20 setembro, 2006

Veja o Filme Dançando no Escuro



O diretor Lars Von Trier (Os idiotas) conta a história de uma jovem operária que se vê em dificuldades devido à sua frágil saúde e precisa juntar dinheiro para pagar a operação de seu filho. Com Catherine Deneuve e Björk. Recebeu uma indicação ao Oscar.

Ficha Técnica
Título Original: Dancer In The Dark
Gênero: Drama / Musical
Tempo de Duração:
Ano de Lançamento (França): 2000
Site Oficial: www.dancerinthedark.com

A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
Condições e perspectivas epistemológicas

“O conhecimento sociológico espirala dentro e fora do universo da vida social, reconstruindo tanto esse universo como a si mesmo como uma parte integral deste processo.” Anthony Giddens

Mário Bispo dos Santos

Texto produzido, sob orientação da professora Fernanda Sobral, na disciplina Ciência, Tecnologia e Sociedade do programa de Pós Graduação do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília.

Mário Bispo dos Santos é mestrando em Sociologia pela UnB e professor de Sociologia na Secretaria de Educação do DF


INTRODUÇÃO

Desde o início da década de 80, parlamentares, estudantes, professores, entidades da sociedade civil vêm lutando para que a Sociologia seja incluída como disciplina nos currículos do Ensino Médio, dada a sua importância na formação da cidadania.
Finalmente, agora, ao término da década de 90, os Parâmetros Curriculares Nacionais, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), Parecer 15/98 do Conselho Nacional de Educacão, estabelecem que os conceitos, procedimentos e atitudes provenientes da Geografia, História, Filosofia e da Sociologia devem constituir a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Tendo em vista a concretização das diretrizes e parâmetros citados, algumas unidades da federação efetivaram reformas curriculares que incluem a Sociologia como disciplina obrigatória.
Com certeza, tais modificações vêm ao encontro das reivindicações de todos aqueles que lutam pelo ensino da Sociologia. No caso do DF, a Sociologia deixa de ser uma disciplina constante da parte diversificada do currículo, com carga de 2 (duas) horas semanais no 3º ano, para se tornar uma disciplina obrigatória nos três anos, com carga de 2 (duas) horas semanais.
Salientamos, entretanto, que não tem sido fácil o processo de efetivação da Sociologia no Ensino Médio. No caso Rede Pública do DF, os professores de Sociologia, têm enfrentado dificuldades de toda ordem:
- - administrativas: número excessivo de turmas, em geral, 16 turmas por 40h de jornada, o que por um lado, dificulta a realização de atividades criativas, o acompanhamento dos alunos e uma avaliação diagnóstico e por outro lado, gera desgaste físico e mental.
- - Políticas: a resistência de professores e alunos, capitaneada pelo Sindicato dos Professores, em função da diminuição da carga horária de outras disciplinas.
- - Pedagógicas: domínio precário dos conceitos básicos das ciências sociais e dos conceitos da própria reforma curricular tais como, tecnologia, competência e habilidade, interdisciplinaridade, contextualização, trabalho projetos.
Do nosso ponto de vista, existe uma compreensão clara de que Universidade pode contribuir de diversas formas para a superação dessas dificuldades. Em primeiro lugar, ela pode participar da melhoria da qualificação dos professores de Sociologia, promovendo cursos de atualização e revitalizando o currículo da licenciatura em Ciências Sociais em virtude da Reforma do Ensino Médio. Em segundo lugar, a Universidade pode incentivar estudos e pesquisas, em nível de graduação e pós-graduação sobre o próprio ensino de Sociologia.
Nesse sentido, pretende-se com esse trabalho trazer elementos para uma melhor compreensão sobre as questões relativas às condições epistemológicas em que se desenvolve o trabalho do professor de Sociologia.
Somente para fins expositivos, a análise das referidas condições epistemológicas estará dividida em duas partes. Uma primeira parte, na qual, se aborda as questões relacionadas mais às condições internas/cognitivas ou didático-epistemológicas, isto é, questões de ordem microssociológicas relacionadas à organização da escola, ao tratamento dos conteúdos, à aplicação de métodos de ensino, aos processos de avaliação e especialmente, questões relacionadas às representações sociais de ciência, de conhecimento escolar e de Sociologia no interior da escola. E uma segunda parte, na qual, se faz a análise das questões ligadas mais às condições externas/macroestruturais de caráter sócio-epistemológica, ou seja, questões de ordem macrossociológicas relacionadas às mudanças no mundo do trabalho, à implementação de políticas educacionais e em especial, as questões relacionadas ao modo de produzir e distribuir conhecimento nas sociedades contemporâneas que podem afetar as representações sociais dos professores.

2.0 CONDIÇÕES INTERNAS DE CARÁTER DIDÁTICO-EPISTEMOLÓGICO

O trabalho do professor de Sociologia tem como referência os documentos curriculares oficiais, por isso, iniciaremos nossa análise a partir das disposições colocadas para o ensino de Sociologia nos Parâmetros Curriculares Nacionais
Tendo em vista a preocupação com o domínio de tecnologias, expressa nas Diretrizes Curriculares Nacionais, os PCNEM (MEC, 1999, p.85) propõem que a Sociologia, em conjunto com a Ciência Política e a Antropologia, permita ao educando desenvolver as seguintes competências e habilidades

Representação e comunicação
• Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade: as explicações das Ciências Sociais, amparadas nos vários paradigmas teóricos, e as do senso comum.
• Produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais, a partir das observações e reflexões realizadas.
Investigação e compreensão
• Construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida cotidiana, ampliando a “visão de mundo” e o “horizonte de expectativas”, nas relações interpessoais com os vários grupos sociais.
• Construir uma visão mais crítica da indústria cultural e dos meios de comunicação de massa, avaliando o papel ideológico do “marketing” enquanto estratégia de persuasão do consumidor e do próprio eleitor.
• Compreender e valorizar as diferentes manifestações culturais de etnias e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o direito à diversidade, enquanto princípio estético, político e ético que supera conflitos e tensões do mundo atual.
Contextualização sócio-cultural
• Compreender as transformações no mundo do trabalho e o novo perfil de qualificação exigida, gerados por mudanças na ordem econômica.
• Construir a identidade social e política, de modo a viabilizar o exercício da cidadania plena, no contexto do Estado de Direito, atuando para que haja, efetivamente, uma reciprocidade de direitos e deveres entre o poder público e o cidadão e também entre os diferentes grupos.

A idéia central é que o domínio dessas competências permitirá ao educando investigar, identificar, descrever, classificar e interpretar/explicar os fatos relacionados à vida social, e assim, instrumentalizá-lo para que possa decodificar a complexidade da realidade social.
Tanto nos PCNEM, como no Currículo da Educação Básica do DF, ressalta-se que as citadas competências e habilidades devem ser trabalhadas por meio de projetos de investigação, oficinas de aprendizagem, programas de estudos, tendo como ponto de partida os princípios conceituais e metodológicos desenvolvidos pela Sociologia Compreensiva, pela Sociologia Funcionalista e pela Sociologia Crítica. Cabe entretanto observar que


“Ao se tomar os três grandes paradigmas fundantes do campo de conhecimento sociológico – Karl Marx, Max Weber e Emile Durkheim –, discutem-se as questões centrais que foram abordadas, bem como os parâmetros teóricos e metodológicos que permeiam tais modelos de explicação da realidade. No entanto, a grande preocupação é promover uma reflexão em torno da permanência dessas questões até hoje, inclusive avaliando a operacionalidade dos conceitos e categorias utilizados por cada um desses autores, no que se refere à compreensão da complexidade do mundo atual.” (MEC, 1999, p.72)

A proposta, portanto, ao enfatizar a formação de competências, aponta para a superação de uma certa tradição escolar na transmissão dos conteúdos das ciências. Tais conteúdos deixam de ser fins para se tornarem meios de formação do educando.
A questão que se coloca é a seguinte: em que condições epistemológicas e pedagógicas essa proposta está sendo implementada, ou seja,
- - Como os professores concebem o conhecimento escolar?
Como concebem a Sociologia? Como uma ciência com um conjunto pronto e acabado de conceitos e teorias? Como uma ciência em interação reflexiva com a realidade? Como um instrumental prático de intervenção na realidade, para organiza-la, controlá-la, modificá-la? Como um discurso sobre o real?
- - A partir da compreensão que os profissionais têm da Sociologia, como desenvolvem seu trabalho?
- - Para os professores, há diferença significativa entre os conteúdos e métodos de ensino utilizados no curso de Ciências Sociais na Universidade e os conteúdos e métodos que eles utilizam no Ensino Médio.
Para melhor situarmos essas questões, vamos pensá-las a partir do terreno epistemológico que se desenvolve a prática pedagógica. Na análise a seguir, será utilizada uma tipologia com base nos estudos dos professores Fernando Becker e Lúcia Helena Alvarez Leite, como também, nas observações do autor deste texto, enquanto professor e coordenador de atividades referentes ao ensino de Sociologia na Rede Pública do DF. Ressalta-se que essa tipologia deve ser encarada de um ponto de vista weberiano, isto é, um instrumento de medida que não pode ser confundido com o real.
De modo geral, a prática dos professores expressa as seguintes concepções epistemológicas:

- Concepção cientificista.
A maioria dos professores desenvolve suas atividades com base na convicção epistemológica de que o conhecimento escolar é constituído estritamente pelos conteúdos acumulados e sistematizados pelas ciências. Nessa perspectiva, cabe aos professores, guardiões desse conhecimento pronto e acabado, transmiti-lo aos desprovidos do saber científico, os alunos.
Essa concepção epistemológica tem implicações éticas visto que o detentor dos conteúdos científicos, também, é posto como detentor da verdade e portanto da capacidade de decidir e julgar soberanamente sobre todas as questões pedagógicas: horários, enturmação, aprovação e reprovação dos alunos, etc.
A concepção cientificista, também tem implicações na estrutura temporal da escola. Numa estrutura escolar fundamentada no processo de transmissão dos conteúdos, o tempo de aprendizagem é fragmentado e linear. Assim, um conteúdo A precede um conteúdo B, que por sua vez precede um C. O primeiro bimestre precede o segundo, a terceira série precede a quarta e assim por diante.
Nessa organização, o tempo é dividido em dias letivos, bimestres, semestres, séries, etc, de acordo com as necessidades de estruturação dos conteúdos e não de acordo com as necessidades e ritmos de aprendizagem dos alunos. Como conseqüência dessa temporalidade etapista, aqueles que não dominarem os conteúdos nos prazos estabelecidos deveram repetir o processo.
No ensino de Sociologia, a concepção cientificista manifesta-se sob a forma de duas tendências. Uma tendência, na qual, os professores organizam suas atividades baseadas na transmissão de conceitos como: classes, interação social, cultura, estratificação social, mobilidade social, etc. E outra tendência, na qual, os professores preocupam-se em transmitir os fundamentos das principais correntes teóricas: funcionalismo, marxismo, etc.
Temos também na prática dos professores de Sociologia tentativas de articulação dessas duas tendências, como por exemplo, exposição acerca da compreensão dos teóricos clássicos sobre os processos de mudança social ou a discussão da relação indivíduo e sociedade a partir dos conceitos de fato social em Durkheim, ação social em Weber e classe social em Marx.
Em qualquer das tendências, a lógica etapista sempre está vertebrando o processo pedagógico. Na abordagem conceitual, por exemplo, primeiro aborda-se o conceito de agrupamento social, depois, os tipos de agrupamentos, os processos de mobilidade social em cada um deles, etc. Na abordagem teórica, primeiro, discute-se contexto histórico de surgimento da corrente teórica, principais sociólogos, questões fundamentais, interlocutores, etc.
Ressalta-se que no ensino de Sociologia, na perspectiva cientificista, os instrumentos metodológicos construídos pelas correntes teóricas dificilmente são citados e quase nunca são exercitados. Assim, os alunos recebem informações sobre os conceitos de solidariedade em Durkheim e classe, grupo de status e grupos de poder em Weber, todavia, raramente recebem informações sistemáticas acerca do instrumental que esses estudiosos utilizaram na construção desses conceitos.
Enfim, na perspectiva cientificista, a ênfase não é na forma como a Sociologia se constrói, mas sim, no que a Sociologia construiu, ou seja, a Sociologia feita. Em outras palavras, a preocupação não está centrada no processo de produção sociológica, mas sim, no resultado dessa produção.

- Concepção espontaneísta
Um grupo de professores, em reação ao caráter autoritário, conteudista e excludente da concepção anterior, procura desenvolver atividades pedagógicas, nas quais, o centro do processo não é o professor, mas o aluno. Acreditam que os interesses, os temas e as problemáticas do cotidiano do aluno devam constituir os conteúdos do conhecimento escolar.
Essa perspectiva epistemológica também tem desdobramentos éticos e organizativos. Como são os alunos os portadores do conhecimento, cabe a eles definirem as normas de organização da sala de aula, os princípios de convivência social, os temas que serão estudados, os métodos de avaliação e os ritmos de aprendizagem.
Na prática dos professores de Sociologia, o esponteneísmo é comum. Os professores costumam organizar as atividades do bimestre em torno dos interesses dos alunos. As temáticas são escolhidas basicamente em duas fontes. Uma primeira fonte é o cotidiano dos alunos e suas problemáticas: uso de drogas, gravidez na adolescência, relações familiares, violência, etc. Outra fonte é constituída pelas temáticas hoje em discussão na Antropologia e na Sociologia que interessam aos alunos: diferenças de gênero e orientação sexual, diversidade cultural, diferenças raciais, religiosidade, etc.
Os alunos utilizam como material de pesquisa dessas temáticas principalmente: jornais, revistas e vídeos. Secundariamente realizam entrevistas e pesquisam em livros e artigos científicos das Ciências Sociais. As informações coletadas são expostas em seminários e feiras.
Ressalta-se que na visão espontaneísta, o ensino de Sociologia enfatiza a pesquisa e assim, ainda que precariamente procura possibilitar ao aluno a apropriação do instrumental metodológico desenvolvido nas Ciências Sociais. Todavia, trata-se de uma apropriação totalmente descontextualizada visto que não propicia ao educando um estudo dos princípios filosóficos e sociológicos que fundamentaram a elaboração dos instrumentos de pesquisa.

- Concepção globalizante
A professora Lúcia Leite (1997.p.5) afirma que as duas concepções expostas, aparentemente diferentes, têm algo em comum:

“Uma visão dicotômica do que seja conhecimento escolar, acabando por fragmentar um processo que não pode ser fragmentado. O que para os professores tem sido visto como dois aspectos dicotômicos, na verdade, constitui-se em um único processo, global e complexo, com várias dimensões.”

Numa perspectiva globalizante, os conteúdos científicos e os conteúdos postos pelos alunos estão articulados num mesmo processo pedagógico e assim constituem o conhecimento escolar. Não há como descartar o conhecimento científico visto que ele não é fruto do acaso, mas sim, da própria ação do homem no processo de transformação de sua realidade. Nem tão pouco há como negar os interesses e proposições dos alunos, pois, sem eles, desaparece a possibilidade de uma escola atraente e criativa.
Uma parcela, ainda pequena de professores, tem procurado desenvolver atividades dentro dessa visão epistemológica, principalmente, por meio de projetos de trabalhos. Os projetos são desenvolvidos a partir de questões significativas para a turma que podem ser sugeridas pelos alunos, pelos professores ou pela própria conjuntura social. As questões postas no projeto geram necessidades que farão com que os alunos se defrontem com os conhecimentos científicos como instrumentos culturais para entendimento da realidade e não como conceitos abstratos desprovidos de significação.
Essa visão do processo de produção do conhecimento na escola, como as duas anteriores, também tem implicações éticas e organizativas. Assim, o planejamento das atividades é construído pelo professor e pelos alunos com base em algumas questões:
- - O que já sabemos acerca da questão que pretendemos investigar?
- - O que queremos saber?
- - Como faremos para buscar as respostas para nossas perguntas?
- - Quando faremos?
No desenvolvimento do projeto, temos atividades desenvolvidas pelos alunos como, entrevistas, pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e atividades organizadas pelo professor, como por exemplo, a organização de módulos de aprendizagem com a função de aprofundar e sistematizar alguns conteúdos relevantes para o projeto.
No processo de síntese, alunos e professores sistematizam os conceitos, valores, competências e procedimentos desenvolvidos, identificam questões novas passíveis de serem abordadas em novos projetos, avaliam o processo e fazem encaminhamentos.
No ensino de Sociologia, alguns professores têm ensaiado o trabalho com projetos. Geralmente, os projetos têm como detonadores temas relativos aos problemas colocados pela realidade sócio-econômica brasileira, por exemplo, a relação desemprego e criminalidade numa dada cidade.
No desenvolvimento de um projeto como esse, os alunos buscarão dados na delegacia, na administração, no noticiário e em outras fontes que informem melhor acerca da questão. O professor por sua vez, buscará construir um módulo de aprendizagem que aprofunde e sistematize o conceito de criminalidade com base nas teorias e pesquisas produzidas pela Sociologia.
O trabalho com projetos, no ensino de Sociologia, enfrenta dentre outras, duas dificuldades. A primeira relacionada à participação dos professores de outras disciplinas. Geralmente, os projetos geram necessidades de aprendizagem que demandam uma resposta interdisciplinar, todavia, vivemos ainda, no ensino médio, em um ambiente disciplinar e compartimentalizado.
A outra dificuldade está relacionada à utilização dos conteúdos da Sociologia. Os conteúdos trabalhados no processo de instrumentalização estão fundamentalmente relacionados aos conceitos e teorias sociológicas. Assim, os alunos não utilizam os instrumentos metodológicos fornecidos pelas Ciências Sociais que contribuiriam tanto no momento de planejamento, como no momento de pesquisa em si. Como conseqüência, os alunos, em muitos trabalhos, tratam as questões de forma superficial e os dados de forma assistemática.
No projeto citado sobre a relação desemprego e criminalidade, caso os alunos tivessem em mente, por exemplo, as orientações de Durkheim quanto ao tratamento dos fatos sociais, o principio de causalidade weberiano e as categorias abstrato e concreto, mediato e imediato marxistas, certamente, teríamos um trabalho mais sistemático na formação de procedimentos e atitudes
Enfim a consolidação do trabalho com projetos em Sociologia requer uma ampliação do entendimento do que seja conteúdo sociológico.

3.0 CONDIÇÕES EXTERNAS DE CARÁTER SÓCIO-EPISTEMOLÓGICO

Inicialmente é importante lembrar que o professor de sociologia está atuando com uma disciplina que foi estabelecida no currículo do Ensino Médio, a partir de uma reforma curricular que reflete a mudança de uma concepção do papel social da educação centrada na cidadania, hegemônica na década de 80, para uma educação centrada na competitividade. (Sobral, 1999)
Mudança essa que está relacionada às transformações no mundo do trabalho e na forma de produção e apropriação do conhecimento. Esta foram desencadeadas nas últimas décadas e também têm implicações na forma de produção do conhecimento sociológico.
A seguir, serão estudadas essas mudanças e suas implicações para educação e para a Sociologia com base nas contribuições de Gibbons, Giddens, Castells e outros.


3.1 A EMERGÊNCIA DE UM MODO REFLEXIVO DE PRODUÇÃO E APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO E A REFORMA DO ENSINO MÉDIO

No capítulo dedicado ao novo Ensino Médio nos Parâmetros Curriculares Nacionais é afirmado claramente que as reformas curriculares no Brasil e na América Latina se pautam nas constatações sobre

“as mudanças no conhecimento e seus desdobramentos no que se refere à produção e às relações sociais de modo geral” (MEC, 1999, p.14)

Conforme o documento, tais mudanças decorrem da chamada terceira revolução técnico-industrial, na qual, o conhecimento tem um lugar central nos processos de desenvolvimento econômico, organização do trabalho e das relações sociais.
Ainda conforme o documento, na sociedade dos anos 90, o crescimento do volume de informações em conseqüência das novas tecnologias coloca como parâmetro para a formação dos cidadãos um ensino voltado não para acumulação de conhecimentos, mas sim para “a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de conhecimento.”
Assim, a Reforma do Ensino Médio, bem como, a reforma da Educação Profissional estão postas como mecanismos de inserção competitiva do país na nova ordem sócio-econômica mundial fundada numa nova forma de produzir e distribuir conhecimento.
Conforme Castells no livro “A Sociedade em Rede”, essa nova forma de produção e apropriação do conhecimento tem seu surgimento relacionado à reestruturação capitalista empreendida nos anos 80 como resposta à crise econômica decorrente do esgotamento do modelo keynesiano de crescimento desencadeada nos anos 70. Para compreendermos essa mudança, é necessário termos em mente algumas categorias utilizadas por Castells, no livro citado, no que se refere a sua análise da produção capitalista.
Para Castells (1999, p.34), as sociedades têm sua organização e dinâmica estruturadas por relações historicamente determinadas de poder, experiência e produção. Com base em categorias marxistas, Castells define produção como um processo, no qual, os homens transformam a matéria (natureza, a natureza modificada pelo homem, a natureza produzida pelo homem e a própria natureza humana) em um produto, em parte consumido e em parte acumulado para investimentos determinados socialmente. A relação entre os homens e a natureza envolve o uso de meios de produção com base em energia, conhecimentos e informação. Para o autor, a tecnologia é justamente, a forma específica dessa relação.
De acordo com Castells, as regras relativas à apropriação, distribuição e uso do excedente constituem modos de produção que, por sua vez, definem relações sociais de produção, determinando a existência de classes num certo contexto histórico. No século XX temos dois modos de produção:
- - o capitalismo, modo de produção definido pela separação entre produtores e meios de produção em função da propriedade privada; o que possibilita aos capitalistas determinarem os princípios de apropriação do excedente. Esse modo de produção busca a maximização de lucros, ou seja, o aumento do excedente acumulado pelos proprietários dos meios de produção.
- - o estatismo, modo de produção definido pelo controle estatal do excedente, portanto, um controle externo à esfera econômica exercido pelos detentores do poder estatal. Tal modo de produção objetiva ou objetivava a maximização do poder, ou seja, via aumento da capacidade militar e ideológica do aparato burocrático buscava impor seus objetivos sobre parcelas cada vez maiores de indivíduos.
Na perspectiva teórica desenvolvida por Castells, o modo de produção, portanto, determina a forma de apropriação e uso do excedente. O nível do excedente por sua vez é determinado pelo grau de produtividade. O nível de produtividade está relacionado ao modo de desenvolvimento da produção que nada mais é do que os procedimentos técnicos utilizados pelos trabalhadores, utilização de meios de produção; com aplicação de energia e conhecimento para transformarem matéria em produto. O modo de desenvolvimento é estabelecido pelo elemento incrementador da produtividade. O autor cita três modos de desenvolvimento:
- - o agrário, cuja incrementação da produtividade deriva do aumento da quantidade de trabalhadores e de terras cultiváveis.
- - o industrial, no qual o aumento da produtividade depende da introdução de novas fontes de energia e da descentralização do uso de energia nos processos de produção e circulação.
- - o informacional, cuja fonte de produtividade encontra-se na tecnologia de geração de conhecimento, de processamento de informação e de comunicação de símbolos.
Ressalta-se que o industrialismo era o modo de desenvolvimento sobre o qual surgiu e se desenvolveu o capitalismo e o estatismo. Todavia, esse modo de desenvolvimento, na década de 70, esgotou sua capacidade de possibilitar incrementos de produtividade e em conseqüência tivemos o desencadeamento de crises, tanto no modo de produção capitalista como no estatista. As reformas econômicas iniciadas nos anos 80, em países organizados sob os dois modos de produção buscavam justamente o estabelecimento de mudanças na base técnica da produção.
Para Castells, a Perestroyka estatista falhou devido, entre outros fatores, às limitações políticas do regime soviético e a Perestroyka capitalista obteve êxito no sentido de aumentar a produtividade. A reestruturação capitalista teve como metas: aprofundar a lógica capitalista de busca de lucros nas relações capital/trabalho, aumentar a produtividade do trabalho, globalizar a produção, circulação e mercados e direcionar o apoio estatal para ganhos de produtividade e competitividade das economias nacionais. Tais reformas somente tiveram êxito porque houve uma mudança na base técnica da produção capitalista de um modelo industrial para um modelo informacional de desenvolvimento.
O autor esclarece que a centralidade dessa mudança não reside no conhecimento, mas sim, na aplicação do conhecimento para a geração de novos conhecimentos e dispositivos de processamento e comunicação de informações, em um ciclo de realimentação cumulativo entre inovação e seu uso que se tornou o elemento dinamizador da produtividade do modo de produção capitalista. Dessa forma, a informação tornou-se o produto principal do processo produtivo.
As informações são aplicadas na produção de dispositivos de processamento e comunicação de informações, isto é, são aplicados na produção de tecnologias de informação constituídas por um conjunto de tecnologias em microeletrônica, computação(hardwares e softwares) telecomunicações, radiodifusão, optoletrônica e engenharia genética. Tais tecnologias são modificadas na medida em que os usuários (consumidores, técnicos e trabalhadores) aprendem a utilizá-las, aprendem a aperfeiçoá-las e por meio delas aprendem comunicar suas experiências relativas a esse processo de aprendizagem. As informações geradas nesse processo de aprendizagem são utilizadas na produção de novas tecnologias.
O campo de produção de programas de computador está repleto de exemplos do processo descrito acima. Usuários avançados constantemente sugerem para as empresas algumas medidas tendo em vista a superação das falhas de segurança e aperfeiçoamento de seus programas. Outros usuários trabalham no melhoramento de programas com códigos de fonte abertos, como exemplo, o sistema operacional Linux. Outros criam programas que contribuem para o desenvolvimento do próprio processamento de informações, como por exemplo, programas de comunicação instantânea como o ICQ, navegadores, players, etc.
Conforme Castells, as tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Usuários e criadores tornam-se a mesma pessoa. Segue-se uma relação muito próxima entre os processos sociais de criação e manipulação de símbolos (a cultura e a sociedade) e a capacidade de produzir e distribuir bens e serviços (as forças produtivas). Tais mudanças trazem uma nova relação entre o homem e máquinas visto que

“... pela primeira vez na história, a mente humana é uma força direta de produção, não apenas um elemento decisivo no sistema produtivo...Assim, os computadores, sistemas de comunicação, decodificação e programação genética são todos amplificadores e extensões da mente humana. O que pensamos e como pensamos é expresso em bens, serviços, produção material e intelectual, sejam alimentos, moradia, sistemas de transporte, saúde e educação” (1999, p.51).

Dessa forma, temos um processo de reflexividade do conhecimento que envolve de um lado, atores que têm seus conhecimentos transformados e ampliados mediante o uso de tecnologias da informação e do outro lado, tecnologias de informação que são modificadas em função dos novos conhecimentos que são gerados no processo de sua utilização.
Como vimos, esse modo reflexivo de produção de informação é a fonte de incremento de produtividade no novo modo de desenvolvimento do capitalismo. Essa mudança na base técnica da produção capitalista gera uma demanda cada vez maior por conhecimento científico por parte das empresas visto que ele é fundamental na melhoria de competitividade. Em função dessa demanda vemos surgir o que Michael Gibbons e colaboradores (1994) denominam um novo modo de produção do conhecimento científico caracterizado pela:
- - Aplicabilidade. No modo tradicional, newtoniano, o conhecimento é produzido tendo em vista os interesses cognitivos do cientista, como por exemplo, a consolidação de uma linha de pesquisa no contexto da disciplina que atua. No novo modo, a produção do conhecimento visa atender demandas e problemas colocados pelas práticas sociais.
- - Diversidade e flexibilidade institucional. No modo tradicional, , o conhecimento tem como espaço de produção a universidade. No novo modo de produção, nós temos conhecimento sendo produzido em diversos lugares: academia, empresas, ONG’s, centros de pesquisa e nos próprios locais de trabalho. Muitas vezes, temos pesquisadores dessas diversas instituições, articulados por meio das tecnologias de informação numa rede de grupos de pesquisa que buscam atender demandas específicas.
- - Transdisciplinaridade. Justamente em função das demanda postas, teremos em cada grupo pesquisadores com formações diversas. Os problemas colocados no contexto do novo modelo de desenvolvimento são complexos e exigem respostas rápidas, por isso, a necessidade de pesquisadores de várias áreas de conhecimento.
- - Reflexividade social. Um conhecimento produzido num contexto de aplicação e diversidade institucional se difunde pela sociedade visto que a sua produção envolve não só diversos tipos de pesquisadores como também não pesquisadores interessados nos problemas colocados pela realidade social. Assim, temos grupos e movimentos participando ou querendo participar, direta ou indiretamente, da produção e da apropriação do conhecimento; o que implica por sua vez em constantes modificações nesses processos.
As visões de Castells e Gibbons sobre a questão da informação na sociedade contemporânea aproximam-se da visão de Giddens, ainda que o primeiros autores enfatizem as dimensões material e organizacional da produção do conhecimento e o segundo enfatize a dimensão sociológica de sua apropriação.
Para Giddens, nas sociedades modernas, o conhecimento científico consolidado em sistemas especializados (as práticas dos chamados profissionais, a especialização objetivada em máquinas e mecanismos monetários, etc) possibilita que os sujeitos estejam constantemente examinando suas práticas sociais.
Um exemplo dado pelo autor (1993, p.39) é relativo às práticas sexuais. Ele cita relatórios de pesquisas, como o relatório Kinsey, que quando foram divulgados provocaram debates, novas investigações e mais debates que se tornaram parte de um domínio público amplo e que serviram para modificar opiniões de leigos sobre as próprias práticas, envolvimentos e preferências sexuais. Assim, tais pesquisas contribuíram para acelerar a reflexividade das práticas sexuais habituais e cotidianas
Um outro exemplo (1993, p.42)está relacionado à reflexividade do corpo acelerada pela invenção da dieta. A dieta está ligada a uma ciência: a Nutrição. Ela situa a responsabilidade pelo desenvolvimento e a aparência diretamente nas mãos do seu proprietário. O que o indivíduo come , mesmo entre os mais carentes, torna-se uma questão reflexivamente impregnada de seleção dietética. O que se come é uma escolha do estilo de vida, influenciado e construído, por um número imenso de livros de culinária, tratados médicos populares, guias nutricionais.
Dessa forma, enquanto Castells e Gibbons ressaltam o processo reflexivo de produção do conhecimento; Giddens ressalta a sociedade reflexiva onde o conhecimento tem papel fundamental.
Pode-se inferir que são dois lados de uma mesma situação. De um lado, nós temos sujeitos (trabalhadores, técnicos, pesquisadores, usuários) que ao utilizarem as tecnologias de informação produzem e renovam informações que contribuem para modificar essas tecnologias e do outro lado, informações constantemente renovadas e veiculadas por também renovadas tecnologias que alcançam e transformam indivíduos nos mais diversos lugares e grupos sociais.
Como vimos, a emergência desse modo de produção e apropriação reflexiva do conhecimento, nova base técnica de reprodução do capital, está relacionada à reestruturação capitalista que envolve, em maior ou menor grau, empresas em diversos países.
No Brasil, desde do início da década de 90, há um esforço dos governos e empresários no sentido de adaptação do país a esse processo de reestruturação, por meio da ampliação da abertura econômica ao capital estrangeiro, privatização de empresas estatais, desregulamentação das atividades produtivas, flexibilização da legislação trabalhista e mudanças nos métodos de organização e gestão trabalho
Conforme Frigotto (1994, p.61), nesse contexto, conceitos pontes foram criados e outro ressignificados, tais como :sociedade do conhecimento, qualidade total, formação flexível e polivalente, educação geral e abstrata, empregabilidade, policognição, integração, flexibilidade, competitividade, currículo por competências e habilidades, etc.
Esses conceitos se concretizam em programas e métodos que visam otimizar tempo, energia e espaço, isto é, objetivam aumentar a produtividade: programas de reengenharia, descentralização produtiva, terceirização e em proposta educacionais que visam a formação de um novo trabalhador com capacidade de abstração, criatividade, responsabilidade, lealdade e disponibilidade para colocar seu potencial comportamental e cognitivo à disposição da empresa.
Interessante notar como esses conceitos tornam-se cada vez mais hegemônicos nos discursos sobre os processos de formação do trabalhador embasando a idéia de educação para competitividade no momento atual.
Assim, nós vemos jornais de grande circulação produzirem cadernos que trazem informações que objetivam contribuir para a empregabilidade do leitor. Nesses cadernos geralmente temos testes que medem a criatividade, adaptabilidade, liderança, etc., modelos para a elaboração de currículos e cartas, dicas de cursos, orientações para entrevista, análises das perspectivas do mercado de trabalho.
Percebe-se também, a presença crescente desses conceitos nos cursos de qualificação profissional. Aqui no DF, o Projeto Saber, no período de 1995-98, tinha uma proposta padrão para os diversos cursos, na qual, os alunos deveriam se apropriar de habilidades gerais, habilidades específicas e habilidades de gestão. Tais habilidades eram trabalhadas no estudo de temas como: princípios e técnicas comportamentais, entrevista, currículo, relações interpessoais no trabalho, administração do tempo, qualidade no atendimento, qualidade total e qualidade do empresário de sucesso (grifos nossos)
Os conceitos citados fundamentam também o discurso do empresariado em defesa de reformas na educação. Todos os dias, assistimos empresários e seus representantes, por meio de artigos, reportagens, programas de TV, afirmarem que a inserção competitiva do Brasil no mercado mundial depende de mudanças relativas à qualidade e à gestão da educação básica e profissional.
É nesse contexto de reestruturação capitalista, ressignificação de conceitos e discursos em favor da educação que se desencadeou a partir de 1997, uma reforma do ensino médio e da educação profissional. Essas reformas visam, justamente à formação de trabalhadores polivalentes e com capacidade de abstração e à formação de cidadãos/usuários capazes de lidar de uma forma reflexiva com as tecnologias das linguagens e códigos, das ciências da natureza e das ciências humanas, área na qual, está inserida a Sociologia.
Portanto, a Sociologia é inserida novamente no currículo do ensino médio, em um contexto de educação com ênfase na competitividade, no qual, essa ciência, em conjunto com Antropologia e Política, deve contribuir com suas tecnologias para que o educando desenvolva competências e habilidades relacionadas por exemplo, aos processos de gestão e planejamento do trabalho.
Há, então, uma concepção epistemológica bastante definida acerca do conhecimento sociológico que deve ser trabalhado na educação básica média: a Sociologia como tecnologia. A seguir, essa concepção será analisada e criticada, a partir da visão de Giddens sobre o papel da Sociologia, no contexto das sociedades contemporâneas marcadas pela alta reflexividade do conhecimento.

3.2 A SOCIOLOGIA NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO REFLEXIVO

Nossa análise terá como ponto de partida a justificativa dada pelos mentores da Reforma do Ensino Médio para a associação das Ciências Humanas com suas tecnologias, visto que tradicionalmente nos currículos, tal associação somente era feita com as Ciências da Natureza.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), a presença das tecnologias na área de Ciências Humanas é justificada pela compreensão ampla da tecnologia como produto e processo, assim como, pela distinção entre as

“tecnologias duras produzidas pelas Ciências da Natureza configuradas em ferramentas e instrumentos materias e as tecnologias ideais, isto é, referidas mais diretamente ao pensamento e as idéias, tais como as que envolvem processos de gestão e seleção e tratamento de informações, embasados em recortes sociológicos”. (1999, p.22-23)

Ainda, como justificativa para inserção das tecnologias na área de Ciências Humanas, os PCNEM apontam que a essa área cabe:

“Construir a reflexão sobre as relações entre a tecnologia e totalidade cultural, redimensionando tanto a produção quanto à vivência cotidiana dos homens. Inclui-se aqui o papel da tecnologia nos processos econômicos e sociais e os impactos causados pelas tecnologias sobre os homens, a exemplo do tempo fugido ou eternamente presente, em decorrência da aceleração do fluxo de informações.” (1999, p.23)

Tendo em vista essa visão das tecnologias nas ciências Humanas, o Parecer 15/98 (MEC, 1999, p.168) estabelece que os conceitos, procedimentos, técnicas e valores provenientes da Geografia, Filosofia, História e Sociologia, disciplinas constitutivas da área de Ciências Humanas e suas tecnologias, devem ser trabalhados de forma interdisciplinar e contextualizada, com o objetivo de contribuir para que o educando desenvolva as seguintes competências e habilidades:

- - “Entender os princípios das tecnologias associadas ao conhecimento do indivíduo, da sociedade e da cultura, entre as quais as de planejamento, organização, gestão, trabalho em grupo, trabalho de equipe, e associa-las aos problemas que se propõem resolver”.
- - “Entender o impacto das tecnologias associadas às ciências humanas sobre sua vida pessoal, os processos de produção, o desenvolvimento do conhecimento e a vida social”
- - “Aplicar as tecnologias das ciências humanas e sociais na escola, no trabalho e outros contextos relevantes para sua vida.”
- - “Entender a importância das tecnologias contemporâneas de comunicação e informação para o planejamento, gestão, organização, fortalecimento do trabalho em equipe”

A compreensão descrita acima contraria a percepção que a maioria das pessoas tem, arragaida no senso comum, de que tecnologia é necessariamente um conhecimento concretizado em artefatos como computadores, motores, televisores, etc. Certamente essa visão comum presente também nas mentes dos educadores dificulta a implantação da reforma.
A professora Juana Sancho da Universidade de Barcelona, em entrevista ao Jornal do Brasil (1999), denuncia que na realidade mais que senso comum, essa visão está impregnada de uma ideologia, na qual, o conceito de tecnologia é sobreposto pelo conceito de tecnologia de informações, isto é, um conjunto de aparatos, artefatos ou produtos (computadores, redes telemáticas, internet, televisão) para produzir, receber, tratar e transmitir informação.
Para a professora, em primeiro lugar, tal situação dificulta a problematização e discussão dos fundamentos políticos e éticos de tecnologias que de fato têm mais influência sobre a vida das pessoas, como as tecnologias organizativas (o taylorismo, o fordismo, o toyotismo), sistemas políticos e econômicos, sistemas organizativos de escolas, empresas, hospitais etc, as tecnologias simbólicas (criação e utilização de signos e símbolos) e as biotecnologias (bioengenharia, manipulação genética de animais e plantas).
Em segundo lugar, hierarquiza os conhecimentos e reforça uma divisão de poder, trabalho e riqueza, na qual, certas formas de saber, valores e visões de mundo são priorizadas em detrimento de outras. Desconsidera portanto, que qualquer tecnologia, seja ela artefatual, simbólica, organizativa ou biotecnológica, surge em um determinado contexto para tentar resolver um problema que se coloca para um cientista em seu laboratório, numa empresa em seu departamento de pesquisa e desenvolvimento, numa indústria de guerra ou um profissional no seu trabalho cotidiano. Desconsidera enfim que qualquer indivíduo é produtor e consumidor de tecnologia, de conhecimento em ação.
Enfim, para Sancho é uma concepção que ao reduzir a tecnologia à dimensão material encobre as relações entre saber e poder, tanto no âmbito das políticas econômicas e sociais como no âmbito do cotidiano das pessoas no trabalho, na escola, no hospital, etc. Assim, desse ponto de vista, a associação entre as Ciências Humanas e suas Tecnologias pode significar, em tese, um avanço na crítica à ideologia descrita acima.
Postas as possibilidades e as dificuldades quanto compreensão do estatuto das tecnologias das Ciências Humanas, uma questão mais específica nos é colocada: quais são as possibilidades e limites epistemológicos da Sociologia como uma tecnologia? Dito de outro forma, existe conhecimento produzido na Sociologia que tenha alguma aplicabilidade?
Cabe notar que esses questionamentos acerca da praticidade da Sociologia, não são somente feitos por pesquisadores e epistemólogos. Assim temos, os alunos no Ensino Médio que freqüentemente perguntam para que estudam Sociologia? Os amigos e parentes dos graduandos em Ciências Sociais que os interrogam: por que a escolha desse curso? O que o sociólogo faz de prático?
Interessante ressaltar que os ouvintes de Anthony Giddens na BBC de Londres, constantemente lhe questionam: a Sociologia pode nos ajudar nas nossas decisões diárias ou ela é somente uma teoria interessante?
Giddens (1999) responde que a Sociologia é um assunto com implicações práticas importantes para nossa vida visto que ela pode contribuir para uma crítica social, uma reforma da prática social, de diversas formas:
- - ela melhora os conhecimentos relativos às circunstâncias sociais em que estamos envolvidos e possibilita maiores chances de controlarmos os problemas vinculados a essas circunstâncias.
- - ela possibilita o aumento da sensibilidade cultural, permitindo a construção de políticas baseadas em valores culturais divergentes.
- - A partir da Sociologia nós podemos investigar as conseqüências intencionais ou não de adoção de certos programas políticos particulares. A pesquisa sociológica fornece uma ajuda prática no assessoramento de iniciativas políticas.
- - O mais importante, a Sociologia propicia um clareamento dela mesma que permite a grupos e indivíduos compreenderem e alterarem suas próprias condições de vida. No mais, sabendo sobre o porque nós agimos e como nós fazemos certas coisas em sociedade, provavelmente nós seremos capazes de influenciar nosso próprio futuro.

Inclusive para Giddens, em concordância com Sancho, as Ciências Sociais no mundo moderno têm mais influência na vida cotidiana das pessoas do que as Ciências da Natureza, visto que a revisão constante das práticas sociais com base no conhecimento sobre essas práticas, hoje, faz parte da dinâmica e estrutura das relações sociais.
Um exemplo dado pelo autor (1991, p.47) é relativo aos conceitos da Economia como capital, investimento, mercados e indústria que fazem parte da vida econômica moderna. O cidadão não precisa dominar esses conceitos, mas todos que utilizam uma conta bancária demonstram um conhecimento implícito e prático destas noções. Para o autor, estes e outros conceitos das ciências sociais constituem ativamente o que é comportamento e informam as razões pelas quais ele é empreendido.
Para Giddens, a Sociologia tem um papel central nesse processo de reflexividade visto que ela é a análise mais ampla sobre a vida moderna. Um exemplo dessa amplitude dado pelo autor é a forma como as estatísticas utilizadas pelas Ciências Sociais refletem sobre o cotidiano das pessoas. Assim, qualquer indivíduo num país ocidental que decide se casar, tem essa decisão , balanceada e refletida pelo conhecimento acerca das altas taxas divórcios. Tal conhecimento pode afetar a própria decisão de se casar, bem como decisões sobre considerações relacionadas – regime das propriedades. Dessa forma, para o autor,

“ a consciência dos níveis de divórcio não é a simples apreensão dos dados. Ela é teorizada pelo agente leigo de maneira impregnada pelo pensamento sociológico. Desta forma, virtualmente todos que consideram o casamento têm uma idéia de como as instituições familiares vêm mudando – posição social e no poder do homem e da mulher, alteração nos costumes sexuais. O casamento e a família não seriam o que são hoje se não fossem inteiramente sociologizados e psicologizados.” (1991, p.49)

Conforme Lash (1999), de fato para Giddens, a Sociologia é o sistema especialista fundamental da modernidade, visto que uma parcela crescente da população tem acesso – de uma forma mais ou menos diluída – a conceitos sociológicos como um meio de reflexão sobre as práticas sociais e que a própria modernidade é intrinsecamente sociológica. E mais, a Sociologia de fato reestrutura reflexivamente seu objeto, o sujeito social, que aprende assim, a pensar sociologicamente.
Giddens adverte, entretanto, que um maior conhecimento sobre a vida social não significa um maior controle sobre a mesma, como ocorre na relação Ciências Naturais e natureza. Para o autor isto aconteceria se a vida social fosse separada do conhecimento ou se esse conhecimento pudesse ser filtrado nas razões para a ação social, produzindo passo a passo aumentos na racionalidade.
Percebe-se, portanto, na perspectiva epistemológica do autor, uma crítica a uma certa visão instrumentalista da Sociologia como conhecimento aplicado, tendo como modelo as tecnologias das Ciências da natureza. Para Giddens (1991, p.23), tal visão está amparada nas teorias clássicas. Numa primeira versão, o conhecimento sociológico mantém uma relação instrumental com o mundo social de tal forma que pode ser aplicado de uma maneira tecnológica par intervir na vida social. Numa segunda versão, a marxista, as descobertas das Ciências Sociais são importantes no processo de se fazer a História, desde que não sejam aplicadas a objetos inertes, mas filtradas pelo auto-entendimento dos agentes sociais. Trata-se, para o autor, de uma visão mais sofisticada do que a primeira, todavia, sua visão de reflexividade é demasiada simples visto que a relação entre a Sociologia e seu objeto deve ser entendida numa hermenêutica dupla, na qual,

“O conhecimento sociológico espirala dentro e fora do universo da vida social, reconstruindo tanto esse universo, como a si mesmo, como uma parte integral deste processo.” (1991, p.:24)

Para o autor, (1991,p.59), o processo de aplicação do conhecimento sociológico diferencia-se do processo das Ciências da Natureza pela sua reflexividade hermenêutica e por mais três fatores:
1. 1. Poder diferencial. A apropriação do conhecimento não ocorre de maneira homogênea, mas é com freqüência diferencialmente disponível para aqueles em posição de poder.
2. 2. O papel dos valores. As mudanças na perspectiva derivadas de inputs de conhecimento têm uma relação móvel com as mudanças nas orientações de valores.
3. 3. O impacto das conseqüências não pretendidas. O conhecimento sobre a vida socialtranscende as intenções daqueles que o aplicam para fins transformativos.

Na perspectiva epistemológica de Giddens, portanto, a Sociologia não desenvolve conhecimento acumulativo da mesma maneira que as Ciências Naturais. Não há então, acumulação de conhecimento de um lado, e controle crescente do desenvolvimento social do outro. Para o autor, a questão fundamental que não foi percebida pelos teóricos clássicos da Sociologia é a seguinte:

“Não é que não exista um mundo social estável a ser conhecido, mas, é que o conhecimento deste mundo contribui para seu caráter instável ou mutável.” (1991, p.51)

Assim, a elaboração teórica de Giddens acerca do papel da Sociologia na modernidade contribui em muito para o entendimento das possibilidades e condições epistemológicas de um conhecimento sociológico aplicado no ensino médio que não seja meramente instrumental e mecânico. A compreensão da aplicabilidade do conhecimento como um processo de apropriação reflexiva nos coloca a viabilidade de uma Sociologia interessante para os alunos, na medida em que permita a análise de seus projetos de construção do “eu” e ao mesmo tempo, fundamenta o exame e a mudança das práticas sociais nas quais estão envolvidos.
Parece-nos que essa visão torna a Sociologia mais atraente para o público em geral. Conforme Lash (1997,p.144) a aplicabilidade imediata empírica é a virtude das teorias da modernidade tanto de Giddens como as de Beck. Para ele, o que tais teorias representam o desenvolvimento do que é conhecido na Alemanha como uma zeitdiagnostische Soziologie. Dois livros de Beck, Risk Society e Das ganz normaleI estão entre os livros de Ciência Social mais vendidos na história da Europa continental, inclusive lidos pelo público leigo. Conforme Lash, isto aconteceu porque Beck se referiu ao quanto a mudança social, em suas linhas mais amplas, era também a mudança das vidas cotidianas.
Quanto a Giddens, de acordo com Lash (p.145), anteriormente suas obras eram lidas para aprender sobre sua teoria social, seus conceitos de distanciamento tempo-espaço, a teoria da estruturação.Agora, em virtude de estar com uma obra mais acessível, as pessoas estão lendo seus livros para saberem sobre confiança, risco, relacionamentos, a crise da modernidade, o papel dos sistemas especialistas.

4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, busquei subsídios teóricos para compreender as condições epistemológicos internas e externas sob as quais estão sendo implementadas as reformas curriculares brasileiras que têm como um dos seus desdobramentos a volta da Sociologia ao Ensino Médio.
Tendo em vista esse objetivo, procurei me isentar de fazer comentários críticos acerca das próprias reformas. Por isso, nesse momento, gostaria de fazer alguns comentários acerca do caráter ideológico das propostas de reforma educacional em curso
Um dos argumentos do Ministério da Educação (1999, p.14) em favor da reformas seria que elas visam atender os novos contextos gerados pelas mudanças decorrentes da chamada terceira revolução técnico-industrial, na qual, o conhecimento tem um lugar central nos processos de desenvolvimento econômico, organização do trabalho e das relações sociais.
Tanto essas reformas como outras pelas quais passam o país (privatização, desregulamentação das atividades produtivas, reforma administrativa, flexibilização das relações trabalhistas) são colocadas, freqüentemente como decorrências naturais das mudanças citadas acima. Assim, não haveria outras alternativas e portanto, as críticas não procederiam. Nesse sentido, as críticas são provenientes justamente daqueles que não compreenderam ou não aceitaram o processo de globalização.
Conforme Castells, os processos de reestruturação como resposta à crise do modelo de acumulação industrial tiveram várias formas e intensidades em função das condições políticas e ideológicas de cada país. Assim tivemos o caso da União Soviética, onde os limites políticos não permitiram a reestruturação proposta por Gorbachov. O caso americano no qual, o keynisianismo bélico de Reagan aprofundou o déficit público. E os países do terceiro mundo, nos quais, as políticas de reestruturação foram marcadas por processos de transição política.
Enfim, as reformas não são fenômenos naturais, mas sim resultam de opções políticas que dependem da correlação de forças entre os grupos e classes que disputam o poder. Estas correlações por sua vez, estão relacionadas à capacidade desses grupos de tornarem seus discursos hegemônicos.
No caso brasileiro, o discurso da naturalização e inevitabilidade das reformas constrói a idéia de que a mudança na educação é consensual e portanto, universal visto que atende aos interesses de todas as classes sociais. Nessa perspectiva, a defesa da melhoria da educação básica feitas por homens de negócios, entidades empresarias, meios de comunicação expressa em artigos, reportagens, campanhas publicitárias significa que, nesse momento, não só os setores populares estão envolvidos com essa questão.
Situação diferente de épocas anteriores, nas quais, o empresariado estava preocupado somente em ter um trabalhador preparado para executar tarefas parcelares, formados em programas de socialização e qualificação como aqueles oferecidos, em tempos não muito remotos, pelo sistema S (SENAC, SENAI, SESI, SESC). Esse tipo de trabalhador, obediente e adestrado, hoje seria, um entrave para a melhoria da qualidade e da produtividade das empresas.
Nesse sentido, os empresários e governo estão juntos com os movimentos sociais na defesa de bandeiras como: “toda criança na escola”, “democratização e autonomia das escolas” e “valorização do magistério”. Assim, nesse contexto, é tarefas de “todos” criar alternativas que acabem com a defasagem idade-série no ensino fundamental, reformar o ensino médio e a educação profissional, expandir o acesso ao ensino superior, etc.
Um outro aspecto da ideologia das reformas é individualizar as soluções para os problemas sociais . Dessa, forma o desemprego é um problema do trabalhador que não se adaptou ao perfil exigido pelo nova forma de organização do trabalho, ou seja, ele não possui criatividade, visão de conjunto, capacidade de liderança, de abstração, domínio de conhecimentos científicos que fundamentam a produção.
Então cabe ao trabalhador, individualmente, buscar uma melhoria da sua qualificação e assim aumentar sua capacidade de encontrar empregos, isto é, sua empregabilidade, visto que, hoje, não há mais postos fixos e definitivos no mercado de trabalho.
Na linha desse discurso, o desemprego não parece ter nenhuma relação com as políticas públicas desenvolvidas. Ao contrário, o governo com as privatizações e abertura econômica têm aumentado a entrada de recursos externos no país que a médio prazo significarão um montante maior de investimentos na produção e, conseqüentemente, um maior número de empregos.
O governo tem também priorizado, por meio de reformas e investimentos, a educação. A melhoria da qualidade da educação é fator preponderante na solução do desemprego visto que esse têm como causa principal a formação profissional precária do trabalhador brasileiro.
Trata-se, portanto de um discurso liberal que naturaliza as relações sociais, individualiza as questões sociais e enfatiza a educação como promotora da competitividade. Ressalta-se que é um discurso contraditório, pois, propõe uma educação que forme trabalhadores criativos, críticos, participativos e ao mesmo tempo, adaptados, dóceis e submissos à lógica da empresa.
Talvez seja esse caráter contraditório, o espaço de luta, no qual, os movimentos sociais devam buscar meios para que as reformas tenham um caráter mais avançado do que o atual. Não podemos nos esquecer de que as reformas em curso estão fundamentadas em princípios pedagógicos, como interdisciplinaridade, contextualização, utilização de múltiplas tecnologias, trabalho com projetos que estão presentes em diversas propostas de cunho progressista em curso no país vimos.
Hoje mais do que nunca é importante uma visão dialética do papel da educação. A professora Juana Sancho sintetiza bem esse papel:

“A melhor educação para um jovem em formação, como indivíduo e como profissional, deve ser integral. Ou seja, atender às dimensões intelectuais, emocionais e corporais. Uma educação que possibilite realizar juízos reflexivos e desenvolver habilidades de pesquisa, que capacite para alcançar a auto-realização e possibilite encontrar o que se é realmente; que permita a comunicação, a criatividade, o saber resolver problemas e trabalhar em equipe. Uma educação que também leve à utilização das novas tecnologias, mas exercendo uma cidadania responsável, com auto-satisfação, tendo consciência de seus direitos e deveres e disposição para o trabalho. Ou seja, alguém que não obedeça cegamente a ninguém nem a nada. Mais que um tecnocrata radical, a educação deve formar um cidadão radical.” (1999)

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

TEORIAS SOCIOLÓGICAS

- CASTELLS, M. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. vol1. Rio de Janeiro, Paz e terra, 1999.
- GIBBONS, M. The new production of knowledge: the dynamics of science in contemporany societies. London, Sage, 1994.
- GIDDENS, A. Conseqüências da modernidade. São Paulo, UNESP, 1991.
---. A transformação da intimidade. Sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo, UNESP, 1993.
---. The Director’s Home Page - London School of Economics and Political Science: www.ise.ac.uk/Giddens.meet.htm, 1999
- LASH, S e outros Modernização reflexiva. Política, tradição, e estética na ordem social moderna. São Paulo, UNESP, 1997.

LITERATURA EDUCACIONAL

- BACKER, F. A epistemologia do professor. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.
- FRIGOTTO, G. Educação e formação humana: ajuste neoconservador e alternativa Democrática. In: GENTIL e SILVA (Org.) Neoliberalismo, qualidade total e educação. Petrópolis, Vozes, 1994.
- LEITE,L. A Pedagogia de Projetos em questão. In: Reflexões sobre a prática Pedagógica na Escola Plural 1: Projetos de Trabalho. Belo Horizonte, Secretaria de Educação de Educação, 1995.
- MELLO, G.N. Diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio: Parecer 15/98 do Conselho Nacional de Educação. In Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Bases Legais – Vol 1 – Ministério da Educação, 1999.
- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio. Brasília, MEC, 1999 – Ciências Humanas e suas Tecnologias V.4
- SANCHO, J. Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre, Artmed, 1998.
- ----------------. Lição para usar tecnologia. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 1999. Entrevista.
- SOBRAL, F. Educação para a competitividade ou para a cidadania social? Brasília, UnB, 2000. (mimeo)
- SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO DF. Currículo da Educação Básica das escolas públicas do Distrito Federal. Brasília, FEDF/SE, 1999.
- SECRETARIA DE TRABALHO DO DF. Projeto Saber: manual técnico. Brasília, GDF, 1997.

MANIFESTOS POLÍTICOS

MANIFESTO CONTRA A REFORMA CURRICULAR E O ESBOÇO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – 2005.

Ciências Sociais, Criatividade & Democracia

São Luís, Colegas de Ciências Sociais,

Lamentamos o fato de não termos tido condições de participar das últimas reuniões sobre o Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Sociais. No entanto, gostaríamos de expressar nosso descontentamento com as notícias sobre os encaminhamentos até agora aprovados no Colegiado, principalmente sobre as decisões em relação ao Estágio de Bacharelado (Profisionalização do Cientista Social) e a Licenciatura (Formação do Professor).
As Diretrizes Curriculares do Ministério são claras, temos que desenvolver 3 tipos de formandos: 1. Pesquisador; 2. Professor e 3. Profissional.
Como membros do Sindicato, e representante dos filiados à entidade, afirmamos aos Colegas Docentes que os mesmos se iludem ao pensar que estão corretos ao priorizarem a formação do Pesquisador, sugerindo a participação exclusiva dos alunos nos Grupos de Pesquisa.
Apesar de participarmos de vários Grupos de Pesquisa não consideramos que essa seja a experiência universitária mais importante. A formação da vida intelectual dos estudantes não pode ficar na mão dos professores compartimentados em seus gabinetes fechados, distribuindo bolsas e produzindo cumplicidades; o legado da 'cultura sociológica e antropológica' deve ser transmitido nas salas de aula e nos seminários abertos, lugares da transmissão democrática dos saberes, da cultura e da sociabilidade.
Temos lutado pelo desenvolvimento integral e autônomo dos estudantes e dos professores, há muitos anos – não vemos razão para retrocedermos. Devemos priorizar a luta pela emancipação intelectual dos estudantes e preservar o desenvolvimento das múltiplas vocações dos discentes (em sala de aula e seminários abertos). Ao acabar com o Estágio de Bacharelado e desvalorizar a Licenciatura, estão reproduzindo uma lógica empobrecida, uma visão multiladora e castradora das vocações estudantis. Especialmente a Licenciatura - lembramos que é o ÚNICO Projeto de Extensão Universitária do DEPSAN, oficialmente aprovado no CONSEPE/UFMA – trabalho efetivo que deveria expressar nossa responsabilidade social e vínculo com a sociedade, atuando no Sistema de Ensino Médio maranhense.
Os problemas em relação a circunstancial falta de docentes para conduzir as tarefas de Estágio de Bacharelado e Licenciatura, podem ser sanados através de concursos públicos voltados para essas áreas deficientes, criando responsabilidades mais específicas. Basta de concursos para vagas abertas em Antropologia, Ciência Política e Sociologia Geral! Devemos diminuir o alto grau de anarquia na condução dos nossos objetivos institucionais, produzindo mais responsabilidades individuais e coletivas. O individualismo dos docentes está produzindo uma acentuada fragmentação e desinteresse pelos princípios políticos didático-pedagógicos básicos. Nosso dever como professores de Sistema Público de Ensino é lutar pela DEMOCRACIA e a multiplicação das potencialidades do alunado – potencializar uma política libertadora, emancipadora e autonomista. Devemos ter cuidado com a reprodução desenfreada de réplicas do mesmo e cópias da mesmice. Está na hora de investir na CRIATIVIDADE, na multiplicidade e nas diversas vocações simultâneas, preservando a pluralidade dos modos de ser cientista social.

Saudações acadêmicas,

Prof. Alexandre Corrêa
Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Maranhão.

* * *

MOVIMENTO POLÍTICO UNIVERSITÁRIO 'MAURÍCIO TRAGTEMBERG' CONTRA A DELINQUÊNCIA ACADÊMICA.

Os Pequenos Burgueses Pós-Modernos: mais felizes do que pinto no lixo!

Não há muita coisa nova, nem novos odores, ou perfumes no ar que respiramos... No entanto, 'tudo o que é sólido está se desmanchando' e de certa forma vai deixando tudo mais poluído, nos sufocando terrivelmente. Mas ainda é possível encontrar algum ar saudável para respirar...
Precisamos de alguma persistência e lucidez neste momento difícil, isso é certo.
Estamos assistindo, com novas roupagens, a mesma lenga-lenga dos velhos pequenos burgueses que agora se auto-intitulam 'PÓS-MODERNOS'. Mas afinal, o que tem de novidade nisso? NADA.
Não passam de profissionais que ascenderam à elite dominante, vindo das camadas mais subalternas da sociedade brasileira – como de resto a esmagadora maioria de nosso povo – e após adquirirem alguns diplomas acadêmicos, com financiamento das universidades públicas e do Ministério da Educação, vêm posar de letrados sofisticados, especialistas e retóricos, ávidos que estão em reproduzir com competência a lógica cultural burguesa dominante.
Mas quem são estas pessoas? Como agem? O que pensam?
Após ascenderem, como verdadeiros alpinistas sociais, à camada mais refinada da sociedade - local ou nacional - fazem de tudo para ocultarem sua origem simplória e humilde. Os discursos são sofisticados, pseudo-eco-socio-antropo-psicanalizados, esotérico-filosóficos, etc., mas o que traduzem? Douram a velha pílula da monótona justificativa barata de seus ideais de pequenos burgueses, mas que não querem mais lembrar de suas origens proletárias, interioranas e sulbalternas. Fazem um esforço enorme, acrobacias incríveis para explicarem frases e conceitos obscuros de pensamentos tortuosos que mal compreendem. Eles sofrem morbidamente, mas podemos dizer que gozam. Gozam de quê? O fato é que não levam muito a sério o seu próprio palavreado, nem ligam para o que dizem e falam, afinal não passam de cindidos esquizofrênicos em transe alucinatório consumista. Pasmem todos, alguns deles tornam-se banqueiros, outros PROFESSORES! Mas, que tipo de educadores eles são! Adoram ensinar? Hum!... Não, no fundo mesmo, odeiam dar aulas, odeiam ensinar, transmitir! Odeiam a democracia e os democratas!
Atrás do desbotado cinismo de pedantes e celerados constata-se que os mesmos orgulham-se muito de ter realizado tudo o que seus pais queriam, conseguiram o sonho de várias gerações de suas famílias – ter o diploma universitário e os títulos acadêmicos. Para que mais, afinal não chegaram no paraíso pequeno-burguês com TAAAANTO esforço? Então, para que mudar o mundo, se já está tudo muito bom e só tende a melhorar mais - para eles, só para eles? Eles sabem que podem consumir os signos do poder e de status em qualquer shopping da cidade! Adoram comprar, e, quando sobra um dinheirinho, gostam de pagar um pouco de alcóol - na Praia Grande - pra quem quiser ouvir suas bravatas pós-modernas. Assim, para quê esquentar a cabeça com os problemas da sociedade, do ensino público, do ensino médio? Estes personagens só querem saber da segurança dos seus parentes e de seus bens. Segurança da velha propriedade privada e da sagrada família.
Este estado de coisas tem que ser transformado. A Universidade Pública, ainda parasitada por estes letrados especialistas, tem que tornar-se efetivamente uma instituição de promoção das políticas emancipatórias e autonomistas. Chega de inércia! Chegou a hora de sacudir o coreto dos conformistas e dos cínicos decadentes!

PARA DESAFINAR O CORO DOS CONTENTES!

Manifesto pelo Voto na Chapa 1 - APRUMA - 2004-5.

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR POPULAR

CENTRO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS FLORESTAN FERNANDES -CACS-

Projeto nº 01/2003 São Luís, 31 de julho de 2003.

1. TÍTULO DO PROJETO

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR POPULAR

2. DADOS DO PROJETO

Proporcionar uma melhor oportunidade de ensino, através de um Cursinho pré-vestibular, de modo a facilitar o acesso a instituições de nível superior, mais especificamente à UFMA.

2.1 PÚBLICO ALVO

Alunos de escolas da rede estadual e municipal de áreas vizinhas ao CAMPUS do Bacanga

2.2 NÚMERO DE PESSOAS BENEFICIADAS

A quantidade de pessoas atendidas pela Cursinho pré-vestibular ficará, em média, de 45 (quarenta e cinco) pessoas.

2.3 ÁREA DE ABRANGÊNCIA

Área Itaqui-Bacanga

2.4 IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS

01 Centro Acadêmico de Ciências Sociais - CACS –

02 Diretório Acadêmico de Geografia – DAGEO-

2.6 EQUIPE DE TRABALHO

Responsáveis, CA’s e DA’s colaboradores, Departamentos e Coordenações de licenciaturas envolvidos.

3. DESCRIÇÃO DO PROJETO

3.1 PERÍODO

De 01 setembro de 2003 à meados de janeiro de2004 .

3.2 HORÁRIO

De segunda a sexta-feira das 08:00 às 11:40

3.3 LOCAL

De segunda a sexta-feira no Sub-piso, sala 4, Bloco 2, CCH-UFMA

3.4 PROGRAMAÇÃO

31/07/2003 – Reunião entre CA’s e DA’s e apresentação do ante-projeto.
05/08/2003 – Apresentação do anteprojeto à Coordenação de Ciências Sociais e ao Departamento de Sociologia e Antropologia
07/08/2003 –Envio do anteprojeto aos Conselhos Superiores e de Centro .
07/08/2003 – Reunião da Reitoria
13/08/2003 – Reunião com Coordenação Geral do Cursinho.
01/09/2003 – Inicio das aulas.

4. CUSTOS DO PROJETO:

4.1 DIVULGAÇÃO:

 Internet ;
 Avisos nos murais internos;
 Aviso nos Departamentos e Coordenações ;
 Aviso na Rádio Universidade

4.2 PALESTRAS:

Sem ônus.

4.3 Material

Ord. Brindes Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$)
01 Lápis 240 - -
02 Borrachas 120 - -
03 Canetas 240 - -
04 Papel Chamex (resma) xxx - -
05 Papel Pautado xxx - -
06 Apontadores 120 - -


4.4 DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS:


4.5 RESUMO GERAL DOS RECURSOS:

 Demonstrativo Geral do Projeto:

Item Valor (R$)
Palestras -
Material -

5. PATROCINADORES EM POTENCIAL:

Parlamentares, Gerências de Estado, Prefeitura , CVRD, ALUMAR.

6. REALIZAÇÃO:


01 Centro Acadêmico de Ciências Sociais - CACS –

02 Diretório Acadêmico de Geografia – DAGEO-


FIM

MANIFESTO CONTRA A REFORMA CURRICULAR E O ESBOÇO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – 2005.

Ciências Sociais, Criatividade & Democracia

“O futuro está aberto a criatividade” & “A incerteza é maravilhosa”.
Immanuel Wallerstein.

São Luís, Colegas de Ciências Sociais,

Lamentamos não termos tido condições de participar das últimas reuniões sobre o Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Sociais – as razões são conhecidas. No entanto, gostaríamos de expressar nosso descontentamento com as notícias sobre os encaminhamentos até agora aprovados no Colegiado. Principalmente sobre as decisões em relação ao Estágio de Bacharelado (Profisionalização do Cientista Social) e a Licenciatura (Formação do Professor). As Diretrizes Curriculares do Ministério são claras, temos que desenvolver 3 tipos de formandos: 1. Pesquisador; 2. Professor e 3. Profissional.
Os Colegas Docentes se iludem ao pensar que estão priorizando a formação do Pesquisador, ao sugerir a participação exclusiva dos alunos nos Grupos de Pesquisa. Não consideramos a pesquisa como a experiência universitária exclusiva e mais importante. A formação da vida intelectual dos estudantes não pode ficar na mão dos professores compartimentados em seus gabinetes fechados, distribuindo bolsas e produzindo cumplicidades; deve ser nas salas de aula e nos seminários abertos, lugares da transmissão democrática dos saberes, da cultura e da sociabilidade.
Temos lutado pelo desenvolvimento integral e autônomo dos estudantes e dos professores, há muitos anos – não vemos razão para retrocedermos. Devemos priorizar a luta pela emancipação intelectual dos estudantes e preservar o desenvolvimento das múltiplas vocações dos discentes (em sala de aula e seminários abertos). Ao acabar com o Estágio de Bacharelado e desvalorizar a Licenciatura, estão reproduzindo uma lógica empobrecida, uma visão multiladora e castradora das vocações estudantis. Especialmente a Licenciatura, lembramos que é o ÚNICO Projeto de Extensão Universitária oficialmente aprovado no CONSEPE/UFMA – trabalho efetivo que deveria expressar nossa responsabilidade social e vínculo com a sociedade atuando no Sistema de Ensino Médio.
Os problemas em relação a circunstancial falta de docentes para conduzir as tarefas de Estágio de Bacharelado e Licenciatura, podem ser sanados através de concursos públicos voltados para essas áreas deficientes, criando responsabilidades mais específicas. Devemos diminuir o alto grau de anarquia na condução dos nossos objetivos institucionais, produzindo mais responsabilidades coletivas. O individualismo dos docentes está produzindo uma acentuada fragmentação e desinteresse pelos princípios políticos didático-pedagógicos básicos. Nosso dever como professores de Sistema Público de Ensino é lutar pela DEMOCRACIA e a multiplicação das potencialidades do alunado – potencializar uma política libertadora, emancipadora e autonomista. Devemos ter cuidado com a reprodução desenfreada de réplicas do mesmo e cópias da mesmice. Está na hora de investir na CRIATIVIDADE, na multiplicidade e nas diversas vocações simultâneas, preservando a pluralidade dos modos de ser cientista social.

Saudações acadêmicas,

Sindicato dos Sociólogos do Maranhão.
Presidente - Prof. Alexandre Fernandes Corrêa
Coord. Grupo de Estudos, Pesquisas & Extensão 'Patrimônio & Memória'

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MOVIMENTO POLÍTICO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO TRAGTEMBERG CONTRA A DELINQUÊNCIA ACADÊMICA.

Os Pequenos Burgueses Pós-Modernos: mais felizes do que pinto no lixo!

Não há muita coisa nova, nem novos odores, ou perfumes no ar que respiramos... No entanto, 'tudo o que é sólido está se desmanchando' e de certa forma vai deixando tudo mais poluído e nos sufoca terrivelmente. Mas ainda é possível encontrar algum ar saudável para se respirar...
Precisamos de alguma persistência e lucidez neste momento difícil, isso é certo.
Estamos assistindo, com novas roupagens, a mesma lenga-lenga dos velhos pequenos burgueses que agora se auto-intitulam 'PÓS-MODERNOS'. Mas afinal, o que tem de novidade nisso? NADA.
Não passam de profissionais que ascenderam à elite dominante, vindo das camadas mais subalternas da sociedade brasileira – como de resto a esmagadora maioria de nosso povo – e após adquirirem alguns diplomas acadêmicos, com financiamento das universidades públicas e do Ministério da Educação, vêm posar de letrados sofisticados, especialistas e retóricos, ávidos que estão em reproduzir com competência a lógica cultural burguesa dominante.
Mas quem são estas pessoas? Como agem? O que pensam?
Após ascenderem, como verdadeiros alpinistas sociais, à camada mais refinada da sociedade - local ou nacional - fazem de tudo para ocultarem sua origem simplória e humilde. Os discursos são sofisticados, pseudo-eco-socio-antropo-psicanalizados, esotérico-filosóficos, etc., mas o que traduzem? Douram a velha pílula da monótona justificativa barata de seus ideais de pequenos burgueses, mas que não querem mais lembrar de suas origens proletárias, interioranas e sulbalternas. Fazem um esforço enorme, acrobacias incríveis para explicarem frases e conceitos obscuros de pensamentos tortuosos que mal compreendem. Eles sofrem morbidamente, mas podemos dizer que gozam. Gozam de quê? O fato é que não levam muito a sério o seu próprio palavreado, nem ligam para o que dizem e falam, afinal não passam de cindidos esquizofrênicos em transe alucinatório consumista. Pasmem todos, alguns deles tornam-se banqueiros, outros PROFESSORES! Mas, que tipo de educadores eles são! Adoram ensinar? Hum!... Não, no fundo mesmo, odeiam dar aulas, odeiam ensinar, transmitir! Odeiam a democracia e os democratas!
Atrás do desbotado cinismo de pedantes e celerados constata-se que os mesmos orgulham-se muito de ter realizado tudo o que seus pais queriam, conseguiram o sonho de várias gerações de suas famílias – ter o diploma universitário e os títulos acadêmicos. Para que mais, afinal não chegaram no paraíso pequeno-burguês com TAAAANTO esforço? Então, para que mudar o mundo, se já está tudo muito bom e só tende a melhorar mais - para eles, só para eles? Eles sabem que podem consumir os signos do poder e de status em qualquer shopping da cidade! Adoram comprar, e, quando sobra um dinheirinho, gostam de pagar um pouco de alcóol - na Praia Grande - pra quem quiser ouvir suas bravatas pós-modernas. Assim, para quê esquentar a cabeça com os problemas da sociedade, do ensino público, do ensino médio? Estes personagens só querem saber da segurança dos seus parentes e de seus bens. Segurança da velha propriedade privada e da sagrada família.
Este estado de coisas tem que ser transformado. A Universidade Pública, ainda parasitada por estes letrados especialistas, tem que tornar-se efetivamente uma instituição de promoção das políticas emancipatórias e autonomistas. Chega de inércia! Chegou a hora de sacudir o coreto dos conformistas e dos cínicos decadentes!

ABAIXO O ANARQUISMO INDIVIDUALISTA DOS PEQUENOS BURGUESES NIHILISTAS!
CHEGA DA DELINQUÊNCIA ACADÊMICA DE PEDANTES IRRESPONSÁVEIS E DECADENTES!
CHEGA DE NARCISISMO PESTILENTO DOS CONFORMISTAS CÍNICOS!
CHEGA DE SUBJETIVISMO, CULTURALISMO E INTELECTUALISMO PSEUDO-SOFISTICADO!
CHEGA DE DESCONSTRUTIVISMO RELATIVISTA E OBSCURANTISTA!
CHEGA DAS BRAVATAS PEQUENO-BURGUESAS CONTRA A EMANCIPAÇÃO E A TEORIA CRÍTICA!

PARA DESAFINAR O CORO DOS CONTENTES

Vote Chapa 1 para a APRUMA 2004-5

MANIFESTO DO GRUPO DE TRABALHO DE LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA (2003)

MANIFESTO DO GRUPO DE TRABALHO DE LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA (2003)

Diante dos dados apresentados pela enquete recentemente realizada junto aos alunos do curso de Graduação em Ciências Sociais desta Universidade, passamos a considerar os seguintes aspectos:

1. Tendo em vista o registro do índice apresentado, revelando que mais de 80 % dos discentes do Curso desejam se formar nas duas habilitações (Bacharelado e Licenciatura);
2. Levando em conta ao aumento da relação candidato/vaga no Vestibular da UFMA, o que demonstra o crescente interesse pelo Curso – aumentando a demanda da sociedade;
3. Considerando a manutenção e ampliação da disciplina Sociologia no Ensino Médio. Cabe ressaltar que segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais ainda faltam ser inseridas na Área de Humanas a Antropologia, o Direito e a Psicologia;
4. Tendo em vista, ainda, a nossa reivindicação para que as vagas no Sistema de Ensino sejam preenchidas através de concurso público restringindo as inscrições aos bacharéis (provisoriamente) e aos licenciados em Ciências Sociais;
5. Somando-se mais o fato de estarmos reivindicando a realização de concurso público para a carreira de sociólogo para a Administração do Estado – em audiência do Sindicato com o Governador;


Refletindo sobre todos estes dados que revelam uma nova realidade para os estudantes e professores do Curso de Ciências Sociais, percebemos que estes pontos merecem ser avaliados pelo conjunto da comunidade universitária militante nesta área do conhecimento.
Sendo assim, apresentamos algumas reivindicações a este Colegiado de Curso:
1. Compor o Colegiado com, no mínimo, um membro a mais do Departamento de Educação da UFMA – já que oferecem diversas disciplinas para a Licenciatura;
2. Colocar um horário específico para o Estágio Supervisionado na Grade da Lista de Oferta do Curso;
3. Compor um novo Fluxograma em que seja previsto uma Seqüência Aconselhada para os alunos que escolhem as 2 habilitações;
4. Expor e conscientizar os professores e alunos do Curso de Ciências Sociais que não se está formando exclusivamente pesquisadores especialistas (precoces) em apenas um aspecto da realidade social, mas também estão se formando professores que devem possuir conhecimentos dos Clássicos, de princípios da cidadania e do espírito crítico, necessários ao docente de Ensino Médio e Fundamental;
5. Que o Re-credenciamento do Curso de Ciências Socais leve em conta esta nova realidade e incorpore as mudanças que forem precisas para a melhoria da Graduação.

Por fim estas reivindicações se juntam as antigas que permanecem, referentes a melhoria e efetiva instituição da Licenciatura de Ciências Sociais na UFMA – principalmente no que tange as condições físicas infra-estruturais do Laboratório de Ensino em Ciências Sociais.

São Luís, janeiro de 2003.

Grupo de Trabalho de Licenciatura.
Coordenação de Licenciatura.

DIRETRIZES CURRICULARES

DIRETRIZES CURRICULARES DO ENSINO MÉDIO DO MARANHÃO

PARTE IV – CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Considerações Preliminares

As Ciências Humanas desenvolveram-se a partir do século XIX com o advento das grandes mudanças político-econômicas e culturais, as quais ocorreram com o novo modo de produção capitalista. As Ciências Humanas são compostas de diversos saberes que objetivam situar e conhecer o homem, a fim de instrumentalizá-lo na análise e ação sobre a realidade.
Superando o paradigma positivista, as ciências humanas, a partir da postura dialética, busca a síntese entre o humanismo, ciência e tecnologia. Além disso, as DCNEM prevêem uma organização escolar pautada nos princípios estéticos, políticos e éticos, mediante a retomada a uma educação humanista.
De acordo com o Art. 26, da LDB 9.394/96, a organização do Ensino Fundamental e Médio deve constituir-se de uma base nacional comum e uma parte diversificada. O parágrafo 1º inclui, obrigatoriamente, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política especialmente do Brasil, abordagens importantes para a área das Ciências Humanas e suas Tecnologias. O parágrafo 4º do referido Artigo trata do ensino da História do Brasil que “levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígenas, africanas e européia”. É na seção IV, Art. 36, LDB, que estão definidas as diretrizes, dando destaque à educação tecnológica básica, à compreensão do significado da ciência, letras e arte, o processo histórico das mudanças sociais em seus contextos culturais, o uso da língua materna na comunicação e o acesso ao conhecimento e ao desenvolvimento da cidadania.
Importa observar ainda, que o Art. 27 da LDB determina diretrizes a serem consideradas na definição dos conteúdos da Educação Básica. As diretrizes pedagógicas: identidade, diversidade, autonomia, competências básicas, interdisciplinaridade e contextualização, propostos pelas DCNEM, norteiam o currículo, a postura de tratamento do conhecimento e as formas de ensinar e aprender, de modo significativo, articulado e integrado, capaz de superar as práticas tradicionais da fragmentação.
Relevância especial far-se-á no item II do Art. 36 da LDB, que trata das diretrizes para a formulação dos currículos e afirma que “adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes”. Iniciativa traduzida, na participação significativa dos adolescentes como sujeitos de direitos, com identidades próprias, estando a escola aberta à cultura juvenil, possibilitando diferentes formas de protagonismo, a serem previstas no Projeto Político-Pedagógico e no regimento escolar. O currículo para jovens do Ensino Médio, na área das Ciências Humanas e suas Tecnologias tratará, à luz das pedagogias humanizadoras, das condições e necessidades de espaço e tempo de aprendizagem” bem como do “...uso de várias possibilidades pedagógicas de organização...” de que trata o Art.º 7, item I, alíneas a e b – da LDB. Assim, objetiva a inclusão do educando num esforço permanente de aprendizagem dos conhecimentos desta área, desenvolvendo competências e valorizando o processo de tal modo a eliminar a evasão e repetência.
É mister que o conhecimento contribua para a formação de competências do sujeito histórico, individual e coletivo, transformador de sua vida e do meio. É importante afirmar que a reconstrução de significados e conceitos requer a aplicação consciente das diretrizes explicitadas no parágrafo anterior, as quais basearam-se nos princípios estéticos, políticos e éticos. Estes princípios vêm imprimindo novo sentido às políticas públicas educacionais no desenvolvimento de uma prática democrática de gestão administrativa e pedagógica; de aplicação dos financiamentos da educação; da organização curricular, e os seus desdobramentos de ensinar e aprender; e das formas mediadoras de avaliação qualitativa que considerem o respeito à diversidade de ser, conhecer e fazer.
A Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio configura-se pelos conhecimentos de História, Geografia, Antropologia, Psicologia, Direito, Sociologia e Filosofia, sendo os dois últimos “necessários do exercício da cidadania” (BRASIL, 1999, p. 92). Estes conhecimentos deverão ser trabalhados em todas as disciplinas que compõem a área, cabendo ao professor, por meio do planejamento, estabelecer as relações entre os conhecimentos e as disciplinas.
O Estado do Maranhão, seguindo as orientações legais vigentes e, por considerar relevantes para a construção de um currículo voltado para a formação da cidadania juvenil, organizou a área em 04 (quatro) disciplinas: História, Geografia, Sociologia e Filosofia. Estas devem desenvolver competências básicas com flexibilidade na organização dos conteúdos, adequabilidade às metodologias propiciadoras da construção e ressignificação de conhecimentos trabalhados em programas, projetos e atividades. Para tanto é necessária a utilização de métodos que sirvam ao propósito da convivência e da autonomia na produção do saber sistematizado na escola.
O ensino das Ciências Humanas e suas Tecnologias, segundo os PCNEM, “deverá desenvolver a compreensão do significado da identidade, da sociedade e da cultura, que configuram os campos de conhecimentos das disciplinas desta área” (BRASIL, 1999). Os conhecimentos que compõem o currículo escolar devem estar de acordo com o Projeto Político-Pedagógico de cada escola, no qual se deve evitar a supervalorização dessa ou daquela área ou disciplina, selecionando conteúdos significativos para a formação das competências básicas pretendidas.
Deve-se levar em conta, também, os interesses dos educandos e da sociedade de modo a reforçar a função social da escola, a qual não deve ignorar as contradições existentes que geram exclusão social imposta pelo modelo econômico, que gera, no Estado, trabalho infantil e semi-escravo, desemprego, violência, com conseqüente aumento da marginalização da sociedade, inibindo a possibilidade de inserção no mercado de trabalho. As contradições presentes deverão estar contempladas no currículo escolar, além das vocações econômicas dos pólos econômicos do maranhão como: turismo, madeireiro, coureiro, pecuário e outros.
Um dos desafios do ensino das Ciências Humanas e suas Tecnologias é contemplar as angústias da sociedade brasileira, na dimensão da história crítica e na projeção do futuro, no mundo conseqüente, do qual o aluno é parte, e requer da educação o seu pleno desenvolvimento como cidadão e profissional que se inserirá no mundo do trabalho, cujas relações complexas se configuram em novas ordens. A educação deve, ainda, possibilitar que a sociedade brasileira construa “condições para fazer-se nação mais soberana e conquistar espaço com as suas próprias capacidades no cenário internacional ...” (SANTOS, 2002).
A globalização traz consigo o rompimento de fronteiras espaciais e a migração de jovens para onde o trabalho está. Além disso, o avanço tecnológico cria profissões inovadoras e elimina outras já conhecidas, colocando o homem frente a novas culturas e interagindo com elas, em busca do seu espaço qualitativo na sociedade. Entretanto a vocação científica do País não deve apenas “reproduzir o saber já elaborado em forma de tecnologias nos centros mais avançados do primeiro mundo, porquanto, na ordem colocada pelos países do centro capitalista” (SANTOS, 2002).
Para a continuação do processo de formação do educando e o exercício pleno de seus deveres de cidadão, o Ensino Médio tem uma grande responsabilidade, no sentido de possibilitar uma visão ética, autonomia intelectual e pensamento crítico. Segundo as DCNEM “deverá desenvolver a compreensão do significado da identidade, da sociedade e da cultura...” (BRASIL, 1999, p. 92).
Para responder a estas finalidades da área, as competências apresentam-se então, como possibilidades a serem trabalhadas na formação do educando, diante da necessidade que tem a escola em sintetizar o humanismo, ciências e tecnologias, elementos indispensáveis na construção da sociedade atual.
Neste prisma, competência, conforme conceitua Perrenoud (2001), é a “capacidade de um sujeito mobilizar o todo ou parte de seus recursos cognitivos e afetivos para enfrentar uma família de situações complexas”. Diz respeito, portanto, à mobilização de recursos para a solução de problemas. As competências se formam a partir de conhecimentos construídos e ressignificados, extrapolando o âmbito das disciplinas, utilizando procedimentos metodológicos e recursos variados, acionados em busca da resolução de situações novas.
Importa ressaltar que, no currículo, são as competências que atraem a escolha de conteúdos e não o inverso. A atual ênfase no ensino recai no significado daquilo que o educando irá aprender para a vida, de como acessar as informações que formarão o conhecimento, de maneira a apropriar-se delas, reconstruí-las, comunicá-las, contextualizá-las e utilizá-las nas situações de desafio do cotidiano da escola e fora dela, fazendo uso das competências.
A Resolução CEB/ n.º 3/98, estabelece no item III, do Art.º 10 (BRASIL, 1999, p. 102), os seguintes objetivos para a área das Ciências Humanas e suas Tecnologias.

a) Compreender os elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais que constituem a identidade própria e dos outros.
b) Compreender a sociedade, sua gênese e transformação e os múltiplos fatores que nela intervém, como produtos da ação humana; a si mesmo como agente social, e os processos sociais como orientadores da dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos.
c) Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de espaços físicos e as relações da vida humana com a paisagem, em seus desdobramentos político-sociais, culturais, econômicos e humanos.
d) Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as às práticas dos diferentes grupos e atores sociais, aos princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à justiça e à distribuição dos benefícios econômicos.
e) Traduzir os conhecimentos sobre a pessoa, a sociedade, a economia, as práticas sociais e culturais em condutas de indagação, análise, problematização e protagonismo diante de situações novas, problemas ou questões da vida pessoal, social, política, econômica e cultural.
f) Entender os princípios das tecnologias associadas ao conhecimento do indivíduo, da sociedade e da cultura, entre as quais as de planejamento, organização, gestão, trabalho de equipe, e associá-los aos problemas que se propõe resolver.
g) Entender o impacto das tecnologias associadas às ciências humanas sobre sua vida pessoal, os processos de produção, o desenvolvimento do conhecimento e a vida social.
h) Entender a importância das tecnologias contemporâneas de comunicação e informação para o planejamento, gestão, organização, fortalecimento do trabalho de equipe.
i) Aplicar as tecnologias das ciências humanas e sociais na escola, no trabalho e outros contextos relevantes para sua vida.

No que diz respeito à utilização das tecnologias na educação humanista, mais do que nunca precisa estar ligada ao senso ético, no sentido de possibilitar ao educando o uso permanente da crítica para compreensão dos avanços científicos e tecnológicos, possibilitando a aquisição e reformulação dos conhecimentos, no trabalho e na vida social. Cabe, pois, à escola, a definição de estratégias, em seu planejamento, que otimizem o uso de diversas tecnologias, disponibilizando ao educando o contato com elas, de modo a ter domínio em sua aplicação.
No tratamento dos conhecimentos da Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, recomenda-se o uso de metodologias diversificadas que propiciem a formação de competências. É urgente superar o monólogo da aula expositiva de quadro e giz, adotando técnicas e dinâmicas de grupo que possibilitem ao educando vivenciar atividades de socialização, coordenação, registros e avaliação que minimizem, na sala de aula, a competição negativa e a estratificação dos alunos pelo saber.
Dentre as formas de trabalhar as competências, por meio dos conhecimentos de cada disciplina integrante da área, o professor lançará mão da produção textual, da exploração intertextual, de livros didáticos, mapas, maquetes, fotografias, jornais, periódicos, paradidáticos, materiais disponíveis nas bibliotecas virtuais, intercâmbio de experiências, saberes virtuais, de conferências e similares, excursões e visitas a logradouros culturais e de informação, entrevistas, uso de laboratórios e projetos pedagógicos.
O projeto didático, como metodologia, é uma forma de articular os diversos saberes, favorecendo ações diante das incertezas, da solidariedade com o outro, da valorização da diversidade de ser, pensar, fazer e agir das pessoas, das mediações e da cidadania, estimulando a participação política, econômica e cultural dos jovens. Eliminam-se, assim, tarefas simples, repetidas ano a ano, totalmente previsíveis, e trabalha-se o complexo, ensinando aprender a aprender pelos desafios apresentados, concedendo autonomia intelectual ao educando, estimulando a formação de sua identidade como sujeito produtivo. Na proposição de projetos os problemas identificados devem ser significativos, partindo do conhecimento e das necessidades do educando e dos outros segmentos escolares. Os projetos devem ser planejados, executados coletivamente, assim como avaliados sistematicamente para retroalimentação, possibilitando a antecipação de decisões, novas relações ou inferência de novos problemas.
Um dos desafios do trabalho com projetos é o exercício da convivência, respeitando as peculiaridades do saber ser, conviver e fazer de cada indivíduo. O respeito às características pessoais e o enfrentamento dos desafios nas diversidades de visões, em busca de objetivos comuns, amadurecem o sentido da solidariedade humana tornando a consciência do homem, como ser inconcluso, algo importante à aprendizagem e participação pela vida afora.
Na organização dos projetos escolares, o professor, a partir de referenciais teóricos, construirá com os educandos um roteiro com método científico e outros que favoreçam a organização dos conhecimentos escolares em relação a: tratamento da informação; relação entre diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipótese que conduzam à construção e ressignificação dos conhecimentos; e a transformação da informação procedente da interdisciplinaridade em conhecimento próprio. A inter-relação entre conteúdos e áreas far-se-á pela necessidade de responder às questões propostas nos projetos, nunca de modo artificial, mas atento, o professor, à coerência da exploração interdisciplinar e contextual.
No planejamento das atividades pedagógicas, assim como sua execução e avaliação, o professor deve considerar, como eixos norteadores, a representação e comunicação, a investigação e compreensão e a contextualização sociocultural, como orientadores dos atos de ensinar e aprender (BRASIL, 1999).
Nessa perspectiva, a sistemática de avaliação, a ser proposta no Projeto Político-Pedagógico, deve levar em consideração as competências selecionadas, os conhecimentos construídos e ressignificados, o contexto espacial, as individualidades dos protagonistas escolares, detectando avanços e/ou retrocessos, a fim de propor mudanças. Os critérios de avaliação devem ser discutidos e definidos coletivamente. Ressalta-se a necessidade do exercício da auto-avaliação de todos, durante o processo.
Para efetivação destes Referenciais Curriculares, há necessidade de investimento do poder público na formação continuada do professor, para fortalecimento da sua ação pedagógica, no provimento de livros didáticos para uso do aluno, além da elaboração de livros-texto, que atendam às peculiaridades das áreas e das disciplinas além da melhoria de espaços físicos escolares como laboratórios, bibliotecas com acervo atualizado, videotecas, auditórios e outros.

CONHECIMENTOS EM SOCIOLOGIA

Considerações Preliminares

O presente Referencial consiste em redimensionar a importância da disciplina Sociologia, no contexto escolar, a fim de resgatar o seu significado na formação do educando crítico, consciente e participativo, garantindo os instrumentos teóricos necessários para a compreensão da dinâmica da sociedade contemporânea, com suas instituições sociais, ideologias e contradições e como proceder à intervenção nesta sociedade caracterizada pela complexidade.
A sistematização dos conhecimentos de Sociologia, permitirá uma discussão de maior alcance, incidindo sobre os mesmos, como disciplina do Ensino Médio no Maranhão. Esses conhecimentos deverão ser ministrados por profissionais com habilitação especificamente em Ciências Sociais.
O repensar da Sociologia, no contexto escolar, exige consciência da necessidade de abandonar as abordagens simplistas, utilitaristas, espontaneistas e reprodutivistas que têm caracterizado a prática de ensino, exigindo uma formação continuada do educador. Isto porque as relações que o aluno exerce em seu meio cultural favorecem o desenvolvimento de sua visão de mundo ao expressar-se, explorando o universo das linguagens, experenciando, desvelando o real e o imaginário e criando novos significados para a construção de novos saberes.
Quanto ao objeto de estudo dessa disciplina, diversos autores que trabalham o tema de forma diretiva consideram-no como o homem e sua relação com a sociedade. Entretanto, no estudo da literatura encontra-se uma diversificação teórica sistematizada por três teóricos, com seus respectivos conceitos fundamentais, a saber: a) análise do conceito de fato social, proposto por Durkheim; b) conceito de ação social enunciado por Weber; e, c) os conceitos de classes sociais, alienação e mais-valia formulados por Karl Marx” (CORRÊA, 2002).
O fazer pedagógico encaminha-se a partir da concepção de que o professor tem de seu objeto de estudo, orientando assim, a seleção e indicação de competências e habilidades, bem como todos os aspectos que corroboram no processo ensino-aprendizagem.
A apreensão do objeto de estudo requer a compreensão de conceitos fundamentais da Ciência. Dentre eles destacam-se: cultura, classe social, interação social, conflitos, e grupos sociais.
Considerando a importância dos conceitos e das categorias como um dos fatores para a compreensão da sociedade, ressignificação dos fatos e a percepção do educando como sujeito da construção e transformação dessa sociedade, justifica-se o tratamento desse conhecimento como disciplina que compõe a Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
A Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no inciso III, do § 1º, do Art. 36 expressa que o egresso do Ensino Médio deve demonstrar “domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania”. A mesma referência, ressalta que a preparação básica para a cidadania, uma das finalidades do Ensino Médio, não é exclusiva do ensino da Sociologia, mas vale para todos os componentes curriculares, os quais deverão criar condições favoráveis para a construção da identidade social dos alunos, de forma protagônica. É também na Sociologia que os educandos vão perceber que a concepção de mundo, as idéias e os valores que as pessoas compartilham entre si são construídos no cotidiano das relações e inter-relações. As construções sociais resultam dos conflitos e dos consensos que se estabelecem na sociedade, são, portanto, as relações de poder e de violência física ou simbólica exercidos por alguns grupos ou classes sociais.
O saber sociológico torna-se necessário para a compreensão das mudanças sociais, com o aprofundamento de categorias como trabalho, interação social, sistemas sociais, estrutura social, cotidiano, instituições, fatos sociais, relações de gênero, cultura, dentre outras. A inclusão da Sociologia no currículo escolar como espaço privilegiado, proporciona a construção da cidadania. Neste sentido, o processo ensino-aprendizagem deve levar em conta os saberes e as potencialidades do educando, visto como um ser integral.
A Lei 9.394/96 estabelece [...] como uma das finalidades centrais do Ensino Médio a construção da cidadania do educando, evidenciando assim, a importância do ensino da Sociologia no Ensino Médio”. Nesse sentido, a preparação dos educandos deve considerar as mudanças socioculturais e econômicas ocorridas nos últimos 30 anos que trouxeram consigo o aparecimento da sociedade informacional e que repercutiram nos vários setores da vida social. Observa-se uma sociedade industrial, com predomínio do setor secundário e um crescimento do setor terciário em detrimento do setor primário, que está sendo substituído, de forma acelerada, por um novo setor em que a informação é a matéria – prima e o seu processamento é a base do sistema econômico. Neste aspecto, registra-se uma mudança no processo de produção e não no modo de produção, consta-se que o modo de produção capitalista é mantido, com suas premissas de máximo benefício, investimento e competitividade.
Dessa forma, o processo de globalização econômica tem gerado desigualdades, tanto em nível local como mundial, aumentando, de forma acelerada, a diferença do crescimento econômico, a capacidade tecnológica e as condições sociais. Percebe-se uma clara transformação caracterizada pela emergência de uma nova lógica de domínio e de poder econômico utilizada pelos países ricos na destruição dos bens da natureza, pela utilização de comunicação de massa, especialmente por meio de propagandas e pelo questionamento do Estado – Nação. Na forma como é conhecido, está sendo deslegitimado quer pela globalização, na economia, no crime, nos meios de comunicação, quer pela descentralização política, como fonte do desenvolvimento econômico. Sendo assim, o conceito de Estado-Nação, nos moldes como vinha sendo entendido na sociedade industrial, está se modificando. Na prática, o Estado – Nação vem estabelecendo novas formas de organização e novas funções.
O processo ensino-aprendizagem na disciplina Sociologia implica um estudo dialético, buscando compreender a relação que o homem estabelece com o meio social e cultural, sendo necessário garantir sua relação com as demais áreas do conhecimento, por meio de um processo interdisciplinar. É a oportunidade para problematizar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos sociais, a partir da reflexão sociológica e do conhecimento produzido pelos teóricos desta ciência.
O ensino da Sociologia cria nas escolas um espaço de formação da consciência crítica, quando é garantida ao educando a construção de competências para a análise e a compreensão das relações sociais, das relações de poder, das ideologias e da diversidade cultural que contribuem para formação de uma sociedade mais complexa e diversificada.
Não se trata de uma disciplina voltada para o ajuste do educando à sociedade, mas uma disciplina capaz de contribuir para o fortalecimento de valores democráticos, autonomia, pensamento crítico e participação dos educandos no enfrentamento das questões reais na família, na escola, na comunidade e na vida social mais ampla. Além disso, a escola deve favorecer a realização de um conjunto de vivências para, que o educando possa ser sujeito de sua própria educação, construindo uma visão política sobre si mesmo e em relação aos outros de forma protagônica. Para a concretização dessas intenções, definiu-se que o ensino da Sociologia terá por objetivos gerais.

a) Contribuir para a reflexão sobre as mudanças sociais, usando a compreensão dinâmica da sociedade contemporânea.
b) Ampliar as experiências sensoriais e perceptivas, afetivas e intelectuais, oportunizando ao educando o entendimento dos direitos e deveres como cidadão protagônico.


Dessa forma, é necessário adotar métodos voltados para investigação, identificação, classificação e interpretação dos fenômenos sociais. A escola deve proporcionar os espaços educativos necessários para que o aluno (re) aprenda uma nova forma de ver, ordenar e construir o mundo, tendo como princípios básicos os direitos humanos, a responsabilidade pessoal e o compromisso social na realização do destino coletivo.

Competências em Sociologia

O ensino de Sociologia deve proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências que possibilitem aguçar a percepção e o entendimento da sociedade, mediante a re-elaboração dos saberes, da interpretação e busca de soluções de problemas sociais pertinentes ao cotidiano.
As competências e habilidades devem ser reelaboradas pelos professores, considerando as necessidades do educando para a formação da cidadania.

Quadro - Matriz de competências e habilidades em Sociologia
COMPETÊNCIAS HABILIDADES

1. Compreender a Sociologia como ciência, seus fundamentos conceituais, métodos, e a relação destes com os principais teóricos.
1.1. Estabelecer a relação entre a Sociologia e as demais ciências.
1.2. Reconhecer a importância das teorias para subsidiar o entendimento da sociedade.
1.3. Utilizar conceitos e categorias das ciências sociais na leitura e interpretação da realidade social e dos problemas da vida cotidiana.


2. Compreender a organização da sociedade, por meio de grupos e instituições.
2.1. Compreender as relações existentes entre as diversas formas de organização social e suas conseqüências.
2.2. Reconhecer os interesses defendidos pelo Estado na sociedade.
2.3. Analisar o significado e as conseqüências da burocracia estatal para as sociedades.

3. Analisar os processos sociais que permeiam a vida em sociedade.
3.1. Reconhecer a necessidade de sociabilidade e da efetiva participação dos grupos na dinâmica social.
3.2. Analisar as conseqüências para o indivíduo e para a sociedade dos processos sociais.
3.3. Distinguir os aspectos inerentes às relações sociais através dos diferentes processos sociais.

4. Reconhecer a cultura como uma produção humana que é influenciada e influencia a sociedade.

4.1. Reconhecer o valor e a importância da cultura nas diferentes etnias para a formação da identidade cultural e a do patrimônio local, regional, nacional e internacional.
4.2. Analisar criticamente as formas de padronização, massificação e industrialização cultural e suas implicações.
4.3. Investigar e analisar a influência das culturas étnicas na construção dos códigos de linguagem;
4.4. Perceber a importância da tolerância cultural na construção de uma sociedade de direito.

5. Compreender as transformações no mundo do trabalho e o novo perfil de qualificação exigido pelas mudanças na nova ordem mundial.
5.1. Compreender as transformações no mundo do trabalho para explicar o reordenamento das relações sociais e produtivas.
5.2. Analisar o impacto das transformações sociais nas relações de trabalho.
5.3. Compreender e analisar os modos e relações de produção no desenvolvimento humano e tecnológico.
5.4. Compreender a interferência das condições econômicas, sociais e políticas na organização da sociedade.

6. Compreender as estruturas sociais que permeiam as sociedades e suas respectivas influências na dinâmica social.
6.1. Analisar as contradições existentes entre as relações indivíduo e sociedade.
6.2. Compreender a hierarquia de posição da sociedade a partir das relações político-sociais e econômicas.
6.3. Discernir as mudanças nas relações humanas produzidas pela revolução tecnológica.
6.4. Compreender os conceitos de alienação ideológica e classes sociais para explicar as desigualdades sociais;
6.5. Analisar as situações sociais que favorecem o surgimento de movimentos sociais.
6.6. Investigar e analisar os limites e as possibilidades de transformação social na realidade atual, contribuindo para a construção de um mundo com justiça e solidariedade.
6.7. Analisar criticamente os aspectos e problemas sociais da comunidade, de modo a propor soluções e intervenções sobre os mesmos.

Conhecimentos em Sociologia

Os conhecimentos apresentados a seguir contemplam os fundamentos estabelecidos pela LDB e pela Resolução CEB-03/98 que manifesta a efetiva busca da interdisciplinaridade, da contextualização e do aprendizado que prioriza a dualidade vida-trabalho, a fim de que as competências e habilidades planejadas sejam concretizadas.
O conjunto de conhecimentos propostos não é uma listagem de conteúdos para serem transmitidos pelos professores, pois os conhecimentos representam uma seleção de formas ou saberes culturais, isto é, conceitos, habilidades, linguagens, valores, crenças, sentimentos e atitude, essenciais no processo de consecução dos objetivos de ensino e um meio para o desenvolvimento de competências.
Conhecimentos

• A Sociologia como Ciência
- Origem, bases conceituais, objeto de estudo, etimologia, divisão, métodos das ciências e da Sociologia, principais teóricos.

• Grupos sociais, instituições sociais e processos sociais
- Bases conceituais, classificação, processos.

• Cultura
- Bases conceituais, classificação, processos, patrimônio cultural.

• Bases econômicas da sociedade
- Trabalho, modos de produção, relações de produção, globalização.

• Estratificação, mobilidade, mudança, movimentos e conflitos sociais
- Bases conceituais, classificação, características.

Valores e Atitudes

Os valores e atitudes, apresentados como sugestões, foram inspirados nos fundamentos estéticos, políticos e éticos para o Ensino Médio brasileiro, definidos pela legislação vigente. Os educandos assimilam internamente os princípios axiológicos transmitidos em todo o processo ensino-aprendizagem que podem modificar sua postura, isto é, sua forma de agir frente à própria realidade. Esta mudança comportamental é manifestada nas situações de aprendizagem, quando da aquisição das competências, habilidades e conhecimentos propostos.

 Desenvolver e demonstrar senso de identidade, de auto-estima, de autoconfiança, autodeterminação e auto-realização.
 Atuar, de forma criativa, construtiva, solidária, democrática e protagônica na solução de problemas reais, na família, na escola, na comunidade e na vida social mais ampla.
 Reconhecer e praticar atos relativos aos direitos humanos, respeitando as diferenças e as diversidades e eliminando qualquer atitude de preconceito e discriminação.
 Exercitar a responsabilidade pelo bem comum estabelecendo diferenças entre o público e o privado.
 Participar ativamente dos trabalhos realizados em sala de aula, reconhecendo potencialidades e limitações e buscando a consecução de objetivos comuns.
 Integrar e interagir com os outros de forma ética, criativa, construtiva e solidária, na realização de projetos individuais e coletivos, respeitando as características pessoais.
 Incorporar, de forma significativa, os conhecimentos de Sociologia no cotidiano, na visão de mundo e no próprio projeto de vida.
 Optar por uma postura crítica frente aos fatos e acontecimentos históricos, expressando argumentos e contra-argumentos na defesa de suas opiniões.
 Exercitar a responsabilidade pelos seus atos como forma de aprendizagem e articulação contínua para o crescimento pessoal e coletivo.
 Valorizar e proteger o meio ambiente e o patrimônio histórico cultural.
 Participar do processo de aprendizagem, manifestando interesses e propondo soluções criativas para a melhoria do ensino.
 Expressar-se com precisão por escrito e oralmente expondo o próprio pensamento e sabendo manejar símbolos, dados, códigos e outras formas de expressão lingüística, no processo de análise, síntese e interpretação de dados, fatos e situações relacionadas ao conhecimento de Sociologia.
 Priorizar o diálogo, a negociação e o respeito às regras, leis e normas estabelecidas, na defesa dos seus direitos e na solução de problemas ou conflitos interpessoais.
 Interagir criticamente com as diversas linguagens expressas nos meios de comunicação, criando formas novas de pensar, sentir e atuar no convívio democrático.
 Localizar, acessar e usar a informação acumulada, consultando bibliotecas, videotecas, centros de informação, documentações, publicações especializadas e redes eletrônicas.

Orientações Metodológicas

Ao estabelecer os métodos que nortearão a prática pedagógica no ensino da Sociologia, o professor deve considerar a escolha e organização dos conhecimentos propostos em função das competências e habilidades a serem desenvolvidas. O ponto referencial é a percepção dos níveis de desenvolvimento do aluno (afetivo, perceptivo, cognitivo e psicomotor) e suas influências sobre os saberes que já possui para a compreensão e interpretação das realidades apresentadas e seus contextos ou os que venham a ser construídos.
Os procedimentos devem possibilitar as adequações e graduações necessárias aos conhecimentos a serem trabalhados e ainda favorecer a problematização e superação das dificuldades apresentadas, o que irá incidir sobre as atividades e exercício de investigação, experimentação, criação e produção de novos saberes, imprescindíveis para a compreensão das metamorfoses sociais.
As orientações metodológicas propostas aos professores favorecem o resgate os saberes de outras áreas do conhecimento, por meio da interdisciplinaridade. Assim, os conhecimentos devem ser apresentados de forma que o aluno perceba o que há de comum e de diferente entre eles, num exercício de pensamento divergente. Esta atitude ultrapassa a visão de integração do todo e desencadeia um processo sincrético que favorece uma nova compreensão do objeto da disciplina.
O trabalho pedagógico a ser desenvolvido deve considerar que o descobrir, experimentar e pesquisar possibilita o fortalecimento da identidade cultural. Os professores devem, nas suas práticas, aplicar uma variedade de procedimentos metodológicos. Em seguida, apresentamos algumas sugestões que favorecem a realização das atividades e experiências de aprendizagem.

 Elaboração e realização de projetos interdisciplinares centrados nos temas de sociologia, antropologia e política, que possibilitem a compreensão da sociedade contemporânea.
 Construção de textos individual ou coletivos a partir da integração, observação e compreensão dos fatos sociais.
 Desenvolvimento de projetos de pesquisa participativos nas diversas comunidades.
 Leitura, interpretação de textos literários e científicos sobre os conhecimentos de sociologia, antropologia e política que promovam a reflexão, a intertextualidade, interdisciplinaridade e contextualização.
 Realização de seminários, oficinas e debates temáticos, que possibilitem a integração, compreensão e a troca de saberes sobre o processo de transformação da sociedade contemporânea.
 Articulação com os professores das disciplinas da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias e as demais áreas do currículo do Ensino Médio para planejamento de atividades comuns, a exemplo dos projetos.
 Uso de livros didáticos e outros textos para apoio e aperfeiçoamento de temas.
 Realização de debates sobre filmes, documentários, shows, peças teatrais, palestras, visitas e outras atividades, que estabeleçam relações com o cotidiano, a escola e a sociedade.
 Aulas-passeio que oportunizem a observação, descrição e análise de diversas realidades sociais e culturais, selecionadas de acordo com os conhecimentos apreendidos e o interesse dos educandos.
 Entrevistas com pessoas engajadas nas diversas áreas do conhecimento, para aprofundar as análises sociológicas, antropológicas e políticas da sociedade atual.
 Pesquisa em bibliografias disponíveis nos diversos veículos de comunicação, obras complementares, textos, letras de músicas, jornais, revistas, vídeos e documentários educativos.
 Participação em eventos para ouvir e debater músicas de autores contemporâneos, analisando as letras e estabelecendo relações com sua própria vida, seus sentimentos e a realidade social do mundo em que vive.
 Participação em intercâmbios virtuais, salas de conferências, ‘chats’, aproximando os educandos de pessoas com reconhecida experiência nos assuntos.

A concretização dessas sugestões está vinculadas às condições físicas e ambientais da escola, na existência de salas de vídeo e de informática, bibliotecas com acervo atualizado, de recursos didáticos, professores habilitados em Ciências Sociais e em processo permanente de formação. Para garantir a efetivação deste referencial, espera-se uma nova postura do professor, para que a disciplina Sociologia cumpra seu papel na formação do educando. Neste sentido, o professor é o referencial em torno do qual a melhoria da qualidade do ensino se processará, expandindo-se ao intermediar os saberes da Sociologia com a realidade do aluno.
A avaliação no contexto da disciplina de Sociologia deve levar em consideração tanto o processo como o produto. No decorrer do processo, pode-se observar como o aluno interage com os outros, quais são suas dificuldades, como estão organizando suas experiências, quais e quantas tentativas de solução para os problemas foram pensadas e de que maneira são utilizados os materiais e os instrumentos. O educando precisa demonstrar também o seu envolvimento, empenho e interesse na atividade.
Sendo assim, a avaliação, não pode ser compreendida como um momento estanque das ações do processo de ensino-aprendizagem, mas sim está presente em todos os momentos, de forma contínua e sistemática, assumindo a função de estimular as construções do conhecimento, orientar as necessidades de adequações de acordo com o desenvolvimento individual e grupal, e demonstrar as dificuldades e conquistas. Esta concepção de avaliação valoriza todas as ações envolvidas nas inter-relações e na construção de novos conhecimentos. Entretanto é necessário evidenciar como os alunos aplicam os conhecimentos adquiridos e sistematizam as experiências vividas durante o processo, envolvendo a percepção, a emoção e o pensamento.