18 agosto, 2007

Licenciatura é Principal Mercado para Sociólogos

Lei obriga escolas de ensino médio a oferecer aulas de sociologia e filosofia.
Medida deve criar 15 mil vagas de emprego, segundo sindicato.

A partir deste segundo semestre de 2007, escolas de ensino médio de todo o país devem incluir conhecimentos de sociologia e filosofia em suas grades curriculares. A medida, prevista numa resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), deve gerar pelo menos 15 mil novas vagas no mercado de trabalho de quem se forma em licenciatura em ciências sociais, profissão tema do Guia de Carreiras desta semana.

A perspectiva da quantidade de empregos é do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo (Sinsesp). Segundo dados da entidade, atualmente, 10 mil licenciados em ciências sociais já dão aulas no ensino médio, e outros 2 mil na graduação. Antes mesmo da resolução do CNE, 17 estados no país já ofereciam aulas de sociologia a seus alunos.

De acordo com Lejeune Mato Grosso de Carvalho, vice-presidente do sindicato e professor universitário, desses estados, alguns contam com aulas só no ensino público e outros também na esfera privada. Na visão dele, as demais unidades da federação devem se adaptar à nova determinação até o início do próximo ano, pois teriam dificuldade de incluir uma nova disciplina no currículo no meio do ano.

A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, por exemplo, já está fazendo estudos para analisar se é viável a inclusão das disciplinas no ano letivo de 2008 ou se será necessário um prazo maior, segundo informou a assessoria de imprensa da instituição. A resolução de número 4, de 16 de agosto de 2006, previa que as escolas deveriam se adaptar à medida no prazo de um ano.

A resolução, no entanto, não determinou que carga horária as disciplinas devem ter, nem que conteúdo deve ser ministrado. Segundo o CNE, essas e outras questões devem ser regulamentadas por cada estado. “Outro problema é a falta de livros didáticos, pois só existem seis de sociologia no país”, diz Carvalho.

Segundo ele, em um encontro de sociólogos realizado recentemente, foi decidido que a categoria vai pedir ao Ministério da Educação (MEC) que seja criado um grupo de trabalho para discutir essas questões.

Formação e mercado

Além da licenciatura, o aluno também pode se graduar em bacharelado. Neste caso, para exercer a profissão, é preciso tirar o registro na Delegacia Regional do Trabalho. O Sinsesp estima que haja 40 mil sociólogos no país. Desses, 15 mil estão concentrados em São Paulo.

De acordo com os especialistas, o bacharel tem formação ampla e campo de trabalho bastante diversificado. Uma área que gera empregos, por exemplo, é a de pesquisas de opinião, de mercado e sociais, na qual o profissional planeja o levantamento, elabora questionários, analisa resultados, treina pesquisadores de campo, entre outras funções. A demanda por profissionais, segundo Carvalho, deve aumentar no próximo ano por causa das eleições para prefeitos e vereadores.

“A pesquisa é importante para as cidades contemporâneas porque elas requerem cada vez mais informações para se autogerarem”, explica o professor Tom Dwyer, presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Há também o trabalho na pesquisa científica principalmente em universidades e órgãos governamentais.

Outras áreas de atuação são as de políticas públicas, elaborando medidas que podem ser aplicadas pelos governantes, e o setor de planejamento urbano. Segundo especialistas, há ainda muitos sociólogos que atuam em assessorias de políticos e parlamentares.

Um sociólogo pode trabalhar também em sindicatos, fazendo pesquisas sobre o perfil da categoria, por exemplo; em reforma agrária, com assentamentos e áreas de conflito; na área de meio ambiente, com a elaboração de relatórios e estudos de impacto ambiental, avaliando relatórios e pareceres técnicos e conduzindo pesquisas e análises.

Há ainda a área de lazer e entretenimento, onde o sociólogo trabalha na produção de projetos para o governo, instituições da sociedade civil e organizações não-governamentais. O G1 entrevistou um profissional dessa área, o diretor regional do Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc-SP), Danilo Miranda.

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http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL84201-5604-8715,00.html

Gostar de ler é essencial para o sociólogo

Outro requisito é ter curiosidade sobre a vida social.
No país, há 73 cursos de ciências sociais e cinco de sociologia.
Ler e estudar são requisitos indispensáveis para ser um bom sociólogo, afirmam especialistas da área. Ter curiosidade sobre a vida social e como ela funciona também são características importantes para quem pretende seguir essa carreira.

“Tem que ter uma mente aberta, não pode ser uma pessoa que já tenha soluções para as coisas”, define o professor Tom Dwyer, presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Ele dá uma dica para os estudantes da área: “Carreguem com vocês um caderno para anotar as coisas estranhas que vêm pela frente e sempre estejam abertos a surpresas”.

Para quem quer faz licenciatura na área é importante ser extrovertido e bom comunicador, pois é preciso usar a linguagem como ferramenta de trabalho.

Curso

Segundo dados do Ministério da Educação (MEC) há 75 cursos de graduação em ciências sociais no país e outros cinco que se denominam sociologia. O curso, em geral, dura quatro anos, tanto o de licenciatura como o de bacharelado. Quem opta por fazer os dois pode apenas complementar os créditos na faculdade, estudando por mais um semestre ou um ano, dependendo da instituição.

Segundo o professor Arthur Trindade, coordenador do curso de ciências sociais da Universidade de Brasília (UnB), a grade curricular das duas formações difere em apenas 20%.

Nos primeiros períodos, o aluno tem aulas de matérias básicas como história, filosofia, economia e aprende conceitos de teoria social clássica e contemporânea. Nos dois anos finais, há disciplinas mais práticas como metodologia das ciência sociais, técnicas de pesquisa, sociologia política, sociologia da comunicação, tradições culturais brasileiras, entre outras. Nos cursos de licenciatura, o aluno tem também aulas de práticas de ensino.

Há faculdades que oferecem formação com ênfase em sociologia, em antropologia e em ciência política. A UnB, por exemplo, diploma seus alunos nas habilitações de sociologia ou licenciatura em ciências sociais ou ainda antropologia.

Já a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) oferece apenas a formação em bacharelado e licenciatura em ciências sociais. Segundo o professor José Augusto Rodrigues, chefe do departamento de ciências sociais da instituição, a maioria dos alunos, após concluir o curso, ingressa numa pós-graduação e decide em que área quer aprofundar seus conhecimentos. A maioria escolhe uma dessas três áreas: sociologia, antropologia ou ciência política.

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