dos estudantes de ciências sociais e do ensino médio. Inúmeros movimentos locais em várias regiões do país foram o gérmen que deu seiva à luta pela inclusão da sociologia no ensino médio nacional. A título de ilustração, sirva-nos de exemplo o movimento aqui em nosso estado. Entre outros, um abaixo-assinado encaminhado à “Coordenadora Setorial da Coordenação de Ensino do 2º Grau” de Nova Friburgo, em 1º de outubro de 1985: “Encaminhamos pedido formulado por Sociólogos e Professores do 2º Grau dos Municípios ligados ao CRE de Nova Friburgo, solicitando a inclusão da SOCIOLOGIA no currículo do 2º Grau”. Atenção à data. E, em 1989, a APSERJ conseguiu recolher mais de 3.000 (três mil) assinaturas em documento enviado à Assembléia Constituinte do Estado do Rio de Janeiro solicitando a inclusão da sociologia em todas as escolas do ensino médio. E o Conselho Estadual de Educação, junto com a Secretaria Estadual de Educação realizaram dois encontros, em 1989, para estudar a possibilidade de inclusão da sociologia na grade curricular. Além da APSERJ, participaram mais quinze grupos, entre universidades, sindicatos de professores e associações de estudantes secundários. Tudo isso está relatado no livro, publicado pela APSERJ, “A Profissão de Sociólogo e Sociologia no Ensino Médio”. Assim, desde 1989, a sociologia consta como disciplina obrigatória nas escolas do Rio de Janeiro.
Movimentos similares aconteceram em vários estados que deram substrato e força para que os sindicatos dos sociólogos conseguissem, junto ao Conselho Nacional de Educação, a decretação da obrigatoriedade da disciplina em todas as escolas de ensino médio do país.

A Revista Habitus agradece aos entrevistados Márcio da Costa e Santo Conterato.

07 junho, 2010

GT Em Defesa do Ensino de Sociologia

UFF. GT Em Defesa do Ensino de Sociologia
09 de junho de 2010. 18:00
DARS de Ciências Sociais Térreo Bloco N
Por conta de vários fatores colocados pelos colegas, temos deficiências em nossa formação acadêmica, e não só temos e admitimos a deficiência que temos em nosso processo de formação, como a reproduzimos no Ensino Médio enquanto professores:
- Uma pretensa e ingênua neutralidade
- Um afastamento e certo menosprezo pelos alunos
- O afastamento entre teoria e prática
O grupo começou a se reunir preocupado com a confusão que se instaura nas propostas e práticas curriculares para o ensino de Sociologia para o Ensino Médio, e equívocos que têm como causa o já longo processo de intermitência da disciplina na Educação Básica, além das questões que permeiam o Ensino Superior, essenciais para a formação dos professores neste caso. Já existe um acúmulo de conhecimento sobre isso, ainda que escasso. O grupo para dar andamento à construção do currículo e de materiais didáticos precisa se colocar comum acordo com as seguintes premissas:
ü Sociologia, entre os saberes que existem é uma ciência. Portanto não é senso comum, não é religião, não é filosofia (apesar de utilizá-la).
ü Sociologia com relação às outras disciplinas não é literatura, não é história, não é geografia, e, como já citado, não é filosofia.
ü O currículo do Ensino Médio não deve se deter a uma miscelânea teórica, temática ou conceitual e sim fazer sentido e ter uma lógica com o que consideramos que é realmente necessário no contexto que vivemos e neste nível de ensino, em contraste com o ensino superior.
ü O professor deve trabalhar de acordo com uma sólida fundamentação teórica, pois terá facilidade em construir o currículo, dando lógica para o mesmo e inclusive mais segurança para trabalhar com outros pontos de vista, quando necessário.
CONVIDAMOS. GT EM DEFESA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA.

18 maio, 2010

GT EM DEFESA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA‏

UFF. GT Em Defesa do Ensino de Sociologia
26 de maio de 2010. 8º reunião. 18:00

DARS de Ciências Sociais Térreo Bloco N

O GT está tentando definir como seriam as primeiras aulas de Sociologia no Ensino Médio, ou, no caso, o 1º bimestre. Como apresentar a “nova” disciplina, não somente para os alunos, mas também para a comunidade escolar em geral, professores e demais funcionários, também fazem parte de nossas preocupações, pois as idéias que se produzem daquilo que deve ser Sociologia e, na mesma maré, a Filosofia, são idéias geralmente românticas ou preconceituosas. É percebido que realmente o retorno da Sociologia é algo novo para a comunidade escolar em geral, e, portanto temos que estar seguros e sermos taxativos com relação ao conteúdo e objetivo de nossa disciplina, para não darmos margem a comentários desqualificadores. Não temos somente o “senso comum” dos alunos para enfrentar, mas também o de professores e funcionários.
Nossas reuniões, a partir de agora serão espaçadas de 15 em 15 dias, por conta do volume de trabalho que temos no nosso dia a dia e no acúmulo de conhecimento para o GT. Então, convidamos a todos que venham nos ajudar ou acrescentar contribuições, mesmo através de dúvidas, a comparecer no dia 26 de maio, quarta feira, as 18:00 no DA de Ciências Sociais, localizado no Térreo do Bloco N da Universidade Federal Fluminense.
Sejam Bem Vindos GT Em Defesa do Ensino de Sociologia!

07 maio, 2010

Em Defesa do Ensino de Sociologia: SOCIOLOGIA NÃO É IDEOLOGIA!!!

UFF. GT Em Defesa do Ensino de Sociologia
12 de maio de 2010. 7º reunião. 18:00

DARS de Ciências Sociais Térreo Bloco N

Infelizmente, alguns colegas ainda não exercitam plenamente a atividade como professores de Sociologia em suas respectivas escolas, pois muitas mantêm a disciplina, junto com a Filosofia, como algo de menor valor. Alguns colegas recebem ordem da direção e do conselho de classe para que não reprove nenhum aluno, tendo um poder secundário na escola e no conselho de classe.
Por isso reforçamos o nome do GT Em Defesa do Ensino de Sociologia, o qual acredita que o recuo de alguns intelectuais com relação ao currículo da Secretaria de Estado de Educação, e outros posicionamentos pseudo neutros, acabam legitimando a desqualificação do conhecimento de Sociologia como algo menor em várias escolas.
O currículo da Secretaria vem sendo acusado de ideológico. “Compreender que a dominação européia expressa pelo colonialismo e pelo imperialismo é a causa fundamental das desigualdades sociais.” Porque a compreensão deste processo pelos alunos é algo ideológico??? Isto é um fato objetivo. Porque o receio em ensinar o que de fato aconteceu, devemos negar a história em nome de quê. Qual seria a causa fundamental não ideológica das desigualdades sociais???
A desigualdade social não tem uma causa objetiva? Depende do olhar de cada um? E por isso não seria possível o alcance de uma causa objetiva? Isto sim é ideologia, cada um possui uma idéia diferente sobre as causas fundamentais das desigualdades sociais. Algumas dessas idéias correspondem à realidade e outras não, e estas têm que ser eliminadas do currículo, pois a SOCIOLOGIA não se coloca como obrigatória para trazer confusão à cabeça do aluno de Ensino Médio e sim dar sentido às relações sociais objetivas que se estabeleceram no espaço geográfico e no tempo histórico.

SOCIOLOGIA NÃO É IDEOLOGIA!!!

O grupo vem tentando construir, não no plano ideológico, e sim objetivo, qual seria a lógica da organização dos conteúdos, por exemplo, o que viria primeiro, quais seriam as propostas iniciais para introdução ao estudo da Sociologia no Ensino Médio.
Convidamos a todos para que possamos dar prosseguimento a Defesa do Ensino de Sociologia nos espaços de trabalho e de estudo, pois sabemos da precariedade das licenciaturas em Ciências Sociais (ou Sociologia), por conta do processo histórico, e portanto objetivo que vivemos, tentamos restabelecer aquilo que foi freado pela Ditadura Militar.
Sejam bem vindos, GT Em Defesa do Ensino de Sociologia!

Informes: O endereço do SINDSERJ é Rua Teófilo Otoni, nº 52, 8 andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ - CEP: 20090-070


Grupo "Sindicato dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro" em Grupos do Google. sindserj@googlegroups.com
Para ver mais opções, visite este grupo em
http://groups.google.com/group/sindserj?hl=pt-BR

07 abril, 2010

SBS - SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO NO RIO DE JANEIRO

XV CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA - 2011


Aberto o período para inscrições de GTs (Grupos de Trabalho) no XV Congresso Brasileiro de Sociologia, a ser realizado entre os dias 26 e 29 de julho de 2011, na UFPR, Curitiba-PR.
O prazo para envio termina no dia 17/06/2010. Não deixe para a última hora. Acesse o site da SBS (http://www.sbsociologia.com.br/) para maiores informações e envie sua colaboração. Importante: o envio é restrito aos associados em dia com suas anuidades.

NOTA DA SBS

A edição da lei nº 11.684, de 2008 que altera e Lei de Diretrizes e Bases da Educação e estabelece a obrigatoriedade da Sociologia nos três anos do ensino médio em todas as escolas brasileiras trouxe para os Sociólogos, tanto para aqueles que atuam nas universidades como para os professores da educação básica, a necessidade de tomar para si a discussão sobre os fundamentos, os conteúdos, assim como as metodologias adequadas ao ensino de Sociologia para os jovens e adultos que estudam no ensino médio.
Mesmo num contexto anterior, quando a Sociologia se fazia presente como componente curricular somente em alguns estados brasileiros e apenas em uma série do ensino médio, a Sociedade Brasileira de Sociologia criou em seu Congresso de 2005 a Comissão de Ensino Médio. Desde então, esta Comissão passou a centralizar as iniciativas dos estados, realizando encontros e congressos com o propósito de contribuir para práticas do ensino de Sociologia, tendo em vista a preocupação com sua qualidade. Nessa direção, hoje podemos afirmar que temos acumulado conhecimento sobre a temática, autorizando-nos a apoiar a elaboração de propostas curriculares em vários estados brasileiros.
Por esta razão, vimos manifestar nossa preocupação com a proposta curricular de Sociologia apresentada pela Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, na medida em que esta sugere certos conteúdos temáticos que consideramos irrelevantes para o ensino de Sociologia no ensino médio, apresenta como conceitos certos termos não identificados no arcabouço teórico e conceitual advindo das Ciências Sociais e se fundamenta em uma concepção prescritiva ou normativa do ensino de Sociologia.
Sabemos que o professor não opera mecanicamente com as propostas curriculares em seu dia a dia na escola, ao contrário, de alguma maneira ele traduz ou seleciona os conteúdos, tendo em vista a sua própria experiência. Ainda assim, não poderíamos deixar de nos pronunciar, sob pena de ignorar todo um movimento repleto de experiências práticas e teóricas que temos registrado em nossos encontros.
Pelo exposto e ciente de nossas responsabilidades, reiteramos o apoio da SBS à criação de fóruns estaduais e nacional que possam estimular a reflexão e o debate entre professores e pesquisadores envolvidos com o ensino de Sociologia.

Anita Handfas

Coordenadora da Comissão de Ensino Médio da Sociedade Brasileira de Sociologia

Celi Scalon

Presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia

CHAMADA DE TRABALHOS

13º CONGRESSO BIEN 2010
O 13° Congresso da BIEN (sigla em inglês para Rede Mundial de Renda Básica) recebe até o dia 12 de abril propostas de trabalho e painéis. Envie sua proposta por meio do site oficial do evento, http://www.bien2010brasil.com/.  É a primeira vez que o Congresso da BIEN ocorre na América Latina. O evento acontece de 30 de junho a 2 de julho de 2010 na Faculdade de Economia e Administração da USP.

Equipe SBS http://www.sbsociologia.com.br/
Sociedade Brasileira de Sociologia

06 abril, 2010

Simon Schwartzman critica o currículo de sociologia do estado do Rio de Janeiro‏

O Currículo de Sociologia do Estado do Rio de Janeiro

Acabo de ver a lamentavel proposta curricular para o programa de sociologia para o nível médio do Rio de Janeiro. É um conjunto desastroso de idéias gerais, palavras de ordem e ideologias mal disfarçadas que confirmam as piores apreensões dos que, como eu, sempre temeram esta inclusão obrigatória da sociologia no curriculo escolar.
É difícil saber por onde começar a crítica. Faltam coisas essenciais como familia e parentesco, educação, socialização, estratificação social, mobilidade, criminalidade, religião, burocracias, modernidade, opinião pública, instituições. Na parte de “sociedade democrática”, nao há nada sobre instituições políticas, sistemas políticos comparados, participação politica, sistemas eleitorais, partidos políticos, populismo, fascismo. Não há nada mais conceitual sobre teoria sociológica, suas correntes, etc. Nao há sequer algo sobre direitos civis, sociais e humanos.
Por outro lado, sobram bobagens como “compreender e valorizar as diferentes manifestações culturais de etnias, raças (negra, indígena, branca) e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o direito à diversidade, enquanto princípio estético (sic) que pode incentivar a tolerância, mas que em alguns casos pode gerar conflitos”, ou “compreender que a dominação européia expressa pelo colonialismo e pelo imperialismo é a causa fundamental das desigualdades sociais” ou ainda “construir a identidade social e política atuante e dinâmica para a constante luta pelo exercício da cidadania plena”, e trivialidades como “perceber a importância do trabalho para a sociedade”. Quem quiser ver o texto completo da proposta pode baixá-la da Internet aqui: http://www.schwartzman.org.br/simon/see_soc.pdf   
A sociologia, quando bem dada, mostra para as pessoas que existem muitas maneiras diferentes de entender o mundo. Este programa visa o contrário, ou seja, inculcar nos jovens uma visão de mundo particular e empobrecida.
Temo que os programas que estão sendo feitos para outros estados poderão parecidos, ou piores. Penso que a Sociedade Brasileira de Sociologia, ou os sociólogos mais ativos que a compõem, deveriam tomar uma posição pública sobre isto, inclusive sugerindo um programa minimo mais razoável. Não seria difícil, existem muitos bons exemplos na internet, inclusive o sumário da Wikipedia em português, que podem servir de referência: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia  

Simon Schwartzman. Acesse aqui a página de Schwartzman: