20 setembro, 2006

MANIFESTOS POLÍTICOS

MANIFESTO CONTRA A REFORMA CURRICULAR E O ESBOÇO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – 2005.

Ciências Sociais, Criatividade & Democracia

São Luís, Colegas de Ciências Sociais,

Lamentamos o fato de não termos tido condições de participar das últimas reuniões sobre o Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Sociais. No entanto, gostaríamos de expressar nosso descontentamento com as notícias sobre os encaminhamentos até agora aprovados no Colegiado, principalmente sobre as decisões em relação ao Estágio de Bacharelado (Profisionalização do Cientista Social) e a Licenciatura (Formação do Professor).
As Diretrizes Curriculares do Ministério são claras, temos que desenvolver 3 tipos de formandos: 1. Pesquisador; 2. Professor e 3. Profissional.
Como membros do Sindicato, e representante dos filiados à entidade, afirmamos aos Colegas Docentes que os mesmos se iludem ao pensar que estão corretos ao priorizarem a formação do Pesquisador, sugerindo a participação exclusiva dos alunos nos Grupos de Pesquisa.
Apesar de participarmos de vários Grupos de Pesquisa não consideramos que essa seja a experiência universitária mais importante. A formação da vida intelectual dos estudantes não pode ficar na mão dos professores compartimentados em seus gabinetes fechados, distribuindo bolsas e produzindo cumplicidades; o legado da 'cultura sociológica e antropológica' deve ser transmitido nas salas de aula e nos seminários abertos, lugares da transmissão democrática dos saberes, da cultura e da sociabilidade.
Temos lutado pelo desenvolvimento integral e autônomo dos estudantes e dos professores, há muitos anos – não vemos razão para retrocedermos. Devemos priorizar a luta pela emancipação intelectual dos estudantes e preservar o desenvolvimento das múltiplas vocações dos discentes (em sala de aula e seminários abertos). Ao acabar com o Estágio de Bacharelado e desvalorizar a Licenciatura, estão reproduzindo uma lógica empobrecida, uma visão multiladora e castradora das vocações estudantis. Especialmente a Licenciatura - lembramos que é o ÚNICO Projeto de Extensão Universitária do DEPSAN, oficialmente aprovado no CONSEPE/UFMA – trabalho efetivo que deveria expressar nossa responsabilidade social e vínculo com a sociedade, atuando no Sistema de Ensino Médio maranhense.
Os problemas em relação a circunstancial falta de docentes para conduzir as tarefas de Estágio de Bacharelado e Licenciatura, podem ser sanados através de concursos públicos voltados para essas áreas deficientes, criando responsabilidades mais específicas. Basta de concursos para vagas abertas em Antropologia, Ciência Política e Sociologia Geral! Devemos diminuir o alto grau de anarquia na condução dos nossos objetivos institucionais, produzindo mais responsabilidades individuais e coletivas. O individualismo dos docentes está produzindo uma acentuada fragmentação e desinteresse pelos princípios políticos didático-pedagógicos básicos. Nosso dever como professores de Sistema Público de Ensino é lutar pela DEMOCRACIA e a multiplicação das potencialidades do alunado – potencializar uma política libertadora, emancipadora e autonomista. Devemos ter cuidado com a reprodução desenfreada de réplicas do mesmo e cópias da mesmice. Está na hora de investir na CRIATIVIDADE, na multiplicidade e nas diversas vocações simultâneas, preservando a pluralidade dos modos de ser cientista social.

Saudações acadêmicas,

Prof. Alexandre Corrêa
Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Maranhão.

* * *

MOVIMENTO POLÍTICO UNIVERSITÁRIO 'MAURÍCIO TRAGTEMBERG' CONTRA A DELINQUÊNCIA ACADÊMICA.

Os Pequenos Burgueses Pós-Modernos: mais felizes do que pinto no lixo!

Não há muita coisa nova, nem novos odores, ou perfumes no ar que respiramos... No entanto, 'tudo o que é sólido está se desmanchando' e de certa forma vai deixando tudo mais poluído, nos sufocando terrivelmente. Mas ainda é possível encontrar algum ar saudável para respirar...
Precisamos de alguma persistência e lucidez neste momento difícil, isso é certo.
Estamos assistindo, com novas roupagens, a mesma lenga-lenga dos velhos pequenos burgueses que agora se auto-intitulam 'PÓS-MODERNOS'. Mas afinal, o que tem de novidade nisso? NADA.
Não passam de profissionais que ascenderam à elite dominante, vindo das camadas mais subalternas da sociedade brasileira – como de resto a esmagadora maioria de nosso povo – e após adquirirem alguns diplomas acadêmicos, com financiamento das universidades públicas e do Ministério da Educação, vêm posar de letrados sofisticados, especialistas e retóricos, ávidos que estão em reproduzir com competência a lógica cultural burguesa dominante.
Mas quem são estas pessoas? Como agem? O que pensam?
Após ascenderem, como verdadeiros alpinistas sociais, à camada mais refinada da sociedade - local ou nacional - fazem de tudo para ocultarem sua origem simplória e humilde. Os discursos são sofisticados, pseudo-eco-socio-antropo-psicanalizados, esotérico-filosóficos, etc., mas o que traduzem? Douram a velha pílula da monótona justificativa barata de seus ideais de pequenos burgueses, mas que não querem mais lembrar de suas origens proletárias, interioranas e sulbalternas. Fazem um esforço enorme, acrobacias incríveis para explicarem frases e conceitos obscuros de pensamentos tortuosos que mal compreendem. Eles sofrem morbidamente, mas podemos dizer que gozam. Gozam de quê? O fato é que não levam muito a sério o seu próprio palavreado, nem ligam para o que dizem e falam, afinal não passam de cindidos esquizofrênicos em transe alucinatório consumista. Pasmem todos, alguns deles tornam-se banqueiros, outros PROFESSORES! Mas, que tipo de educadores eles são! Adoram ensinar? Hum!... Não, no fundo mesmo, odeiam dar aulas, odeiam ensinar, transmitir! Odeiam a democracia e os democratas!
Atrás do desbotado cinismo de pedantes e celerados constata-se que os mesmos orgulham-se muito de ter realizado tudo o que seus pais queriam, conseguiram o sonho de várias gerações de suas famílias – ter o diploma universitário e os títulos acadêmicos. Para que mais, afinal não chegaram no paraíso pequeno-burguês com TAAAANTO esforço? Então, para que mudar o mundo, se já está tudo muito bom e só tende a melhorar mais - para eles, só para eles? Eles sabem que podem consumir os signos do poder e de status em qualquer shopping da cidade! Adoram comprar, e, quando sobra um dinheirinho, gostam de pagar um pouco de alcóol - na Praia Grande - pra quem quiser ouvir suas bravatas pós-modernas. Assim, para quê esquentar a cabeça com os problemas da sociedade, do ensino público, do ensino médio? Estes personagens só querem saber da segurança dos seus parentes e de seus bens. Segurança da velha propriedade privada e da sagrada família.
Este estado de coisas tem que ser transformado. A Universidade Pública, ainda parasitada por estes letrados especialistas, tem que tornar-se efetivamente uma instituição de promoção das políticas emancipatórias e autonomistas. Chega de inércia! Chegou a hora de sacudir o coreto dos conformistas e dos cínicos decadentes!

PARA DESAFINAR O CORO DOS CONTENTES!

Manifesto pelo Voto na Chapa 1 - APRUMA - 2004-5.

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR POPULAR

CENTRO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS FLORESTAN FERNANDES -CACS-

Projeto nº 01/2003 São Luís, 31 de julho de 2003.

1. TÍTULO DO PROJETO

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR POPULAR

2. DADOS DO PROJETO

Proporcionar uma melhor oportunidade de ensino, através de um Cursinho pré-vestibular, de modo a facilitar o acesso a instituições de nível superior, mais especificamente à UFMA.

2.1 PÚBLICO ALVO

Alunos de escolas da rede estadual e municipal de áreas vizinhas ao CAMPUS do Bacanga

2.2 NÚMERO DE PESSOAS BENEFICIADAS

A quantidade de pessoas atendidas pela Cursinho pré-vestibular ficará, em média, de 45 (quarenta e cinco) pessoas.

2.3 ÁREA DE ABRANGÊNCIA

Área Itaqui-Bacanga

2.4 IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS

01 Centro Acadêmico de Ciências Sociais - CACS –

02 Diretório Acadêmico de Geografia – DAGEO-

2.6 EQUIPE DE TRABALHO

Responsáveis, CA’s e DA’s colaboradores, Departamentos e Coordenações de licenciaturas envolvidos.

3. DESCRIÇÃO DO PROJETO

3.1 PERÍODO

De 01 setembro de 2003 à meados de janeiro de2004 .

3.2 HORÁRIO

De segunda a sexta-feira das 08:00 às 11:40

3.3 LOCAL

De segunda a sexta-feira no Sub-piso, sala 4, Bloco 2, CCH-UFMA

3.4 PROGRAMAÇÃO

31/07/2003 – Reunião entre CA’s e DA’s e apresentação do ante-projeto.
05/08/2003 – Apresentação do anteprojeto à Coordenação de Ciências Sociais e ao Departamento de Sociologia e Antropologia
07/08/2003 –Envio do anteprojeto aos Conselhos Superiores e de Centro .
07/08/2003 – Reunião da Reitoria
13/08/2003 – Reunião com Coordenação Geral do Cursinho.
01/09/2003 – Inicio das aulas.

4. CUSTOS DO PROJETO:

4.1 DIVULGAÇÃO:

 Internet ;
 Avisos nos murais internos;
 Aviso nos Departamentos e Coordenações ;
 Aviso na Rádio Universidade

4.2 PALESTRAS:

Sem ônus.

4.3 Material

Ord. Brindes Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$)
01 Lápis 240 - -
02 Borrachas 120 - -
03 Canetas 240 - -
04 Papel Chamex (resma) xxx - -
05 Papel Pautado xxx - -
06 Apontadores 120 - -


4.4 DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS:


4.5 RESUMO GERAL DOS RECURSOS:

 Demonstrativo Geral do Projeto:

Item Valor (R$)
Palestras -
Material -

5. PATROCINADORES EM POTENCIAL:

Parlamentares, Gerências de Estado, Prefeitura , CVRD, ALUMAR.

6. REALIZAÇÃO:


01 Centro Acadêmico de Ciências Sociais - CACS –

02 Diretório Acadêmico de Geografia – DAGEO-


FIM

MANIFESTO CONTRA A REFORMA CURRICULAR E O ESBOÇO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – 2005.

Ciências Sociais, Criatividade & Democracia

“O futuro está aberto a criatividade” & “A incerteza é maravilhosa”.
Immanuel Wallerstein.

São Luís, Colegas de Ciências Sociais,

Lamentamos não termos tido condições de participar das últimas reuniões sobre o Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Sociais – as razões são conhecidas. No entanto, gostaríamos de expressar nosso descontentamento com as notícias sobre os encaminhamentos até agora aprovados no Colegiado. Principalmente sobre as decisões em relação ao Estágio de Bacharelado (Profisionalização do Cientista Social) e a Licenciatura (Formação do Professor). As Diretrizes Curriculares do Ministério são claras, temos que desenvolver 3 tipos de formandos: 1. Pesquisador; 2. Professor e 3. Profissional.
Os Colegas Docentes se iludem ao pensar que estão priorizando a formação do Pesquisador, ao sugerir a participação exclusiva dos alunos nos Grupos de Pesquisa. Não consideramos a pesquisa como a experiência universitária exclusiva e mais importante. A formação da vida intelectual dos estudantes não pode ficar na mão dos professores compartimentados em seus gabinetes fechados, distribuindo bolsas e produzindo cumplicidades; deve ser nas salas de aula e nos seminários abertos, lugares da transmissão democrática dos saberes, da cultura e da sociabilidade.
Temos lutado pelo desenvolvimento integral e autônomo dos estudantes e dos professores, há muitos anos – não vemos razão para retrocedermos. Devemos priorizar a luta pela emancipação intelectual dos estudantes e preservar o desenvolvimento das múltiplas vocações dos discentes (em sala de aula e seminários abertos). Ao acabar com o Estágio de Bacharelado e desvalorizar a Licenciatura, estão reproduzindo uma lógica empobrecida, uma visão multiladora e castradora das vocações estudantis. Especialmente a Licenciatura, lembramos que é o ÚNICO Projeto de Extensão Universitária oficialmente aprovado no CONSEPE/UFMA – trabalho efetivo que deveria expressar nossa responsabilidade social e vínculo com a sociedade atuando no Sistema de Ensino Médio.
Os problemas em relação a circunstancial falta de docentes para conduzir as tarefas de Estágio de Bacharelado e Licenciatura, podem ser sanados através de concursos públicos voltados para essas áreas deficientes, criando responsabilidades mais específicas. Devemos diminuir o alto grau de anarquia na condução dos nossos objetivos institucionais, produzindo mais responsabilidades coletivas. O individualismo dos docentes está produzindo uma acentuada fragmentação e desinteresse pelos princípios políticos didático-pedagógicos básicos. Nosso dever como professores de Sistema Público de Ensino é lutar pela DEMOCRACIA e a multiplicação das potencialidades do alunado – potencializar uma política libertadora, emancipadora e autonomista. Devemos ter cuidado com a reprodução desenfreada de réplicas do mesmo e cópias da mesmice. Está na hora de investir na CRIATIVIDADE, na multiplicidade e nas diversas vocações simultâneas, preservando a pluralidade dos modos de ser cientista social.

Saudações acadêmicas,

Sindicato dos Sociólogos do Maranhão.
Presidente - Prof. Alexandre Fernandes Corrêa
Coord. Grupo de Estudos, Pesquisas & Extensão 'Patrimônio & Memória'

* * *

MOVIMENTO POLÍTICO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO TRAGTEMBERG CONTRA A DELINQUÊNCIA ACADÊMICA.

Os Pequenos Burgueses Pós-Modernos: mais felizes do que pinto no lixo!

Não há muita coisa nova, nem novos odores, ou perfumes no ar que respiramos... No entanto, 'tudo o que é sólido está se desmanchando' e de certa forma vai deixando tudo mais poluído e nos sufoca terrivelmente. Mas ainda é possível encontrar algum ar saudável para se respirar...
Precisamos de alguma persistência e lucidez neste momento difícil, isso é certo.
Estamos assistindo, com novas roupagens, a mesma lenga-lenga dos velhos pequenos burgueses que agora se auto-intitulam 'PÓS-MODERNOS'. Mas afinal, o que tem de novidade nisso? NADA.
Não passam de profissionais que ascenderam à elite dominante, vindo das camadas mais subalternas da sociedade brasileira – como de resto a esmagadora maioria de nosso povo – e após adquirirem alguns diplomas acadêmicos, com financiamento das universidades públicas e do Ministério da Educação, vêm posar de letrados sofisticados, especialistas e retóricos, ávidos que estão em reproduzir com competência a lógica cultural burguesa dominante.
Mas quem são estas pessoas? Como agem? O que pensam?
Após ascenderem, como verdadeiros alpinistas sociais, à camada mais refinada da sociedade - local ou nacional - fazem de tudo para ocultarem sua origem simplória e humilde. Os discursos são sofisticados, pseudo-eco-socio-antropo-psicanalizados, esotérico-filosóficos, etc., mas o que traduzem? Douram a velha pílula da monótona justificativa barata de seus ideais de pequenos burgueses, mas que não querem mais lembrar de suas origens proletárias, interioranas e sulbalternas. Fazem um esforço enorme, acrobacias incríveis para explicarem frases e conceitos obscuros de pensamentos tortuosos que mal compreendem. Eles sofrem morbidamente, mas podemos dizer que gozam. Gozam de quê? O fato é que não levam muito a sério o seu próprio palavreado, nem ligam para o que dizem e falam, afinal não passam de cindidos esquizofrênicos em transe alucinatório consumista. Pasmem todos, alguns deles tornam-se banqueiros, outros PROFESSORES! Mas, que tipo de educadores eles são! Adoram ensinar? Hum!... Não, no fundo mesmo, odeiam dar aulas, odeiam ensinar, transmitir! Odeiam a democracia e os democratas!
Atrás do desbotado cinismo de pedantes e celerados constata-se que os mesmos orgulham-se muito de ter realizado tudo o que seus pais queriam, conseguiram o sonho de várias gerações de suas famílias – ter o diploma universitário e os títulos acadêmicos. Para que mais, afinal não chegaram no paraíso pequeno-burguês com TAAAANTO esforço? Então, para que mudar o mundo, se já está tudo muito bom e só tende a melhorar mais - para eles, só para eles? Eles sabem que podem consumir os signos do poder e de status em qualquer shopping da cidade! Adoram comprar, e, quando sobra um dinheirinho, gostam de pagar um pouco de alcóol - na Praia Grande - pra quem quiser ouvir suas bravatas pós-modernas. Assim, para quê esquentar a cabeça com os problemas da sociedade, do ensino público, do ensino médio? Estes personagens só querem saber da segurança dos seus parentes e de seus bens. Segurança da velha propriedade privada e da sagrada família.
Este estado de coisas tem que ser transformado. A Universidade Pública, ainda parasitada por estes letrados especialistas, tem que tornar-se efetivamente uma instituição de promoção das políticas emancipatórias e autonomistas. Chega de inércia! Chegou a hora de sacudir o coreto dos conformistas e dos cínicos decadentes!

ABAIXO O ANARQUISMO INDIVIDUALISTA DOS PEQUENOS BURGUESES NIHILISTAS!
CHEGA DA DELINQUÊNCIA ACADÊMICA DE PEDANTES IRRESPONSÁVEIS E DECADENTES!
CHEGA DE NARCISISMO PESTILENTO DOS CONFORMISTAS CÍNICOS!
CHEGA DE SUBJETIVISMO, CULTURALISMO E INTELECTUALISMO PSEUDO-SOFISTICADO!
CHEGA DE DESCONSTRUTIVISMO RELATIVISTA E OBSCURANTISTA!
CHEGA DAS BRAVATAS PEQUENO-BURGUESAS CONTRA A EMANCIPAÇÃO E A TEORIA CRÍTICA!

PARA DESAFINAR O CORO DOS CONTENTES

Vote Chapa 1 para a APRUMA 2004-5

MANIFESTO DO GRUPO DE TRABALHO DE LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA (2003)

MANIFESTO DO GRUPO DE TRABALHO DE LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA (2003)

Diante dos dados apresentados pela enquete recentemente realizada junto aos alunos do curso de Graduação em Ciências Sociais desta Universidade, passamos a considerar os seguintes aspectos:

1. Tendo em vista o registro do índice apresentado, revelando que mais de 80 % dos discentes do Curso desejam se formar nas duas habilitações (Bacharelado e Licenciatura);
2. Levando em conta ao aumento da relação candidato/vaga no Vestibular da UFMA, o que demonstra o crescente interesse pelo Curso – aumentando a demanda da sociedade;
3. Considerando a manutenção e ampliação da disciplina Sociologia no Ensino Médio. Cabe ressaltar que segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais ainda faltam ser inseridas na Área de Humanas a Antropologia, o Direito e a Psicologia;
4. Tendo em vista, ainda, a nossa reivindicação para que as vagas no Sistema de Ensino sejam preenchidas através de concurso público restringindo as inscrições aos bacharéis (provisoriamente) e aos licenciados em Ciências Sociais;
5. Somando-se mais o fato de estarmos reivindicando a realização de concurso público para a carreira de sociólogo para a Administração do Estado – em audiência do Sindicato com o Governador;


Refletindo sobre todos estes dados que revelam uma nova realidade para os estudantes e professores do Curso de Ciências Sociais, percebemos que estes pontos merecem ser avaliados pelo conjunto da comunidade universitária militante nesta área do conhecimento.
Sendo assim, apresentamos algumas reivindicações a este Colegiado de Curso:
1. Compor o Colegiado com, no mínimo, um membro a mais do Departamento de Educação da UFMA – já que oferecem diversas disciplinas para a Licenciatura;
2. Colocar um horário específico para o Estágio Supervisionado na Grade da Lista de Oferta do Curso;
3. Compor um novo Fluxograma em que seja previsto uma Seqüência Aconselhada para os alunos que escolhem as 2 habilitações;
4. Expor e conscientizar os professores e alunos do Curso de Ciências Sociais que não se está formando exclusivamente pesquisadores especialistas (precoces) em apenas um aspecto da realidade social, mas também estão se formando professores que devem possuir conhecimentos dos Clássicos, de princípios da cidadania e do espírito crítico, necessários ao docente de Ensino Médio e Fundamental;
5. Que o Re-credenciamento do Curso de Ciências Socais leve em conta esta nova realidade e incorpore as mudanças que forem precisas para a melhoria da Graduação.

Por fim estas reivindicações se juntam as antigas que permanecem, referentes a melhoria e efetiva instituição da Licenciatura de Ciências Sociais na UFMA – principalmente no que tange as condições físicas infra-estruturais do Laboratório de Ensino em Ciências Sociais.

São Luís, janeiro de 2003.

Grupo de Trabalho de Licenciatura.
Coordenação de Licenciatura.

DIRETRIZES CURRICULARES

DIRETRIZES CURRICULARES DO ENSINO MÉDIO DO MARANHÃO

PARTE IV – CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Considerações Preliminares

As Ciências Humanas desenvolveram-se a partir do século XIX com o advento das grandes mudanças político-econômicas e culturais, as quais ocorreram com o novo modo de produção capitalista. As Ciências Humanas são compostas de diversos saberes que objetivam situar e conhecer o homem, a fim de instrumentalizá-lo na análise e ação sobre a realidade.
Superando o paradigma positivista, as ciências humanas, a partir da postura dialética, busca a síntese entre o humanismo, ciência e tecnologia. Além disso, as DCNEM prevêem uma organização escolar pautada nos princípios estéticos, políticos e éticos, mediante a retomada a uma educação humanista.
De acordo com o Art. 26, da LDB 9.394/96, a organização do Ensino Fundamental e Médio deve constituir-se de uma base nacional comum e uma parte diversificada. O parágrafo 1º inclui, obrigatoriamente, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política especialmente do Brasil, abordagens importantes para a área das Ciências Humanas e suas Tecnologias. O parágrafo 4º do referido Artigo trata do ensino da História do Brasil que “levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígenas, africanas e européia”. É na seção IV, Art. 36, LDB, que estão definidas as diretrizes, dando destaque à educação tecnológica básica, à compreensão do significado da ciência, letras e arte, o processo histórico das mudanças sociais em seus contextos culturais, o uso da língua materna na comunicação e o acesso ao conhecimento e ao desenvolvimento da cidadania.
Importa observar ainda, que o Art. 27 da LDB determina diretrizes a serem consideradas na definição dos conteúdos da Educação Básica. As diretrizes pedagógicas: identidade, diversidade, autonomia, competências básicas, interdisciplinaridade e contextualização, propostos pelas DCNEM, norteiam o currículo, a postura de tratamento do conhecimento e as formas de ensinar e aprender, de modo significativo, articulado e integrado, capaz de superar as práticas tradicionais da fragmentação.
Relevância especial far-se-á no item II do Art. 36 da LDB, que trata das diretrizes para a formulação dos currículos e afirma que “adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes”. Iniciativa traduzida, na participação significativa dos adolescentes como sujeitos de direitos, com identidades próprias, estando a escola aberta à cultura juvenil, possibilitando diferentes formas de protagonismo, a serem previstas no Projeto Político-Pedagógico e no regimento escolar. O currículo para jovens do Ensino Médio, na área das Ciências Humanas e suas Tecnologias tratará, à luz das pedagogias humanizadoras, das condições e necessidades de espaço e tempo de aprendizagem” bem como do “...uso de várias possibilidades pedagógicas de organização...” de que trata o Art.º 7, item I, alíneas a e b – da LDB. Assim, objetiva a inclusão do educando num esforço permanente de aprendizagem dos conhecimentos desta área, desenvolvendo competências e valorizando o processo de tal modo a eliminar a evasão e repetência.
É mister que o conhecimento contribua para a formação de competências do sujeito histórico, individual e coletivo, transformador de sua vida e do meio. É importante afirmar que a reconstrução de significados e conceitos requer a aplicação consciente das diretrizes explicitadas no parágrafo anterior, as quais basearam-se nos princípios estéticos, políticos e éticos. Estes princípios vêm imprimindo novo sentido às políticas públicas educacionais no desenvolvimento de uma prática democrática de gestão administrativa e pedagógica; de aplicação dos financiamentos da educação; da organização curricular, e os seus desdobramentos de ensinar e aprender; e das formas mediadoras de avaliação qualitativa que considerem o respeito à diversidade de ser, conhecer e fazer.
A Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio configura-se pelos conhecimentos de História, Geografia, Antropologia, Psicologia, Direito, Sociologia e Filosofia, sendo os dois últimos “necessários do exercício da cidadania” (BRASIL, 1999, p. 92). Estes conhecimentos deverão ser trabalhados em todas as disciplinas que compõem a área, cabendo ao professor, por meio do planejamento, estabelecer as relações entre os conhecimentos e as disciplinas.
O Estado do Maranhão, seguindo as orientações legais vigentes e, por considerar relevantes para a construção de um currículo voltado para a formação da cidadania juvenil, organizou a área em 04 (quatro) disciplinas: História, Geografia, Sociologia e Filosofia. Estas devem desenvolver competências básicas com flexibilidade na organização dos conteúdos, adequabilidade às metodologias propiciadoras da construção e ressignificação de conhecimentos trabalhados em programas, projetos e atividades. Para tanto é necessária a utilização de métodos que sirvam ao propósito da convivência e da autonomia na produção do saber sistematizado na escola.
O ensino das Ciências Humanas e suas Tecnologias, segundo os PCNEM, “deverá desenvolver a compreensão do significado da identidade, da sociedade e da cultura, que configuram os campos de conhecimentos das disciplinas desta área” (BRASIL, 1999). Os conhecimentos que compõem o currículo escolar devem estar de acordo com o Projeto Político-Pedagógico de cada escola, no qual se deve evitar a supervalorização dessa ou daquela área ou disciplina, selecionando conteúdos significativos para a formação das competências básicas pretendidas.
Deve-se levar em conta, também, os interesses dos educandos e da sociedade de modo a reforçar a função social da escola, a qual não deve ignorar as contradições existentes que geram exclusão social imposta pelo modelo econômico, que gera, no Estado, trabalho infantil e semi-escravo, desemprego, violência, com conseqüente aumento da marginalização da sociedade, inibindo a possibilidade de inserção no mercado de trabalho. As contradições presentes deverão estar contempladas no currículo escolar, além das vocações econômicas dos pólos econômicos do maranhão como: turismo, madeireiro, coureiro, pecuário e outros.
Um dos desafios do ensino das Ciências Humanas e suas Tecnologias é contemplar as angústias da sociedade brasileira, na dimensão da história crítica e na projeção do futuro, no mundo conseqüente, do qual o aluno é parte, e requer da educação o seu pleno desenvolvimento como cidadão e profissional que se inserirá no mundo do trabalho, cujas relações complexas se configuram em novas ordens. A educação deve, ainda, possibilitar que a sociedade brasileira construa “condições para fazer-se nação mais soberana e conquistar espaço com as suas próprias capacidades no cenário internacional ...” (SANTOS, 2002).
A globalização traz consigo o rompimento de fronteiras espaciais e a migração de jovens para onde o trabalho está. Além disso, o avanço tecnológico cria profissões inovadoras e elimina outras já conhecidas, colocando o homem frente a novas culturas e interagindo com elas, em busca do seu espaço qualitativo na sociedade. Entretanto a vocação científica do País não deve apenas “reproduzir o saber já elaborado em forma de tecnologias nos centros mais avançados do primeiro mundo, porquanto, na ordem colocada pelos países do centro capitalista” (SANTOS, 2002).
Para a continuação do processo de formação do educando e o exercício pleno de seus deveres de cidadão, o Ensino Médio tem uma grande responsabilidade, no sentido de possibilitar uma visão ética, autonomia intelectual e pensamento crítico. Segundo as DCNEM “deverá desenvolver a compreensão do significado da identidade, da sociedade e da cultura...” (BRASIL, 1999, p. 92).
Para responder a estas finalidades da área, as competências apresentam-se então, como possibilidades a serem trabalhadas na formação do educando, diante da necessidade que tem a escola em sintetizar o humanismo, ciências e tecnologias, elementos indispensáveis na construção da sociedade atual.
Neste prisma, competência, conforme conceitua Perrenoud (2001), é a “capacidade de um sujeito mobilizar o todo ou parte de seus recursos cognitivos e afetivos para enfrentar uma família de situações complexas”. Diz respeito, portanto, à mobilização de recursos para a solução de problemas. As competências se formam a partir de conhecimentos construídos e ressignificados, extrapolando o âmbito das disciplinas, utilizando procedimentos metodológicos e recursos variados, acionados em busca da resolução de situações novas.
Importa ressaltar que, no currículo, são as competências que atraem a escolha de conteúdos e não o inverso. A atual ênfase no ensino recai no significado daquilo que o educando irá aprender para a vida, de como acessar as informações que formarão o conhecimento, de maneira a apropriar-se delas, reconstruí-las, comunicá-las, contextualizá-las e utilizá-las nas situações de desafio do cotidiano da escola e fora dela, fazendo uso das competências.
A Resolução CEB/ n.º 3/98, estabelece no item III, do Art.º 10 (BRASIL, 1999, p. 102), os seguintes objetivos para a área das Ciências Humanas e suas Tecnologias.

a) Compreender os elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais que constituem a identidade própria e dos outros.
b) Compreender a sociedade, sua gênese e transformação e os múltiplos fatores que nela intervém, como produtos da ação humana; a si mesmo como agente social, e os processos sociais como orientadores da dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos.
c) Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de espaços físicos e as relações da vida humana com a paisagem, em seus desdobramentos político-sociais, culturais, econômicos e humanos.
d) Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as às práticas dos diferentes grupos e atores sociais, aos princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à justiça e à distribuição dos benefícios econômicos.
e) Traduzir os conhecimentos sobre a pessoa, a sociedade, a economia, as práticas sociais e culturais em condutas de indagação, análise, problematização e protagonismo diante de situações novas, problemas ou questões da vida pessoal, social, política, econômica e cultural.
f) Entender os princípios das tecnologias associadas ao conhecimento do indivíduo, da sociedade e da cultura, entre as quais as de planejamento, organização, gestão, trabalho de equipe, e associá-los aos problemas que se propõe resolver.
g) Entender o impacto das tecnologias associadas às ciências humanas sobre sua vida pessoal, os processos de produção, o desenvolvimento do conhecimento e a vida social.
h) Entender a importância das tecnologias contemporâneas de comunicação e informação para o planejamento, gestão, organização, fortalecimento do trabalho de equipe.
i) Aplicar as tecnologias das ciências humanas e sociais na escola, no trabalho e outros contextos relevantes para sua vida.

No que diz respeito à utilização das tecnologias na educação humanista, mais do que nunca precisa estar ligada ao senso ético, no sentido de possibilitar ao educando o uso permanente da crítica para compreensão dos avanços científicos e tecnológicos, possibilitando a aquisição e reformulação dos conhecimentos, no trabalho e na vida social. Cabe, pois, à escola, a definição de estratégias, em seu planejamento, que otimizem o uso de diversas tecnologias, disponibilizando ao educando o contato com elas, de modo a ter domínio em sua aplicação.
No tratamento dos conhecimentos da Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, recomenda-se o uso de metodologias diversificadas que propiciem a formação de competências. É urgente superar o monólogo da aula expositiva de quadro e giz, adotando técnicas e dinâmicas de grupo que possibilitem ao educando vivenciar atividades de socialização, coordenação, registros e avaliação que minimizem, na sala de aula, a competição negativa e a estratificação dos alunos pelo saber.
Dentre as formas de trabalhar as competências, por meio dos conhecimentos de cada disciplina integrante da área, o professor lançará mão da produção textual, da exploração intertextual, de livros didáticos, mapas, maquetes, fotografias, jornais, periódicos, paradidáticos, materiais disponíveis nas bibliotecas virtuais, intercâmbio de experiências, saberes virtuais, de conferências e similares, excursões e visitas a logradouros culturais e de informação, entrevistas, uso de laboratórios e projetos pedagógicos.
O projeto didático, como metodologia, é uma forma de articular os diversos saberes, favorecendo ações diante das incertezas, da solidariedade com o outro, da valorização da diversidade de ser, pensar, fazer e agir das pessoas, das mediações e da cidadania, estimulando a participação política, econômica e cultural dos jovens. Eliminam-se, assim, tarefas simples, repetidas ano a ano, totalmente previsíveis, e trabalha-se o complexo, ensinando aprender a aprender pelos desafios apresentados, concedendo autonomia intelectual ao educando, estimulando a formação de sua identidade como sujeito produtivo. Na proposição de projetos os problemas identificados devem ser significativos, partindo do conhecimento e das necessidades do educando e dos outros segmentos escolares. Os projetos devem ser planejados, executados coletivamente, assim como avaliados sistematicamente para retroalimentação, possibilitando a antecipação de decisões, novas relações ou inferência de novos problemas.
Um dos desafios do trabalho com projetos é o exercício da convivência, respeitando as peculiaridades do saber ser, conviver e fazer de cada indivíduo. O respeito às características pessoais e o enfrentamento dos desafios nas diversidades de visões, em busca de objetivos comuns, amadurecem o sentido da solidariedade humana tornando a consciência do homem, como ser inconcluso, algo importante à aprendizagem e participação pela vida afora.
Na organização dos projetos escolares, o professor, a partir de referenciais teóricos, construirá com os educandos um roteiro com método científico e outros que favoreçam a organização dos conhecimentos escolares em relação a: tratamento da informação; relação entre diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipótese que conduzam à construção e ressignificação dos conhecimentos; e a transformação da informação procedente da interdisciplinaridade em conhecimento próprio. A inter-relação entre conteúdos e áreas far-se-á pela necessidade de responder às questões propostas nos projetos, nunca de modo artificial, mas atento, o professor, à coerência da exploração interdisciplinar e contextual.
No planejamento das atividades pedagógicas, assim como sua execução e avaliação, o professor deve considerar, como eixos norteadores, a representação e comunicação, a investigação e compreensão e a contextualização sociocultural, como orientadores dos atos de ensinar e aprender (BRASIL, 1999).
Nessa perspectiva, a sistemática de avaliação, a ser proposta no Projeto Político-Pedagógico, deve levar em consideração as competências selecionadas, os conhecimentos construídos e ressignificados, o contexto espacial, as individualidades dos protagonistas escolares, detectando avanços e/ou retrocessos, a fim de propor mudanças. Os critérios de avaliação devem ser discutidos e definidos coletivamente. Ressalta-se a necessidade do exercício da auto-avaliação de todos, durante o processo.
Para efetivação destes Referenciais Curriculares, há necessidade de investimento do poder público na formação continuada do professor, para fortalecimento da sua ação pedagógica, no provimento de livros didáticos para uso do aluno, além da elaboração de livros-texto, que atendam às peculiaridades das áreas e das disciplinas além da melhoria de espaços físicos escolares como laboratórios, bibliotecas com acervo atualizado, videotecas, auditórios e outros.

CONHECIMENTOS EM SOCIOLOGIA

Considerações Preliminares

O presente Referencial consiste em redimensionar a importância da disciplina Sociologia, no contexto escolar, a fim de resgatar o seu significado na formação do educando crítico, consciente e participativo, garantindo os instrumentos teóricos necessários para a compreensão da dinâmica da sociedade contemporânea, com suas instituições sociais, ideologias e contradições e como proceder à intervenção nesta sociedade caracterizada pela complexidade.
A sistematização dos conhecimentos de Sociologia, permitirá uma discussão de maior alcance, incidindo sobre os mesmos, como disciplina do Ensino Médio no Maranhão. Esses conhecimentos deverão ser ministrados por profissionais com habilitação especificamente em Ciências Sociais.
O repensar da Sociologia, no contexto escolar, exige consciência da necessidade de abandonar as abordagens simplistas, utilitaristas, espontaneistas e reprodutivistas que têm caracterizado a prática de ensino, exigindo uma formação continuada do educador. Isto porque as relações que o aluno exerce em seu meio cultural favorecem o desenvolvimento de sua visão de mundo ao expressar-se, explorando o universo das linguagens, experenciando, desvelando o real e o imaginário e criando novos significados para a construção de novos saberes.
Quanto ao objeto de estudo dessa disciplina, diversos autores que trabalham o tema de forma diretiva consideram-no como o homem e sua relação com a sociedade. Entretanto, no estudo da literatura encontra-se uma diversificação teórica sistematizada por três teóricos, com seus respectivos conceitos fundamentais, a saber: a) análise do conceito de fato social, proposto por Durkheim; b) conceito de ação social enunciado por Weber; e, c) os conceitos de classes sociais, alienação e mais-valia formulados por Karl Marx” (CORRÊA, 2002).
O fazer pedagógico encaminha-se a partir da concepção de que o professor tem de seu objeto de estudo, orientando assim, a seleção e indicação de competências e habilidades, bem como todos os aspectos que corroboram no processo ensino-aprendizagem.
A apreensão do objeto de estudo requer a compreensão de conceitos fundamentais da Ciência. Dentre eles destacam-se: cultura, classe social, interação social, conflitos, e grupos sociais.
Considerando a importância dos conceitos e das categorias como um dos fatores para a compreensão da sociedade, ressignificação dos fatos e a percepção do educando como sujeito da construção e transformação dessa sociedade, justifica-se o tratamento desse conhecimento como disciplina que compõe a Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
A Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no inciso III, do § 1º, do Art. 36 expressa que o egresso do Ensino Médio deve demonstrar “domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania”. A mesma referência, ressalta que a preparação básica para a cidadania, uma das finalidades do Ensino Médio, não é exclusiva do ensino da Sociologia, mas vale para todos os componentes curriculares, os quais deverão criar condições favoráveis para a construção da identidade social dos alunos, de forma protagônica. É também na Sociologia que os educandos vão perceber que a concepção de mundo, as idéias e os valores que as pessoas compartilham entre si são construídos no cotidiano das relações e inter-relações. As construções sociais resultam dos conflitos e dos consensos que se estabelecem na sociedade, são, portanto, as relações de poder e de violência física ou simbólica exercidos por alguns grupos ou classes sociais.
O saber sociológico torna-se necessário para a compreensão das mudanças sociais, com o aprofundamento de categorias como trabalho, interação social, sistemas sociais, estrutura social, cotidiano, instituições, fatos sociais, relações de gênero, cultura, dentre outras. A inclusão da Sociologia no currículo escolar como espaço privilegiado, proporciona a construção da cidadania. Neste sentido, o processo ensino-aprendizagem deve levar em conta os saberes e as potencialidades do educando, visto como um ser integral.
A Lei 9.394/96 estabelece [...] como uma das finalidades centrais do Ensino Médio a construção da cidadania do educando, evidenciando assim, a importância do ensino da Sociologia no Ensino Médio”. Nesse sentido, a preparação dos educandos deve considerar as mudanças socioculturais e econômicas ocorridas nos últimos 30 anos que trouxeram consigo o aparecimento da sociedade informacional e que repercutiram nos vários setores da vida social. Observa-se uma sociedade industrial, com predomínio do setor secundário e um crescimento do setor terciário em detrimento do setor primário, que está sendo substituído, de forma acelerada, por um novo setor em que a informação é a matéria – prima e o seu processamento é a base do sistema econômico. Neste aspecto, registra-se uma mudança no processo de produção e não no modo de produção, consta-se que o modo de produção capitalista é mantido, com suas premissas de máximo benefício, investimento e competitividade.
Dessa forma, o processo de globalização econômica tem gerado desigualdades, tanto em nível local como mundial, aumentando, de forma acelerada, a diferença do crescimento econômico, a capacidade tecnológica e as condições sociais. Percebe-se uma clara transformação caracterizada pela emergência de uma nova lógica de domínio e de poder econômico utilizada pelos países ricos na destruição dos bens da natureza, pela utilização de comunicação de massa, especialmente por meio de propagandas e pelo questionamento do Estado – Nação. Na forma como é conhecido, está sendo deslegitimado quer pela globalização, na economia, no crime, nos meios de comunicação, quer pela descentralização política, como fonte do desenvolvimento econômico. Sendo assim, o conceito de Estado-Nação, nos moldes como vinha sendo entendido na sociedade industrial, está se modificando. Na prática, o Estado – Nação vem estabelecendo novas formas de organização e novas funções.
O processo ensino-aprendizagem na disciplina Sociologia implica um estudo dialético, buscando compreender a relação que o homem estabelece com o meio social e cultural, sendo necessário garantir sua relação com as demais áreas do conhecimento, por meio de um processo interdisciplinar. É a oportunidade para problematizar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos sociais, a partir da reflexão sociológica e do conhecimento produzido pelos teóricos desta ciência.
O ensino da Sociologia cria nas escolas um espaço de formação da consciência crítica, quando é garantida ao educando a construção de competências para a análise e a compreensão das relações sociais, das relações de poder, das ideologias e da diversidade cultural que contribuem para formação de uma sociedade mais complexa e diversificada.
Não se trata de uma disciplina voltada para o ajuste do educando à sociedade, mas uma disciplina capaz de contribuir para o fortalecimento de valores democráticos, autonomia, pensamento crítico e participação dos educandos no enfrentamento das questões reais na família, na escola, na comunidade e na vida social mais ampla. Além disso, a escola deve favorecer a realização de um conjunto de vivências para, que o educando possa ser sujeito de sua própria educação, construindo uma visão política sobre si mesmo e em relação aos outros de forma protagônica. Para a concretização dessas intenções, definiu-se que o ensino da Sociologia terá por objetivos gerais.

a) Contribuir para a reflexão sobre as mudanças sociais, usando a compreensão dinâmica da sociedade contemporânea.
b) Ampliar as experiências sensoriais e perceptivas, afetivas e intelectuais, oportunizando ao educando o entendimento dos direitos e deveres como cidadão protagônico.


Dessa forma, é necessário adotar métodos voltados para investigação, identificação, classificação e interpretação dos fenômenos sociais. A escola deve proporcionar os espaços educativos necessários para que o aluno (re) aprenda uma nova forma de ver, ordenar e construir o mundo, tendo como princípios básicos os direitos humanos, a responsabilidade pessoal e o compromisso social na realização do destino coletivo.

Competências em Sociologia

O ensino de Sociologia deve proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências que possibilitem aguçar a percepção e o entendimento da sociedade, mediante a re-elaboração dos saberes, da interpretação e busca de soluções de problemas sociais pertinentes ao cotidiano.
As competências e habilidades devem ser reelaboradas pelos professores, considerando as necessidades do educando para a formação da cidadania.

Quadro - Matriz de competências e habilidades em Sociologia
COMPETÊNCIAS HABILIDADES

1. Compreender a Sociologia como ciência, seus fundamentos conceituais, métodos, e a relação destes com os principais teóricos.
1.1. Estabelecer a relação entre a Sociologia e as demais ciências.
1.2. Reconhecer a importância das teorias para subsidiar o entendimento da sociedade.
1.3. Utilizar conceitos e categorias das ciências sociais na leitura e interpretação da realidade social e dos problemas da vida cotidiana.


2. Compreender a organização da sociedade, por meio de grupos e instituições.
2.1. Compreender as relações existentes entre as diversas formas de organização social e suas conseqüências.
2.2. Reconhecer os interesses defendidos pelo Estado na sociedade.
2.3. Analisar o significado e as conseqüências da burocracia estatal para as sociedades.

3. Analisar os processos sociais que permeiam a vida em sociedade.
3.1. Reconhecer a necessidade de sociabilidade e da efetiva participação dos grupos na dinâmica social.
3.2. Analisar as conseqüências para o indivíduo e para a sociedade dos processos sociais.
3.3. Distinguir os aspectos inerentes às relações sociais através dos diferentes processos sociais.

4. Reconhecer a cultura como uma produção humana que é influenciada e influencia a sociedade.

4.1. Reconhecer o valor e a importância da cultura nas diferentes etnias para a formação da identidade cultural e a do patrimônio local, regional, nacional e internacional.
4.2. Analisar criticamente as formas de padronização, massificação e industrialização cultural e suas implicações.
4.3. Investigar e analisar a influência das culturas étnicas na construção dos códigos de linguagem;
4.4. Perceber a importância da tolerância cultural na construção de uma sociedade de direito.

5. Compreender as transformações no mundo do trabalho e o novo perfil de qualificação exigido pelas mudanças na nova ordem mundial.
5.1. Compreender as transformações no mundo do trabalho para explicar o reordenamento das relações sociais e produtivas.
5.2. Analisar o impacto das transformações sociais nas relações de trabalho.
5.3. Compreender e analisar os modos e relações de produção no desenvolvimento humano e tecnológico.
5.4. Compreender a interferência das condições econômicas, sociais e políticas na organização da sociedade.

6. Compreender as estruturas sociais que permeiam as sociedades e suas respectivas influências na dinâmica social.
6.1. Analisar as contradições existentes entre as relações indivíduo e sociedade.
6.2. Compreender a hierarquia de posição da sociedade a partir das relações político-sociais e econômicas.
6.3. Discernir as mudanças nas relações humanas produzidas pela revolução tecnológica.
6.4. Compreender os conceitos de alienação ideológica e classes sociais para explicar as desigualdades sociais;
6.5. Analisar as situações sociais que favorecem o surgimento de movimentos sociais.
6.6. Investigar e analisar os limites e as possibilidades de transformação social na realidade atual, contribuindo para a construção de um mundo com justiça e solidariedade.
6.7. Analisar criticamente os aspectos e problemas sociais da comunidade, de modo a propor soluções e intervenções sobre os mesmos.

Conhecimentos em Sociologia

Os conhecimentos apresentados a seguir contemplam os fundamentos estabelecidos pela LDB e pela Resolução CEB-03/98 que manifesta a efetiva busca da interdisciplinaridade, da contextualização e do aprendizado que prioriza a dualidade vida-trabalho, a fim de que as competências e habilidades planejadas sejam concretizadas.
O conjunto de conhecimentos propostos não é uma listagem de conteúdos para serem transmitidos pelos professores, pois os conhecimentos representam uma seleção de formas ou saberes culturais, isto é, conceitos, habilidades, linguagens, valores, crenças, sentimentos e atitude, essenciais no processo de consecução dos objetivos de ensino e um meio para o desenvolvimento de competências.
Conhecimentos

• A Sociologia como Ciência
- Origem, bases conceituais, objeto de estudo, etimologia, divisão, métodos das ciências e da Sociologia, principais teóricos.

• Grupos sociais, instituições sociais e processos sociais
- Bases conceituais, classificação, processos.

• Cultura
- Bases conceituais, classificação, processos, patrimônio cultural.

• Bases econômicas da sociedade
- Trabalho, modos de produção, relações de produção, globalização.

• Estratificação, mobilidade, mudança, movimentos e conflitos sociais
- Bases conceituais, classificação, características.

Valores e Atitudes

Os valores e atitudes, apresentados como sugestões, foram inspirados nos fundamentos estéticos, políticos e éticos para o Ensino Médio brasileiro, definidos pela legislação vigente. Os educandos assimilam internamente os princípios axiológicos transmitidos em todo o processo ensino-aprendizagem que podem modificar sua postura, isto é, sua forma de agir frente à própria realidade. Esta mudança comportamental é manifestada nas situações de aprendizagem, quando da aquisição das competências, habilidades e conhecimentos propostos.

 Desenvolver e demonstrar senso de identidade, de auto-estima, de autoconfiança, autodeterminação e auto-realização.
 Atuar, de forma criativa, construtiva, solidária, democrática e protagônica na solução de problemas reais, na família, na escola, na comunidade e na vida social mais ampla.
 Reconhecer e praticar atos relativos aos direitos humanos, respeitando as diferenças e as diversidades e eliminando qualquer atitude de preconceito e discriminação.
 Exercitar a responsabilidade pelo bem comum estabelecendo diferenças entre o público e o privado.
 Participar ativamente dos trabalhos realizados em sala de aula, reconhecendo potencialidades e limitações e buscando a consecução de objetivos comuns.
 Integrar e interagir com os outros de forma ética, criativa, construtiva e solidária, na realização de projetos individuais e coletivos, respeitando as características pessoais.
 Incorporar, de forma significativa, os conhecimentos de Sociologia no cotidiano, na visão de mundo e no próprio projeto de vida.
 Optar por uma postura crítica frente aos fatos e acontecimentos históricos, expressando argumentos e contra-argumentos na defesa de suas opiniões.
 Exercitar a responsabilidade pelos seus atos como forma de aprendizagem e articulação contínua para o crescimento pessoal e coletivo.
 Valorizar e proteger o meio ambiente e o patrimônio histórico cultural.
 Participar do processo de aprendizagem, manifestando interesses e propondo soluções criativas para a melhoria do ensino.
 Expressar-se com precisão por escrito e oralmente expondo o próprio pensamento e sabendo manejar símbolos, dados, códigos e outras formas de expressão lingüística, no processo de análise, síntese e interpretação de dados, fatos e situações relacionadas ao conhecimento de Sociologia.
 Priorizar o diálogo, a negociação e o respeito às regras, leis e normas estabelecidas, na defesa dos seus direitos e na solução de problemas ou conflitos interpessoais.
 Interagir criticamente com as diversas linguagens expressas nos meios de comunicação, criando formas novas de pensar, sentir e atuar no convívio democrático.
 Localizar, acessar e usar a informação acumulada, consultando bibliotecas, videotecas, centros de informação, documentações, publicações especializadas e redes eletrônicas.

Orientações Metodológicas

Ao estabelecer os métodos que nortearão a prática pedagógica no ensino da Sociologia, o professor deve considerar a escolha e organização dos conhecimentos propostos em função das competências e habilidades a serem desenvolvidas. O ponto referencial é a percepção dos níveis de desenvolvimento do aluno (afetivo, perceptivo, cognitivo e psicomotor) e suas influências sobre os saberes que já possui para a compreensão e interpretação das realidades apresentadas e seus contextos ou os que venham a ser construídos.
Os procedimentos devem possibilitar as adequações e graduações necessárias aos conhecimentos a serem trabalhados e ainda favorecer a problematização e superação das dificuldades apresentadas, o que irá incidir sobre as atividades e exercício de investigação, experimentação, criação e produção de novos saberes, imprescindíveis para a compreensão das metamorfoses sociais.
As orientações metodológicas propostas aos professores favorecem o resgate os saberes de outras áreas do conhecimento, por meio da interdisciplinaridade. Assim, os conhecimentos devem ser apresentados de forma que o aluno perceba o que há de comum e de diferente entre eles, num exercício de pensamento divergente. Esta atitude ultrapassa a visão de integração do todo e desencadeia um processo sincrético que favorece uma nova compreensão do objeto da disciplina.
O trabalho pedagógico a ser desenvolvido deve considerar que o descobrir, experimentar e pesquisar possibilita o fortalecimento da identidade cultural. Os professores devem, nas suas práticas, aplicar uma variedade de procedimentos metodológicos. Em seguida, apresentamos algumas sugestões que favorecem a realização das atividades e experiências de aprendizagem.

 Elaboração e realização de projetos interdisciplinares centrados nos temas de sociologia, antropologia e política, que possibilitem a compreensão da sociedade contemporânea.
 Construção de textos individual ou coletivos a partir da integração, observação e compreensão dos fatos sociais.
 Desenvolvimento de projetos de pesquisa participativos nas diversas comunidades.
 Leitura, interpretação de textos literários e científicos sobre os conhecimentos de sociologia, antropologia e política que promovam a reflexão, a intertextualidade, interdisciplinaridade e contextualização.
 Realização de seminários, oficinas e debates temáticos, que possibilitem a integração, compreensão e a troca de saberes sobre o processo de transformação da sociedade contemporânea.
 Articulação com os professores das disciplinas da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias e as demais áreas do currículo do Ensino Médio para planejamento de atividades comuns, a exemplo dos projetos.
 Uso de livros didáticos e outros textos para apoio e aperfeiçoamento de temas.
 Realização de debates sobre filmes, documentários, shows, peças teatrais, palestras, visitas e outras atividades, que estabeleçam relações com o cotidiano, a escola e a sociedade.
 Aulas-passeio que oportunizem a observação, descrição e análise de diversas realidades sociais e culturais, selecionadas de acordo com os conhecimentos apreendidos e o interesse dos educandos.
 Entrevistas com pessoas engajadas nas diversas áreas do conhecimento, para aprofundar as análises sociológicas, antropológicas e políticas da sociedade atual.
 Pesquisa em bibliografias disponíveis nos diversos veículos de comunicação, obras complementares, textos, letras de músicas, jornais, revistas, vídeos e documentários educativos.
 Participação em eventos para ouvir e debater músicas de autores contemporâneos, analisando as letras e estabelecendo relações com sua própria vida, seus sentimentos e a realidade social do mundo em que vive.
 Participação em intercâmbios virtuais, salas de conferências, ‘chats’, aproximando os educandos de pessoas com reconhecida experiência nos assuntos.

A concretização dessas sugestões está vinculadas às condições físicas e ambientais da escola, na existência de salas de vídeo e de informática, bibliotecas com acervo atualizado, de recursos didáticos, professores habilitados em Ciências Sociais e em processo permanente de formação. Para garantir a efetivação deste referencial, espera-se uma nova postura do professor, para que a disciplina Sociologia cumpra seu papel na formação do educando. Neste sentido, o professor é o referencial em torno do qual a melhoria da qualidade do ensino se processará, expandindo-se ao intermediar os saberes da Sociologia com a realidade do aluno.
A avaliação no contexto da disciplina de Sociologia deve levar em consideração tanto o processo como o produto. No decorrer do processo, pode-se observar como o aluno interage com os outros, quais são suas dificuldades, como estão organizando suas experiências, quais e quantas tentativas de solução para os problemas foram pensadas e de que maneira são utilizados os materiais e os instrumentos. O educando precisa demonstrar também o seu envolvimento, empenho e interesse na atividade.
Sendo assim, a avaliação, não pode ser compreendida como um momento estanque das ações do processo de ensino-aprendizagem, mas sim está presente em todos os momentos, de forma contínua e sistemática, assumindo a função de estimular as construções do conhecimento, orientar as necessidades de adequações de acordo com o desenvolvimento individual e grupal, e demonstrar as dificuldades e conquistas. Esta concepção de avaliação valoriza todas as ações envolvidas nas inter-relações e na construção de novos conhecimentos. Entretanto é necessário evidenciar como os alunos aplicam os conhecimentos adquiridos e sistematizam as experiências vividas durante o processo, envolvendo a percepção, a emoção e o pensamento.

APOSTILA DE SOCIOLOGIA VESTIBULAR DA CIDADANIA UFMA-2002

VESTIBULAR DA CIDADANIA

APOSTILA DE SOCIOLOGIA

MÓDULO II

Orientador de Área:
Prof. Dr. Alexandre Fernandes Corrêa
(DEPSAN/UFMA)

Colaboraram neste Módulo:
Adriana Veras Serra CS/UFMA
Laudicéia Cristina Silva Galvão CS/UFMA
Iranilton Araújo Avelar CS/UFMA


São Luís
2002


CULTURA

Iniciamos com trechos de uma carta resposta do líder indígena Seattle, na qual o mesmo recusa um convite de enviar alguns de seus jovens para estudar nas escolas de brancos:

“(...) Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso bem e agradecemos de todo coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficam ofendidos ao saber que vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
(...) muitos de nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do norte e aprenderam toda vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome... falavam nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores da Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens”.


Conceito de Cultura

Conjunto de bens culturais que caracterizam um determinado agrupamento humano, um país, um estado, uma cidade, um bairro, um povo, uma aldeia, um determinado grupo etário, religioso, sexual. A cultura compreende um conjunto complexo que inclui conhecimentos, artes, leis, crenças, moral, costumes, enfim tudo que o ser humano adquire como membro de sus comunidade.


Identidade Cultural

Cada sociedade ou grupo social tem sua própria cultura, não há sociedade sem cultura, de forma que os indivíduos que compartilham de uma mesma cultura, apresentam o que se chama de IDENTIDADE CULTURAL


Aspectos materiais e não-materiais da cultura

A cultura material consiste nos utensílios e bens materiais inerentes a determinada cultura. Ferramentas, instrumentos de trabalho, máquinas, alimentos, habitações, são exemplos de bens culturais materiais.
Já a cultura não-material, abrange normas, leis, religião, costumes, ideologia, artes, folclore.
Os aspectos materiais e não-materiais da cultura são indissociáveis.


Elementos da cultura

Traços culturais
São elementos da cultura, por exemplo, uma crença, um colar. Os traços culturais só adquirem significado dentro da conjuntura que lhe é adequada. Colares podem ter diversos significados e utilidades, de acordo com a cultura.

Complexo cultural
É o resultado dos diversos traços culturais em torno de uma atividade básica. Exemplo: carnaval, bumba-meu-boi.

Área cultural
É a região geográfica onde predominam determinados complexos culturais.

Padrão cultural
É a norma cultural majoritária, podemos dizer que o casamento monogâmico no Brasil é um padrão cultural.

Subcultura
São as especificidades culturais regionalizadas a partir de uma cultura mais geral, pode-se falar em Subcultura gaúcha, nordestina, nortista, etc., contudo, não se deve confundir o termo Subcultura como algo menor ou inferior.

Aculturação
Em processos sociais vimos o processo de assimilação. A aculturação é um processo de assimilação de aspectos culturais de um outro grupo social, em que novos valores e práticas são incorporadas à determinado grupo social. Os índios no Brasil sofrem um processo de aculturação.

Contracultura
Apesar da reprodução da cultura ser sistemática, sobretudo através da educação, há grupos que resistem a determinados valores e sua reprodução. Opondo-se assim, eles formam uma tendência que pode ser chamada de contracultra. O movimento hippie é um exemplo, pois negava vários valores da sociedade ocidental, como a acumulação de riquezas e o patriotismo.


MEIO AMBIENTE HISTÓRICO E CULTURAL


PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO


CONSTITUIÇÃO FEDERAL/1988 – BRASIL

TÍTULO VIII – Da Ordem Social
CAPÍTULO III – Da Educação, da Cultura e do Desporto
SEÇÃO II – Da Cultura (Arts. 215-6)


Art. 216 - § 1° O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.


Texto de Maria Cecília Londres Fonseca (1992):

(...) se a emergência da noção de patrimônio histórico e artístico nacional se deu no âmbito da formação dos Estados-nações e da ideologia do nacionalismo, sua versão atual, enquanto patrimônio cultural, indica sua inserção em um contexto mais amplo – o dos organismos internacionais – e em contextos mais restritos – o das comunidades locais (Fonseca; p.79).

Texto de K. Pomian citado por Alexandre Corrêa (2001):

Patrimônio é tudo aquilo que resulta da transformação de certas coisas, objetos, comportamentos etc., em semióforos, isto é, em uma nova categoria agora significante de uma identidade cultural. A escolha dos objetos que entram no patrimônio cultural depende de sua capacidade de receber significados ligados principalmente a sua história anterior, a sua raridade, a sua aparência externa (Corrêa; p.30).

Texto de Marilena Chauí (1996):

[Da] disputa pelo poder e de prestígio nascem, sob a ação do poder público, o patrimônio artístico e o patrimônio histórico-geográfico da nação, isto é, aquilo que o poder político detém como seu contra o poder religioso e o poder econômico. Em outras palavras, os semióforos religiosos são particulares a cada crença, os semióforos da riqueza são propriedade privada, mas o patrimônio histórico-geográfico e artístico é nacional.
Para realizar esta tarefa, o poder político precisa construir um semióforo fundamental, aquele que será o lugar e o guardião dos semióforos públicos. Esse semióforo-matriz é a nação. Por meio da intelligentzia (ou dos intelectuais orgânicos), da escola, da biblioteca, do museu, do arquivo de documentos raros, do patrimônio histórico e geográfico e dos monumentos celebratórios, o poder político faz da nação o sujeito produtor dos semióforos nacionais e, ao mesmo tempo, o objeto do culto integrador da sociedade uma e indivisa (Chaui; p.14).


QUESTÕES REFERENTES AO TEMA:

1. O que é patrimônio cultural e histórico?

2. O que é um tombamento?

3. O que é preservação cultural e ambiental?

4. O que é um patrimônio cultural e natural da Humanidade?

5. Por que o Centro Histórico de São Luís é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade?

6. Quais são as outras cidades brasileiras que também têm este título?

7. Qual a importância da preservação da memória e da história de uma sociedade?


TEXTO PARA REFLEXÃO


ATENÇÃO - Colocar o texto:

DECLARAÇÃO DE DEPENDÊNCIA

Satish Kumar. Texto 1 em Anexo.

GLOBALIZAÇÃO

Globalização, o delírio do dragão – Tribo de Jah.

Globalização é a nova onda, o império do capital em ação fazendo sua rotineira ronda...
No gueto não há nada de novo além do sufoco que nunca é pouco,
Além do medo, do desemprego, da violência e da impaciência, de quem partiu para o desespero numa ida sem volta, além da revolta de quem vive as voltas com a exploração e a humilhação de um sistema impiedoso, nada de novo, além da pobreza e da tristeza de quem se sente traído e esquecido ao ver os filhos subnutridos, sem educação...
Crescendo ao lado de esgotos, banidos a contragosto pela sociedade, declarados bandidos , sem identidade, que serão reprimidos, em sumaria execução sem nenhuma apelação...

Não há nada de novo entre a terra e o céu, nada de novo... se não o velho dragão em seu tenebroso véu de destruição e fogo, sugando o sangue do povo, de geração em geração, especulando pelo mundo todo... é só o velho sistema do dragão.

Ah, ah, ah... ilusão...ilusão...
Só... virá mais...Tribulação...Tribulação

Os dirigentes do sistema impõe o seu lema, livre mercado, mundo educado, para consumir e existir sem questionar.
Não pesam em diminuir ou domar a voracidade e a sacanagem do capitalismo selvagem,
com seus tentáculos multinacionais, querem mais e mais e mais... lucros abusivos, grandes executivos são seus abastardos serviçais.

Não se importam com a fome, com os direitos do homem, querem abocanhar o globo, dividindo entre poucos o bolo, deixando migalhas pro resto da gentalha, em seus muitos planos, não vêem seres humanos e seus valores, são milhões e milhões de consumidores.

São tão otimistas em suas estatísticas e previsões,
Falam em crescimento e desenvolvimento por muitas e muitas gerações

Não há nada de novo entre a terra e o céu, nada de novo... se não o velho dragão em seu tenebroso véu de destruição e fogo, sugando o sangue do povo, de geração em geração, especulando pelo mundo todo... é só o velho sistema do dragão.

Ah, ah, ah... ilusão...ilusão...
Só... virá mais...Tribulação...Tribulação

Não sentem o momento crítico, talvez apocalíptico, os tigres asiáticos são o exemplo típico, agora parecem mais uns gatinhos raquíticos e asmáticos, se o sistema quebrar, será questão de tempo, até chegar o racionamento e o desabastecimento... que sinistra situação.

O globo inchado e devastado com a super população, tempos de barbárie então virão, tempos de êxodos e dispersão, a água pode virar ouro, o “rango” um rico tesouro.

Globalização é uma falsa noção do que seria a integração,
Com todo respeito a integridade e a dignidade de cada nação.

É a lei infeliz do grande capital, o poder da grana internacional, que faz de cada país apenas mais um seu quintal. É o poder do dinheiro regendo um mundo inteiro, ricos cada vez mais ricos e metidos, pobres cada vez mais pobres e falidos. Globalização o delírio do dragão...

O POSITIVISMO E A SOCIOLOGIA NO BRASIL

A IMPORTÂNCIA DO POSITIVISMO NA CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO REPUBLICANO BRASILEIRO.

ATENÇÃO – Texto 2 – Myriam S. Santos

ATENÇÃO – Depois do Texto 2 de Myriam S. Santos – Acrescentar os diagramas 1 e 2 retirados do Livro O POVO BRASILEIRO DE DARCY RIBEIRO.

DIAGRAMA 1
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA

DIAGRAMA 2
REPRESENTAÇÃO DAS CLASSES SOCIAIS POR NÍVEIS DE RENDA

TEXTOS COMPLEMENTARES

TEXTO COMPLEMENTAR I

As Condições de vida do operário industrial

Engels via os trabalhadores amontoados como ratos em suas moradias apertadas, famílias inteiras – e às vezes mais de uma família – socadas num único cômodo, os sãos junto aos doentes, adultos junto à crianças, parentes próximos dormindo juntos, às vezes sem camas, por terem sido obrigados a vender todos os móveis para serem queimados como lenha, às vezes em porões úmidos de onde se tirava água aos baldes quando chovia, às vezes vivendo no mesmo cômodo que os porcos: comendo farinha misturada com gesso e chocolate misturado com terra, intoxicados por carne impregnada de ptomaína, drogando a si próprios e seus filhos doentios com láudano: vivendo, sem esgotos, em meio a seus próprios excrementos e lixo; vitimados por epidemias de tifo e cólera, que por vezes chegavam até os bairros mais prósperos. A demanda crescente de mulheres e crianças nas fábricas fazia com que muitos chefes de família se tornassem desempregados crônicos, prejudicava o crescimento das meninas, facilitava o nascimento de filhos de mães solteiras e ao mesmo tempo as jovens mães a trabalharem grávidas ou antes de se recuperarem plenamente do parto, terminando por encaminhar muitas delas à prostituição. As crianças, que começavam a trabalhar nas fábricas aos 5 ou 6 anos de idade, recebiam pouca atenção das mães, que também passavam o dia inteiro na fábrica, e nenhuma instrução de uma sociedade que só queria delas que executassem operações mecânicas. Quando as deixavam sair das verdadeiras prisões que eram as fábricas, as crianças caíam exaustas, cansadas demais para lavar-se ou comer, quanto mais estudar ou brincar – às vezes cansadas demais até par ir para casa. Também nas minas de ferro e carvão, mulheres e crianças, juntamente com homens, passavam a maior parte de suas vidas rastejando em túneis estreitos debaixo da terra, e, fora deles, viam-se presas nos alojamentos da companhia, à mercê da loja da companhia, sofrendo atrasos no pagamento do salário de até duas semanas. Cerca de mil e quatrocentos mineiros morriam por ano quando se pariam cordas apodrecidas, quando desabavam túneis devido à escavação excessiva dos veios, quando ocorriam explosões devido a ventilação deficiente ou à negligência de uma criança exausta; e os que escapavam de acidentes catastróficos morriam de doenças dos pulmões. Por sua vez, os habitantes do interior, que com a industrialização perdera sua antiga condição de artesãos, pequenos proprietários e arrendatários de quem, mal ou bem, os grandes proprietários cuidavam – esses haviam sido transformados em diaristas sem eira nem beira, por quem ninguém era responsável, e que eram castigados com a prisão ou a deportação se, em épocas de necessidade, roubavam e comiam a caça das terras dos grandes proprietários. Para Engels, parecia que o servo medieval, que ao menos estava fixo à terra e ocupava uma posição definida na sociedade, estivera em melhor situação que o operário industrial. Naquela época em que as leis de proteção aos trabalhadores praticamente ainda não existiam, os antigos camponeses e trabalhadores braçais da Inglaterra, e até mesmo a antiga pequena burguesia, estavam sendo levados para as minas e as fábricas, tratados como matéria-prima para os produtos a serem fabricados, sem que ninguém se importasse nem mesmo com o problema do que fazer com o refugo humano gerado pelo processo. Nos anos de depressão, o superávit de mão-de-obra, que era tão útil nos anos em que a economia ia bem, era despejado nas cidades; estas pessoas tornavam-se mascates, varredores, lixeiros ou simplesmente mendigos – viam-se às vezes famílias inteiras mendigando nas ruas – e, o que era quase igualmente comum, prostitutas e ladrões. Thomas Malthus – dizia Engels – afirmava que o aumento de população estava sempre pressionando os meios de subsistência, de modo que era necessário que grande número de pessoas fossem exterminadas pela miséria e pelo vício; e a nova legislação referente aos pobres havia posto em prática essa doutrina, transformando os asilos de indigentes em prisões tão desumanas que os pobres preferiam morrer de
fome pelas ruas.

(WILSON, Edmund., Rumo à Estação Finlândia.4ª ed. São Paulo, Companhia das Letras, 1987. p. 132-133.)


TEXTO COMPLEMENTAR II

Como tratar os fatos sociais

Os fatos sociais devem ser tratados como coisas – eis a proposição fundamental de nosso método, e a que mais tem provocado contradições. [...] Com efeito, não afirmamos que os fatos sociais sejam coisas materiais, e sim que constituem coisas ao mesmo título que as coisas materiais, embora de maneira diferente.Com efeito, que é coisa? A coisa se opõe a idéia, como se opõe entre si tudo o que conhecemos a partir do exterior e tudo o que conhecemos a partir do interior. É coisa todo objeto de conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender, senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os mesmos visíveis e mais profundos. Tratar fatos de uma certa ordem como coisa não é, pois classificá-los nesta ou naquela categoria do real; é observar, com relação a eles, certa atitude mental. Seu estudo deve ser abordado a partir do principio de que se ignora completamente o que são, e de que suas propriedades características, assim como as causas desconhecidas de que estas dependem, não podem ser descobertas nem mesmo pela mais atenta das introspecções.

(DURKHEIM, É. ‘Fatos sociais: o estudo das representações coletivas’. In: FORACCHI, M. M.& MARTINS, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro, LTC, 1977.p. 23.)


TEXTO COMPLEMENTAR III

A definição de ação social

A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros). Os “outros” podem ser individualizados e conhecidos ou então uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos (o “dinheiro”, por exemplo, significa um bem – de troca – que o agente admite no comércio porque sua ação está orientada pela expectativa de que os outros muitos, embora indeterminados e desconhecidos, estarão dispostos também a aceita-los, por sua vez, numa troca futura).[...] Nem toda espécie de contato entre os homens é de caráter social; mas somente uma ação, com sentido próprio, dirigida para a ação de outros. O choque de dois ciclistas, por exemplo, é um simples evento como um fenômeno natural. Por outro lado, haveria ação social na tentativa dos ciclistas se desviarem, ou na briga ou consideração amistosa subseqüentes ao choque.

(WEBER, M. ‘Ação social e relação social’. In: FORACCHI, M. M.& MARTINS, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro, LTC, 1977. p. 139.)


TEXTO COMPLEMENTAR IV

A concepção marxista da sociedade


O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu-me de fio condutor aos meus estudos pode ser formulado em poucas palavras: na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral de vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência. Em uma certa etapa de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que nada mais é do que a expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais aquelas até então se tinham movido. De forma de desenvolvimento das forças produtivas estas relações se transformam em seus grilhões. Sobrevém então uma época de revolução social. Com a transformação da base econômica, toda a enorme superestrutura se transforma com maior ou menor rapidez.

(MARX,K. ‘Para a crítica da economia politica’. In: Manuscritos econômicos-filosóficos e outros textos escolhidos. 2ª ed. São Paulo, Abril Cultural, 1978. Col. Os Pensadores. p. 129.)


QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1) De acordo com o historiador inglês Eric Hobsbawn, “as transformações levadas a efeito pela Revolução Industrial inglesa foram muito mais sociais que técnicas, tendo em vista que é nessa fase que se consubstancia a diferença crescente entre ricos e pobres”. Comente as repercussões sociais impostas pela Revolução Industrial.

2) Quais eram as críticas feitas pelos pensadores iluministas à sociedade do séc. XVIII?

3) Comente quais as diferenças entre a definição de fato social de Durkheim e a de ação social de Max Weber.

4) Qual seria o papel da estrutura econômica na transformação de sociedade, segundo Karl Marx?

5) O surgimento da sociologia ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação feudal e da consolidação da civilização capitalista. Comente qual a importância desses acontecimentos para a Sociologia.


TEXTO COMPLEMENTAR V

O que interessa aos sociólogos

Os homens, em todo mundo, vivem em grupo. Isto favorece os sociólogos, uma vez que as conseqüências da vida em grupo são o objeto de estudo da Sociologia. O interesse pelo grupo é o que diferencia os sociólogos dos outros cientistas sociais. Por que grupos como a família, a tribo ou a nação sobrevivem através dos tempos ate mesmo durante as guerras ou revoluções. Por que um soldado deve lutar e enfrentar a morte, quando poderia esconder–se ou fugir. Por que o homem se casa e assume responsabilidade de família, quando poderia, com a mesma facilidade, satisfazer seus impulsos sexuais fora do casamento. Que efeitos produz a vida em grupo sobre o comportamento dos membros do grupo. Será que as pessoas que vivem em tribos pré-letradas, isoladas, se comportam diferentemente das que vivem em Nova York, ou num subúrbio parisiense.
Os sociólogos interessam-se igualmente pelas causas das mudanças ou da desintegração nos grupos. Por exemplo, querem saber por que alguns casamentos terminam em divórcio. Querem saber por que há um maior número de divórcios em alguns países do que em outros, e por que o número de divórcios aumenta ou diminui com o tempo. Querem saber, ainda, se o comportamento das pessoas se modifica depois de uma mudança do campo para a cidade ou da cidade para os subúrbios.
Finalmente, os sociólogos estudam o relacionamento entre os membros de um grupo entre os grupos. Qual o relacionamento entre o marido e mulher e entre os pais e os filhos nos Estados Unidos de hoje. Assemelha-se esse relacionamento ao da família americana antiga ou ao das famílias em outros países. Quais as causas entre o conflito entre negros e brancos no Sul. O trabalho, a industria e o governo nos Estados Unidos estarão relacionados entre si da mesma forma que os grupos da Austrália ou na ex-União Soviética. Por que alguns grupos da sociedade possuem bens materiais e mais prestigio que os outros.

Texto: Caroline B. Rose, Iniciação ao estudo da sociologia, p. 9-10. 1997.

QUESTÕES SOBRE O TEXTO

1. Faça uma síntese das principais áreas de interesse dos sociólogos.

2. Dê um exemplo de situação, ligada à sua vida, que pode ser explicada pela pesquisa sociológica.


TEXTO COMPLEMENTAR VI

O que é fato social?

Antes de procurar saber qual é o método que convém ao estudos dos fatos sócias, é preciso determinar quais são esses fatos.
Se não me submeto às normas da sociedade, se ao vestir-me não levo em conta os costumes seguidos no meu país e na minha classe, o riso que provoco e o afastamento que me submeto produzem, embora de forma mais atenuada, os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita. Aliás, apesar de indireta, a coação não deixa de ser eficaz.
Não sou obrigado a falar a língua de meu país, nem a usar as moedas legais, mas é impossível agir de outro modo. Se tentasse escapar a essa necessidade, minha tentativa seria um completo fracasso. Se for industrial, nada me proíbe de utilizar equipamentos e métodos do século passado; mas se fizer isso, com certeza vou arruinar-me.
Mesmo quando posso libertar-me e desobedecer, sempre serei obrigado a lutar contra tais regras. A resistência que elas impõem são uma prova de sua força, mesmo quando as pessoas conseguem finalmente vencê-las. Todos os inovadores, mesmo os bem-sucedidos, tiveram de lutar contra oposições desse tipo.
Aqui está, portanto, um tipo de fatos que apresentam características muito espaciais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõem como obrigação. Por isso, não poderiam ser confundidos com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ações; nem com os fenômenos psíquicos, pois este só existem na mente dos indivíduos e devido a ela. Constituem, portanto, uma espécie nova de fatos, que devem ser qualificados como sociais.

Adaptação de: Émile Durkheim, As regras do método sociólogo, p. 389-390.


QUESTÕES SOBRE O TEXTO

1. Os fatos sociais são superiores e exteriores à consciência individual. Explique essa afirmação.

2. Explique a característica de coercitividade do fato social.


A POESIA E A REALIDADE SOCIAL

REFLETIR SOBRE A FUNÇÃO SOCIAL DA ARTE


ATENÇÃO!

Acrescentar poesia de Ferreira Gullar.

João Boa Morte.


QUESTÃO PARA REFLEXÃO:


1. Este poema dramatiza uma situação social ainda muito freqüente no Brasil e na América Latina. Descreva com suas próprias palavras o conflito social que foi narrado no poema de Ferreira Gullar.

QUESTÕES DISSERTATIVAS:

1. O século XVIII é conhecido como o “Século das Luzes e da Razão”. Isso se dá em virtude de neste período a filosofia está dominada pelo espírito das revoluções burguesas. De que modo mudanças nas relações econômicas de uma sociedade podem afetar transformações na Moral, na Política e na Visão de Mundo das pessoas?

2. A sociologia pretende ser uma reflexão científica da sociedade, diferentemente da Literatura Social e da Filosofia. De que forma o método científico é aplicado na Ciências Sociais? Será da mesma maneira que a ciência é feita na área das Ciências Naturais e Exatas?

3. A sociologia e as outras Ciências Sociais nascem no contexto das mudanças na ordem econômica e social instaurada pela ideologia burguesa. Quais são as principais diferenças entre a sociedade feudal e a burguesa?


ALGUNS TERMOS SOCIOLÓGICOS


ACOMODAÇÃO
É o processo social em que um indivíduo ou grupo se ajusta a uma situação de conflito sem que tenha sofrido transformações interna. A acomodação é temporária.

ACULTURAÇÃO
Troca ou imposição cultural, onde se observa a assimilação de valores.

ASSIMILAÇÃO
Processo social que solução definitiva ao conflito social e entre culturas. Os indivíduos expostos a um processo social de assimilação tornam-se menos diferentes.

ALIENAÇÃO
É uma forma de relação entre os seres humanos e as coisas, onde este “não se reconhece” no fruto do seu labor, de seu trabalho, ele não domina de forma integral o processo de produção de um determinado produto.

ANARQUISMO
Doutrina política e social que defende uma ordem sem o controle do Estado.

ANTROPOLOGIA
Ciência social que estuda as semelhanças e diferenças culturais entre agrupamentos humanos distintos. Assim como a origem e desenvolvimento das culturas.

ASCENSÃO SOCIAL
Melhora na posição social em determinada estratificação social (castas, classes, estamentos...).

ATITUDE
Forma de proceder em determinada situação, pode ser retrógrada, conservadora, progressista(reformista) ou revolucionária.

BURGUESIA
Camada social que surgiu na Europa com o advento do capitalismo comercial numa posição intermediária entre a nobreza e os trabalhadores. Classe social que detém os meios de produção das riquezas.

CAPITALISMO
Sistema econômico que comporta a propriedade privada, o trabalho assalariado, e o lucro como meta. Teve seu advento econômico com a revolução industrial e político com a revolução francesa através do liberalismo.

CASTA SOCIAL
Estratificação social ocorrente na Índia. Tem fundo religioso rígido.

CIDADANIA
Relação entre o indivíduo e o seu país. Estado de qualidade de vida nos mais variados aspectos.

CIÊNCIA POLÍTICA
Estuda o poder na sociedade e sua distribuição. Estuda governo, regimes...

CIÊNCIAS SOCIAIS
Estudo sistemático de aspectos da vida humana em sociedade. Sociologia, antropologia, ciências política e economia.

CLASSE SOCIAL
É um agrupamento social que apresenta condições similares em relação aos meios de produção de uma sociedade.

COERCITIVIDADE
Obrigação social que determina o seguimento de um comportamento ou valor.

CONFLITO
Processo social que decorre da luta por status social.

CONSCIÊNCIA DE CLASSE
Percepção que tem o indivíduo ou grupo social de pertencimento a determinada classe social.

CULTURA DE MASSA
Transmitida pelos meios de comunicação de massa, não esta ligada a nenhum grupo específico. É repassada de forma “industrializada”. Surge daí a indústria cultural.

CULTURA POPULAR
É a cultura repassada de forma espontânea nos meios mais populares da sociedade, transmitida em geral, oralmente.

ECONOMIA
Ciência social ligada ao estudo dos fenômenos de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços na sociedade.

ESTADO
Entidade superior encarregada de manter a organização política de um povo.

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
Divisão social em camadas sociais hierarquizadas pela economia, religião, tradição, etc. gera classes, estamentos, castas.

ETNOCENTRISMO
Consiste na percepção da superioridade de determinada cultura, crença primitiva que levava povos isolados em entender que eram o centro do universo.

GLOBALIZAÇÃO
Fenômeno, sobretudo econômico, que tende a internacionalizar as relações comerciais entre os países. Tem aspectos culturais, políticos e sociais também.

GUETO
Bairro onde minorias raciais ou econômicas vivem segregados da sociedade.

LIBERALISMO
Doutrina que no seu viés econômico defende a liberdade para o mercado e a não interferência estatal na economia.

MOBILIDADE SOCIAL
Movimento de troca de posição social dentro de determinada estratificação social.

MODO DE PRODUÇÃO
Maneira pela qual uma sociedade produz e distribui seus bens, serviços e riquezas.

OLIGARQUIA
Forma de governo em que o poder esta nas mãos de poucos ou de determinadas famílias.

REFORMA SOCIAL
Mudanças sociais sem subversão da ordem estabelecida, ou seja, dentro do status quo.

REVOLUÇÃO SOCIAL
Mudança social que subverte a ordem estabelecida, incorporando novos valores, regras... implode o status quo estabelecido e o substitui por outro.

SINCRETISMO
É fusão de traços culturais e de cultura resultando num outro elemento cultural.

SOCIOLOGIA
Estuda os fatos sociais, as relações entre grupos sociais, as formas de associação, os grupos, as transformações, as divisões sociais, mobilidade, os processos sociais.

STATUS QUO
Expressão latina que significa o estado atual das coisas. A ordem atualmente estabelecida.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CHAUY, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo, Perseu Abramo. 1996.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Senado Federal, Brasília. 1988.

CORRÊA, Alexandre Fernandes. Vilas, parques, bairros e terreiros: novos patrimônios na cena das políticas culturais de São Luís e São Paulo. Tese de doutorado PPGCS/PUC/SP. São Paulo. 2001.

FONSECA, Maria Cecília L. O patrimônio em processo. Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN. 1997

MARGEM. Revista do Núcleo de Estudos COMPLEXUS – PUC/SP. São Paulo, N.13, P.13-14, JUN. 2001.

OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. São Paulo, Ática. 2001.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo, Companhia das Letras. 1995.

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo, HUCITEC. 1993.

SOCIEDADE E ESTADO/Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília: Pensamento Social Brasileiro. V XV N. 2. Junho-Dezembro. 2000.

SÍTIOS NA INTERNET:

Páginas sobre Patrimônio Histórico:
http://www.iphan.gov.br.
www.minc.gov.br.
icomos-brasil@yahoogrupos.com.br. http://www.geocities.com/RainForest/9468/pgspatr.htm.
LIIB na yahoogrupos: http://br.groups.yahoo.com/group/icomos-brasil/.
www.antropologia.com.br.

19 setembro, 2006

MINI CURSO: A RELIGAÇÃO DOS SABERES

LABORATÓRIO DE ENSINO EM CIÊNCIA SOCIAIS

III SEMINÁRIO DE LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA

MINI CURSO:

A RELIGAÇÃO DOS SABERES

O Desafio do Século XXI

Guia de Orientação Proposto por Edgar Morin nas
Jornadas Temáticas para o Ensino Médio
na França em 1998.

Coordenador do Mini-Curso:

Professor Alexandre Corrêa (DEPSAN/UFMA)
(Doutor em Ciências Sociais: Antropologia da PUC/SP e
Mestre em Antropologia Cultural da UFPE)

Data, Horário e Local:
12 e 13 de novembro, às 18 Horas na Sala Multimídia CCH UFMA.

MINI CURSO: A RELIGAÇÃO DOS SABERES O Desafio do Século XXI Guia de Orientação Proposto por Edgar Morin nas Jornadas Temáticas para o Ensino Médio na França em 1998.


* * *

QUEM É EDGAR MORIN

Nasceu em Paris, no ano de 1921. Aderiu ao Partido Comunista na Resistência Francesa à ocupação nazista, durante à II Guerra Mundial. Em 1951 foi excluído do Partido por lutar contra o Estalinismo. A partir de 1957, pesquisa sobre temas políticos, marcado pela vontade de repensar a teoria da ação revolucionária, para além da “vulagata marxista” e do “comunismo de aparelho”. Neste esforço, engaja-se na Revista Arguments, sendo seu diretor entre 1957 e 1963. Nesse período escreve o texto Introduction à une politique de l’homme. No mesmo trajeto percebe que se necessita cada vez mais de uma antropossociologia fundamental que se enraíze no mondo físico e biológico (Lê paradigme perdu, 1973; La méthode, I à IV). Desde então seu trabalho tem sido no sentido de formular uma antropolitica que reflita sobre os problemas colocados por uma transformação social que promova um novo renascimento da Humanidade.

PRINCIPAIS OBRAS PUBLICADAS

MORIN, Edgar. A epistemologia da complexidade. Porto Alegre: ArtMed. 1990
____. O paradigma perdido. Lisboa: Europa-América. 1991
____. O método IV: as idéias. Lisboa: Europa-América. 1992
____. Terra-pátria. Lisboa: Instituto Piaget. 1993
____. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1996
____. X da questão: o sujeito à flor da pele. Porto Alegre: ArtMed. 2003


* * *

“As Ciências Humanas abrangerão as Ciências Naturais,
as Ciências Naturais abrangerão as Ciências Humanas”.
Karl Marx. Manuscrito Econômico-filosófico.

“Após terem forçosamente dividido e abstraído um pouco excessivamente, é preciso que os sociólogos se esforcem para recompor o todo. Encontrarão assim dados fecundos”.
Marcel Mauss. Sociologia e Antropologia.

“A tarefa das Ciências Humanas é reintegrar a cultura na natureza,
e finalmente, a vida no conjunto das condições físico-químicas”.
Lévi-Strauss. Pensamento Selvagem.

* * *

“No fundo dos sistemas sociais aparece uma infra-estrutura formal, somos mesmo tentados a falar num pensamento inconsciente, uma antecipação do espírito humano, como se nossa ciência já estivesse feita nas coisas, e como se a ordem humana da cultura fosse uma segunda ordem natural, dominada por outros invariantes”.

“Na medida em que a função simbólica está avançada frente ao dado, inevitavelmente o todo da ordem da cultura que ela carrega tende a embaralhar-se. A antítese entre a Natureza e a Cultura torna-se menos nítida”.
Maurice Merleau-Ponty. De Mauss à Lévi-Strauss.

* * *

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

UM DUPLO PROBLEMA DE IMPORTÂNCIA PRIMORDIAL:

1. O desafio da globalidade, isto é, a inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre um saber fragmentado em elementos desconjuntados e compartimentados nas disciplinas de um lado e, de outro, entre as realidades multidimensionais, globais, transnacionais, planetárias e os problemas cada vez mais transversais, polidisicplinares e até mesmo transdisciplinares.

* * *

2. A não-pertinência, portanto, de nosso modo de conhecimento e de ensino, que nos leva a separar (os objetos de seu meio, as disciplinas umas das outras) e não reunir aquilo que, entretanto, faz parte de um “mesmo tecido”. A inteligência que só sabe separar espedaça o complexo do mundo em fragmentos desconjuntados, fraciona os problemas. Assim, quanto mais problemas tornam-se multidimensionais, maior é a incapacidade para pensar sua multidimensionalidade; quanto mais eles se tornam planetários, menos são pensados enquanto tais. Incapaz de encarar o contexto e o complexo planetário, a inteligência torna-se cega e irresponsável.

* * *

A ADEQUAÇÃO ÀS FINALIDADES EDUCATIVAS.

A primeira é a adequação de todas as disciplinas, científicas e humanas, às finalidades educativas fundamentais, que acabaram sendo ocultadas pelas fragmentações disciplinares e pelas compartimentações entre essas duas diferentes culturas:

1) formar espíritos capazes de organizar seus conhecimentos em vez de armazená-los por uma acumulação de saberes: “Antes uma cabeça bem feita que uma cabeça muito cheia”, Montaigne;
2) ensinar a condição humana: “Nosso verdadeiro estudo é o da condição humana”, J.J. Rousseau, Emile);
3) ensinar a viver: “Viver é o ofício que lhe quero ensinar”, Émile);
4) refazer uma escola da cidadania.

* * *

ENSINAR A CONDIÇÃO HUMANA:

A condição humana encontra-se totalmente ausente do ensino atual, que a desintegra em fragmentos desconjuntados. Ora, os recentes desenvolvimentos das ciências naturais e da tradição mais relevante da cultura humanista permitiriam um ensino que fizesse convergir todas as disciplinas, no sentido de fazer com que cada jovem espírito se conscientize do significado de ser humano.

APRENDER A VIVER:

Significa preparar os espíritos para afrontar as incertezas e os problemas da existência humana. O ensino da incerteza que caracteriza o mundo deve partir das ciências: elas mostram o caráter aleatório, acidental, até mesmo cataclísmico, às vezes, da história do cosmos.

* * *

O APRENDIZADO DA CIDADANIA:

Necessitará de um ensinamento, totalmente inexistente hoje, do que é uma nação. A história do Brasil situará o aluno na condição de cidadão brasileiro no seio de sua nação, de sua cultura, de sua comunidade de destino. A aprendizagem da cidadania incluirá também, pelas vias da história da América Latina, da Europa e da história planetária (isto é, os tempos modernos), a possibilidade de desenvolver em cada um a cidadania latino-americana e a cidadania do planeta Terra. Nosso ensino deve contribuir para o enraizamento de cada jovem brasileiro em sua história e cultura e, ao mesmo tempo, demonstrar que esta cultura e esta história estão ligadas à da América Latina, da Europa e à do próprio mundo.


A FINALIDADE DA “CABEÇA BEM FEITA”:

Ela trata de um ponto que se encontra igualmente ausente do ensino e que deveria ser considerado como essencial: a arte de organizar seu próprio pensamento, de religar e, ao mesmo tempo, diferenciar. Trata-se de favorecer a aptidão natural do espírito humano a contextualizar e a globalizar, isto é, a relacionar cada informação e cada conhecimento a seu contexto e conjunto. Trata-se de reforçar a aptidão a interrogar e a ligar o saber à dúvida, de desenvolver a aptidão para integrar o saber particular em sua própria vida e não somente a um contexto global, a aptidão para colocar a si mesmo os problemas fundamentais de sua própria condição e de seu tempo.

* * *

A ADEQUAÇÃO DOS “OBJETOS” NATURAIS E CULTURAIS:

As disciplinas deveriam apresentar uma adequação a “objetos” que sejam a um só tempo naturais e culturais, como o mundo, a Terra, a vida, a humanidade. Eles são naturais porque são percebidos por cada um em sua globalidade e parecem-nos evidentes. Ora, esses objetos naturais desapareceram do ensino; eles encontram-se retalhadas e dissolvidos não somente pelas disciplinas físicas e químicas, mas também pelas biológicas (posto que as disciplinas biológicas tratam de moléculas, genes, comportamentos, etc. e rejeitam a própria noção de vida, considerada como inútil); da mesma forma, as ciências humanas retalharam e ocultaram o humano enquanto tal, e os teóricos do estruturalismo chegaram mesmo à presunção de pensar que era preciso dissolver a noção de homem.
Esses objetos naturais são imediatamente identificáveis por qualquer adolescente. Eles correspondem a temas que estiveram todo o tempo presentes em nossos ensaios e poemas, a problemas que incessantemente foram colocados por nossa tradição cultural e que permanecem vivos. Eles correspondem às curiosidades naturais da criança e do adolescente e, aliás, deveriam permanecer como curiosidade também para o adulto. Com os “objetos” naturais, nós reencontramos as grandes perguntas que por todo tempo agitaram a consciência humana e que todo adolescente faz a si mesmo: quem somos, onde estamos, de onde vimos, para onde vamos? Nós revigoramos as interrogações que foram sustentadas por nossa literatura e nossa filosofia e que se encontram hoje alimentadas, enriquecidas e renovadas pelas grandes aquisições das ciências contemporâneas.
Enquanto fragmentado, o saber não oferece nem sentido, nem interesse, ao passo que, respondendo às interrogações e curiosidades, ele interessa e assume sentido.

* * *

OS SETE SABERES NECESSÁRIOS
À EDUCAÇÃO DO FUTURO

UNESCO.

Por iniciativa da UNESCO e de seu então Presidente, Federico Mayor, em 1999, Edgar Morin foi solicitado a sistematizar um conjunto de reflexões que servissem como ponto de partida para se repensar a Educação do próximo milênio.

1. Educação – Filosofia;
2. Educação – Finalidades e Objetivos;
3. Interdisciplinaridade e Conhecimento;
4. Interdisciplinaridade na Educação.

TÓPICOS FUNDAMENTAIS:

Sugeridos por Edgard de Assis Carvalho (PUC/SP):

1. A Educação do Futuro exige um esforço transdisciplinar que seja capaz de rejuntar ciências e humanidades e romper com a oposição entre natureza e cultura;
2. Proposta de um novo desafio cognitivo aos pensadores empenhados em repensar os rumos que as instituições educacionais terão de assumir;
3. Esforço comum de superar a inércia da fragmentação e da excessiva disciplinarização;
4. Mobilizar frentes de luta e formas concretas de ação que detenha a clausura e o enquistamento do Conhecimento, que atinge o Ensino em todas os seus níveis;
5. Buscar a Superação do “Grande Paradigma do Ocidente, disjuntor do sujeito e do objeto, da alma e do corpo, da existência e da essência.

Alguns Princípios Básicos:

- É preciso deixar-se contaminar pelo “princípio da incerteza racional”;
- Descobrir que a razão e a desrazão integram qualquer tipo de cognição;
- Resgatar a unidualidade do humano;
- Reaprender a rejuntar a parte e o todo, o texto e o contexto, o global e o planetário;
- Enfrentar os paradoxos que o desenvolvimento tecnoeconômico: globalizante de um lado e excludente de outro;
- Rerconhecer as novas formas de solidariedade e responsabilidade;
- Estimular a unidade da diversidade contras as tendências bestializadoras do pensamento único.


A Educação do Futuro deve ter como Prioridade ensinar a “ÉTICA DA COMPREENSÃO PLANETÁRIA”

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OS SETE SABERES NECESSÁRIOS
À EDUCAÇÃO DO FUTURO.

Objetivo da Obra:

APRESENTAÇÃO DOS PROBLEMAS CENTRAIS OU FUNDAMENTAIS QUE PERMANECEM TOTALMENTE IGNORADOS OU ESQUECIDOS E QUE SÃO NECESSÁRIOS PARA SE ENSINAR NO PRÓXIMO SÉCULO.

Há Sete Saberes “Fundamentais” que a educação do futuro deveria tratar em toda sociedade e em toda cultura, sem exclusividade nem rejeição, segundo modelos e regras próprias a cada sociedade e a cada cultura.

Lembrar: O saber científico sobre o qual este texto se apóia para situar a condição humana não só é provisório, mas também desemboca em profundos mistérios referentes ao Universo, à Vida, ao nascimento do ser humano. Aqui se abre um indecidível, no qual intervêm opções filosóficas e crenças religiosas através de culturas e civilizações.

OS SETE SABERES NECESSÁRIOS

I – As Cegueiras do Conhecimento: O erro e a Ilusão

II – Os Princípios do Conhecimento Pertinente

III – Ensinar A Condição Humana

IV – Ensinar a Identidade Terrena

V – Enfrentar as Incertezas

VI – Ensinar a Compreensão

VII – A Ética do Gênero Humano


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I – As Cegueiras do Conhecimento: O erro e a Ilusão

- A Educação que visa transmitir conhecimento não deve ser cega quanto ao que é o conhecimento humano: seus dispositivos, enfermidades, dificuldades, tendências ao erro e ã ilusão;

- Fazer conhecer o que é Conhecer;

- O Conhecimento não pode ser considerado uma ferramenta ready made , i. é, que pode ser utilizada sem que sua natureza seja examinada;

- O Conhecimento do Conhecimento deve aparecer como necessidade primeira, que serviria de preparação para enfrentar os riscos permanentes de errro e de ilusão, que não cessam de parasitar a mente humana. Trata-se de armar cada mente no combate vital ruma à lucidez;

- É necessário introduzir e desenvolver na educação o estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à ilusão;

II – Os Princípios do Conhecimento Pertinente

- Existe um problema capital, sempre ignorado, que é o da necessidade de promover o conhecimento capaz de apreender problemas globais e fundamentais para neles inserir os conhecimentos parciais e locais;

- A supremacia do conhecimento fragmentado de acordo com as disciplinas impede freqüentemente de operar o vínculo entre as partes e a totalidade, e deve ser substituída por uma modo de conhecimento capaz de apreender os objetos em seu contexto, sua complexidade, seu conjunto;

- É necessário desenvolver a aptidão do espírito humano para situar todas essas informações em um contexto e um conjunto. É preciso ensinar os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo.

III – Ensinar A Condição Humana

- O Ser Humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome o conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos;

- A Condição Humana deveria ser o objeto essencial de todo o ensino;

- É possível, com base nas disciplinas atuais, reconhecer a unidade e a complexidade humana, reunindo e organizando conhecimentos dispersos nas Ciências da Natureza, nas Ciências Humanas, na Literatura e na Filosofia, e põe em evidência o elo indissolúvel entre a unidade e a diversidade de tudo que é humano.

IV – Ensinar a Identidade Terrena

- O Destino Planetário do Gênero Humano é outra realidade-chave até agora ignorada pela Educação. O Conhecimento dos desenvolvimentos da Era Planetária, que tendem a crescer no século XXI, e o reconhecimento da identidade terrena, que se tornará cada vez mais indispensável a cada um e a todos, devem converter-se em um dos principais objetos da Educação;

- Ensinar a História da Era Planetária, que se inicia com o estabelecimento da comunicação entre todos os continentes no século SVI, e mostrar como todas as partes do mundo se tornaram solidárias, sem, contudo, ocultar as opressões e a dominação que devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram;

- Será preciso indicar o complexo de crise planetária que marca o século XX, mostrando que todos os seres humanos, confrontados de agora em diante aos mesmos problemas de vida e de morte, partilham um destino comum.

V – Enfrentar as Incertezas

OS SETE SABERES NECESSÁRIOS
À EDUCAÇÃO DO FUTURO.

I – As Cegueiras do Conhecimento: O erro e a Ilusão
1. O calcanhar-de-aquiles do conhecimento
1.1. Os erros mentais
1.2. Os erros Intelectuais
1.3. Os erros da Razão
1.4. As cegueiras paradigmáticas
2. O imprinting e a normalização
3. A noologia: possessão
4. O inesperado
5. A incerteza do Conhecimento

II – Os Princípios do Conhecimento Pertinente
1. Da Pertinência no Conhecimento
1.1. O Contexto
1.2. O Global (as relações entre o todo e as partes)
1.3. O Multidimensional
1.4. O Complexo
2. A Inteligência Geral
2.1. A Antinomia
3. Os Problemas Essenciais
3.1. Disjunção e especialização fechada
3.2. Redução e Disjunção
3.3. A falsa Racionalidade

III – Ensinar A Condição Humana