22 setembro, 2014

Fundamentalismo disciplinar

ENSINO MÉDIO E A ORDEM DISCIPLINAR CADUCA

Os fundamentalistas da ordem disciplinar não desejam mudar o Ensino Médio que reproduz uma grade curricular pautada no Século XIX. 

Parece que a garantia do mercado para vender seus livros didáticos é mais importante que qualquer possibilidade de mudança e atualização histórica!

13 setembro, 2014

CIÊNCIA SOCIAL PARA O SÉCULO XXI

O 4º SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR EM SOCIOLOGIA E DIREITO.

14 e 15 de Outubro de 2014, em Niterói- RJ, na Faculdade de Direito da UFF.

Submissão de trabalhos: prorrogado até 14.09.2014

GT 5: CIÊNCIA SOCIAL PARA O SÉCULO XXI: os cursos de licenciatura em Ciências Sociais na atualidade.
Coordenação: Prof. Dr. Alexandre Fernandes Corrêa (UFRJ Macaé) e mestranda Renata Feno Neves (PPGSD/UFF)

Ementa: A proposta deste GT circunscreve-se ao debate atual acerca das metamorfoses no mundo do saber e das consequências epistemológicas dessas transformações, especialmente no que se refere aos seus impactos sobre a lógica da transmissão do legado da cultura sociológica para as novas gerações. Wallerstein (2002) tem nos apresentado as principais características da formação histórica do sistema-mundo, indicando aspectos da aceleração do processo de globalização tecnológica e econômica, assim como da chamada mundialização. Esta última nos interessa mais especialmente ao tratarmos das transformações atuais do sistema educacional. Sem dúvida que os impactos dessas transformações recentes, advindas e consolidadas desde a década de 1990 do século XX, têm consequências importantes para as estruturas do saber estabelecidas. Nesse sentido consideramos a sugestiva provocação do autor estadunidense ao intitular sua reflexão sob o manto enigmático: O Fim do Mundo como o Concebemos. Constatamos que nesse contexto os cânones clássicos do conhecimento e da ciência têm sido abalados por constantes sismos epistemológicos. Os impactos desse processo global/mundial ainda não produziram todos os seus efeitos potenciais. Nosso convite é para um debate em que se pretende detectar aspectos dessas transformações no espaço sócio-educacional das licenciaturas em Ciências Sociais, respondendo algumas dessas questões: a) Como os currículos de graduação dão conta das novas exigências da contemporaneidade? b) Quais as possibilidades de inovação e conservação das matrizes teóricas e disciplinares canônicas? c) As licenciaturas devem replicar o currículo do bacharelado incluindo apenas as disciplinas pedagógicas? d) É possível criar uma nova forma de transmissão da cultura sociológica específica e peculiar ao ensino? e) De que modo a promoção da cultura sociológica contribui para a recuperação das Humanidades num contexto de predomínio da tecno-ciência?

12 setembro, 2014

Lição Certa

SOCIÓLOGOS AVALIAM PAPEL DAS CIÊNCIAS HUMANAS NO CURRÍCULO ESCOLAR

Em resposta ao editorial “Lição errada”, que diz repeito ao aumento da carga horária de filosofia, sociologia e artes no currículo do ensino médio no Estado de São Paulo, a Federação Nacional dos Sociólogos (FNS) tem esclarecimentos a fazer.
O editorial ataca, de forma gratuita e preconceituosa, a sociologia e outras ciências humanas. Do ponto de vista objetivo, baseado em que pressupostos o texto afirma que incluir (conforme determinado por lei) ou aumentar as cargas horárias de sociologia, filosofia ou artes sejam “experimentalismos duvidosos”, e “matemática e português” sejam disciplinas “estruturantes”?
Para efeitos de uma formação que privilegie a construção da cidadania e a despeito da atual formação instrumental, utilitarista e individualista que visa apenas o mercado e o sucesso individual, acreditamos que sociologia, filosofia ou artes devem ter primazia ou importância equivalente.
Historicamente, a educação nunca foi prioridade no Brasil. De um modo geral, o modelo educacional brasileiro que conhecemos hoje é remanescente do imposto nos anos 1960 pela ditadura militar, em que as ciências humanas gradativamente foram perdendo espaço na grade curricular do sistema educacional em nível de educação básica e média, tanto no ensino público quanto no privado.
Mais recentemente –década de 1990–, as ciências humanas passaram por outras medidas de caráter restritivo, impostas pelo modelo americano. Influenciados pelas ideais de uma educação meramente utilitária e tecnicista, os currículos foram adaptados para assegurar uma formação que privilegiasse as disciplinas instrumentais, em detrimento de conteúdos voltados para uma formação cidadã e humanista, incompatíveis, antes, com o regime autoritário e, agora, com o neoliberal.
No campo da educação, prevalece o discurso que privilegia o ensino e a pesquisa inter ou transdisciplinar. Do ponto de vista epistemológico, o sujeito pós-moderno opõe-se aos grandes modelos teóricos.
A atuação política pós-moderna desqualifica e dissimula a ação política tradicional (Estado, partidos políticos, sindicatos, movimentos populares etc.), preferindo atuar por meio de ações voluntárias de ONGs, bem como, nos atos mais ou menos espontâneos de grupos e/ou de sujeitos políticos protagonistas ou representantes de demandas sociais específicas ou de grupos excluídos.
Caracteriza-se por uma tendência aberta ao individualismo e ao utilitarismo escamoteados por uma espécie de hedonismo socializado pela mídia. Esvazia os conteúdos ideológicos intrínsecos ao campo político e reduz o papel do Estado a mero financiador ou prestador de serviços públicos. Nesse contexto é que se inserem as interpretações sobre os fatos históricos e os acontecimentos políticos ou sociais na atualidade.
A criminalização de setores do movimento social, de um lado, e as recentes –e, por que não dizer, históricas– respostas violentas às reivindicações sociais e populares mostram que as alternativas autoritárias ainda resistem e seduzem setores insatisfeitos com as respostas oferecidas pela política tradicional e os relativismos estabelecidos pela pós-modernidade.
Não é sem motivo que nos lugares tradicionais de conflito e competição –trabalho, política, moral, sexualidade, cultura–, em que inexistem limites definidos ou claros, é que encontramos a crise instalada nessas sociedades.
As diversas crises –econômica, étnica, político-ideológica, entre outras– que encerraram o século 20 e inauguram o 21 demonstram de modo incontestável o esgotamento dos modelos liberais ocidentais, a despeito dos sofismas neoliberais reacionários.
É nessse contexto que o aumento da carga horária de filosofia, sociologia e artes no Estado de São Paulo se insere e reflete a urgência de se pensar uma sociedade mais humana e cidadã onde os jovens, integrantes do ensino médio, serão os protagonistas desse novo modelo.


Ricardo Antunes de Abreu é presidente da Federação Nacional dos Sociólogos (FNS) e Mario Miranda Antonio Junior é sociólogo e consultor da FNS